terça-feira, 4 de setembro de 2012

CAMINHO DO PIABIRU


Laudelino Mesquita viveu como pescador e roceiro.

                Ao encontrar um documento antigo, onde o meu pai, no segundo ano escolar, com outros  – poucos! – foi promovido, me deparei com um termo diferente.  Trata-se da classificação de conservado para os alunos retidos. Engraçado, né?

                Naquele tempo tinha um exame final. As provas, que davam a comprovação de promovido ou conservado, eram aplicadas por outra autoridade. O mestre do cotidiano só ficava na assistência.  Ah! Isso era o ano de 1949, na Escola Masculina da Maranduba. A professora substituta era Nelly Maria Alves de Melo. Alguém sabe mais sobre ela, quem são seus familiares etc.?

                Dei essa introdução só para que entendam outro assunto: o Caminho do Piabiru. É que, olhando a lista dos colegas do papai naquele tempo escolar, me recordei do Caetano da Ponta Lisa, no caminho que conduz ao Saco das Bananas. Foi no terreiro dele, numa roda de prosa, por volta de 1980, que alguém citou o velho Laudelino Mesquita.

                De acordo com a prosa, o Laudelino, que na época já era falecido, descendia de um caminhante do Piabiru. Ao especular mais do assunto, fiquei sabendo de história de muito tempo. “Do tempo d’ante”!

                Pelo que eu entendi, o Caminho do Piabiru era em São Vicente. Ou melhor: saía desta cidade, na Baixada Santista, e seguia para os sertões. Até juraram pelo defunto: “Era um caminho que atravessava o Brasil inteiro e outros países, chegando no outro lado, onde também tinha mar”. Quem lhe afiançava isso era o seu pai que escutou de seu avô. Este transmitia uma história de família, do tempo onde um dos antigos Mesquita fez parte de um grupo que entrava pelos matos para capturar índios e vender como escravos. Deduzo então que, de andanças em andanças, assim veio parar na costeira da Ponta Lisa um descendente de caçador de índios, do tempo do Brasil Colonial.

                Portanto, a oralidade é uma importante fonte histórica. Só que ela exige técnicas diferenciadas que permitam reconstituir o passado.

                Questão: nós temos noção da importância dos mais velhos para ativar o passado às novas gerações?

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