domingo, 30 de setembro de 2012

FANDANGANDO


Cartaz confeccionado pelos alunos do Rogério Estevenel

                O professor caiçara Rogério Estevenel, neto da dona Gertrudes, natural da Praia das Toninhas,  tem-se dedicado a divulgar o Fandango Caiçara por onde anda. Em diversas ocasiões eu pude acompanhá-lo nessa empreitada. E sabe que o danado tem jeito mesmo!? Se estivesse no tempo antigo, diriam que ele “é de quebrar tamanco no fandango”.

                No mês de agosto ele desenvolveu uma Oficina de Fandango com adolescentes na escola do Saco da Ribeira.  Adoro ver como ele incorpora o papel de Mestre de Fandango. Os alunos também se envolvem muito, se divertem com a dança que é novidade, que destoa muito daquilo que faz parte do cotidiano deles. Concluíram com uma apresentação na quadra para toda a comunidade. Parabéns a todos!

                Em Ubatuba, os focos dessas danças e folguedos tradicionais são poucos. Eles estão, sobretudo, na porção Norte do município (Prumirim, Sertão do Puruba, Praia Vermelha do Norte). Talvez a justificativa seja devido ao contato tardio com o turismo. Sempre é bom relembrar que a rodovia (BR-101) passou por ali no final da década de 1970, alterando os costumes de subsistência de centenas de anos, onde o conjunto das danças (Ciranda, Cana Verde, Xiba etc.) era um importante componente cultural.

                Tais fandangos constituíam a parte “profana” dos festejos caiçaras, onde as moças e rapazes até se tocavam nas mãos. Desses momentos nasciam as relações permanentes que traziam novos caiçarinhas ao mundo.

                Hoje, percebemos que o município, devido a falta de investimentos culturais, vive uma crise no setor. Não é preciso muito para reverter o quadro. O ensino de tais danças e folguedos, que custaria quase nada, seria uma alternativa de superação. E, num futuro bem próximo, retomar uma identidade capaz de gerar muitos dividendos em eventos de Norte a Sul, dando destaque àquelas comunidades que se seguraram até agora fandangando.

                Isto eu chamo de apostar numa síntese das culturas caiçara e migrantes. O Rogério, o Julinho, o Dito Fernandes e mais alguns caiçaras têm muito a nos ajudar nisto.

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