sábado, 22 de setembro de 2012

A FIBRA DO NHONHÔ (II)


Chegou a primavera. Viva a natureza!

                A respeito da história da comunidade da Praia da Fortaleza, lugar da mamãe, do Nhonhô Almiro e de tantos outros, darei agora, com a ajuda das lembranças do tio Salvador, a continuidade.

                Após a construção da Capela São João Batista, em 1940, era preciso mantê-la em ordem, com as condições apropriadas para acolher e abrigar os devotos. Lugar assim Sempre tem os constantes reparos, os utensílios e os materiais de consumo comuns no contexto religioso. Para conseguir isso, Nhonhô se valia de alguns expedientes, principalmente das festas juninas em honra a Santo Antonio e São João. Elas marcaram época!

                As festas da capela eram bem concorridas, vinha gente de todo lugar. Após a liturgia regular aconteciam os leilões. Saber o que tinha como prendas era curiosidade de todos. Arrematá-las já era outra coisa. Só depois de tudo arrematado é que todos, sobretudo os jovens, acorriam para o lugar do bate-pé, do baile.

                Com a finalidade de angariar prendas, o Nhonhô fazia o mesmo que nas andanças para a construção da capela: ia de casa em casa, andava por outros lugares e, no comércio do centro da cidade, recebia as mais variadas e valiosas. Estava garantido o  sucesso dos leilões (e das festas)! Após isso, o abnegado e devoto caiçara da cepa dos Mesquitas (Observação: deste ramo e dos Amorim vem a nossa descendência árabe) pedia que tudo fosse registrado. Uma perfeita contabilidade, seguida por prestação de contas à comunidade, atestava a honestidade do homem. Porém, há sempre alguém que, por inveja, levanta calúnias. Desgostou-o, numa ocasião, uma intriga de que ele tinha casa de telha porque usava verba da capela. Ao seu afastamento, os trabalhos foram tocados por seu irmão Maneco Armiro e sua esposa Ana.

                Conclui o tio Salvador:

                “Naquele tempo de muita pobreza a gente via que as pessoas tinham fé. As palavras bíblicas serviam de orientação à vida. Desse modo educaram os filhos, se orientaram em seu dia a dia. Resultou no tipo de comunidade que nós vivemos até há pouco tempo. Era pouca gente, todos se conheciam e praticavam a caridade”.

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