sábado, 31 de dezembro de 2016

FIM DE ANO

        
Tio Neco



        Estive fazendo umas visitas com o Estevan. É um ritual pessoal, agora compartilhado com o meu querido filho. Primeiramente tomamos café com o estimado Tio Neco. Depois uma entrega especial à mana Ana. Em seguida, fui apresentar ao primo Elias o Estevan; ouvimos um pouco de música em seus solos de cavaquinho. Na próxima ocasião devo registrar a Música do Irmão Cláudio, a Sardinha Arenga e O galo da praia.  Aproveitei para rever a velha rabeca do seu finado pai. Raridade! Eu me comprometi, na próxima semana, levá-la para uma restauração. São nossas raízes caiçaras que se manifestam nesses pequenos traços culturais. Espero que, apesar da correria da vida, não nos esqueçamos de nossas raízes.

          Que 2017 seja cultivado para gerar mais felicidades, principalmente junto à minha família (Gláucia, Estevan e Maria Eugênia) e  aos demais parentes e amigos.

          Um grande abraço a todos que preencheram de bens, de coisas boas, a minha vida em 2016.

           Parabéns à querida Tia Marilda! Parabéns ao amigo Jorge Ivam! 

            E, para encerrar, que tal uma poesia de Cezar Prates, classificada no concurso de poesias de 1986 da Fundart, em Ubatuba?

POBRE

Pobre não é aquele que não possui riquezas materiais
Pobre não é aquele que mora numa choupana
Pobre...
...é que tem a alma gasta
O espírito plebeu
E que nunca tenta algo melhor;

Que não sonha.


Pobre é aquele que tem um sonho
Mas que não vive, a ponto de lutar
Para que se torne realidade.
Pobre...
...é aquele homem que desiste de tudo
Porque tem medo de perder...
...antes mesmo de tentar.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

ESPÍRITO DE SOLIDARIEDADE

Praia do Itaguá (Arquivo JRS)

               Saio bem cedo para uma caminhada. “Corpo e cabeça precisam de exercícios”. Na praça, perto da minha casa, um grupo de trinta ou mais jovens ainda não encerraram a madrugada. São moças e rapazes contentes, mas logo devem se retirar para suas casas para outras comemorações em família.  Seguindo a rua principal encontro os frequentadores habituais, de hábitos noturnos: conversam, bebem e fazem outras coisas que preenchem a rotina. Eles me reconhecem. Uma garota, ex-aluna há muitos anos, comenta com os amigos: “José Ronaldo foi o melhor professor de História que eu tive”. Aceno-lhes com a mão; sou-lhe grato no silêncio das passadas. “Seja feliz, Carlinha”. Mais adiante apenas digo "olá" ao vigia do posto de gasolina. “Logo mais irá descansar, espero”. Já na rodovia, de longe avisto duas pessoas: um está sentado na calçada; outro, sobre a bicicleta, segura um aparelho, um celular. São jovens como os demais que encontrei neste amanhecer. Quando me aproximo, o da bicicleta fala: “Ele está passando mal, já telefonei para o socorro. Disseram que só tem uma ambulância trabalhando. Vou aguardar. Mas eu não o conheço”. Então reparo que o outro não estava bem, tinha uma das mãos sobre o coração, sentindo dores. É o que eu chamo de solidariedade. Que ação significativa no amanhecer deste dia! Mais uma oportunidade para refletirmos sobre o sentido ético desses jovens!
               A juventude ameaça o sistema político podre. Ela representa o principal perigo às velhas raposas que “cuidam” do Brasil. Talvez seja por isso que a mídia dá enfoques tão negativos às ações juvenis. A mídia é dessas raposas! E tem tanta gente que acredita que tudo pode ser apreendido em uma só visão! Miserável é o “cabeça gorda”, o “sem-noção”. Disse Jesus: “Sempre os tereis entre vós”.

               Em 2017, eu quero escutar, aprender mais, crer que “uma geração não é feita de idades e sim de afinidades” conforme escreveu alguém. E espero continuar escrevendo, principalmente pelo prazer de escrever, me inspirando em Mário de Andrade que disse: “Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição”. A todos que alimentam esse espírito solidário eu desejo um feliz 2017.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

REENCONTRO



Quarenta e cinco anos depois... Em Bom Jesus de Itabapoana - 15/11/2016 (Arquivo Silvana)

        "Gostaria que você descrevesse sobre o reencontro com o tio, o reencontro de vocês".


Boa tarde José Ronaldo!

    Peço desculpa pela demora, mas os dias foram apertados pois estava na correria do casamento do meu filho e as aulas na faculdade. Espero que ainda dê tempo.
                                           Um grande abraço!   
Eu e Seo Zé - junho 2016 (Arquivo JRS)



          No mês de junho deste ano, trabalhando na escola (CEEJA - Massaguaçu), conversei com o Seo Zé (José Luciano da Silva) e soube que, há mais de quarenta anos perdeu o contato com os familiares, da cidade de Bom Jesus de Itabapoana (RJ). Pedreiro de profissão, agora aos 79 anos aposentado, morador de Caraguatatuba, sentiu que podia confiar em mim e, de alguma forma, percebeu que eu faria de tudo para ajudá-lo a restabelecer os laços familiares. Apelei aos recursos tecnológicos. E os contatos aconteceram: primeiro foi a sobrinha Silvana e a filha Ederlaine. Que alegria! Enviei fotos, recebi fotos, mostrei ao Seo Zé. Então... eles se programaram e a visita dele à terra natal aconteceu no feriado de 15 de novembro.

                 As linhas a seguir foram escritas pela Silvana, sua sobrinha, a respeito desse reencontro:


          Como descrever um momento tão emocionante e marcante como esse!
            Quando soube do seu aparecimento, confesso que não acreditei. E que depois de tanto tempo longe, poderia reencontrá-lo!  Foram tantos anos sem sua presença. Eu tinha apenas 2 anos quando ele se foi! 
          Para todos um vazio, uma falta... Algo apertando dentro da gente.
              Mesmo na saudade, você não foi ausente em nossa mente nem no coração. Quando se ama de verdade, fica no coração, eternamente....
              A minha adolescência passei ouvindo falar de você e agora finalmente tive a oportunidade de lhe ver e abraçar! Contei cada minuto e segundos para a sua chegada e esse dia finalmente chegou!
         Foi um misto de emoções! Nosso reencontro foi marcante e muito especial. Pude ver nos olhos de cada irmão, sobrinhos e outros familiares a felicidade ao revê-lo. 
           Como conter as lágrimas? Impossível em ver tamanha emoção!
          Saudade é uma palavra que explica tudo, é no peito que sentimos e não mais que isso, apenas saudade…
          A espera terminou e pudemos enfim nos alegrarmos com sua presença.
     Sorrisos, abraços e lágrimas fizeram parte desse reencontro tão esperado, que por vários anos ficaram contido em nossos corações. 

          Enfim, seja bem - vindo Tio José!  


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

SÓ AS PALMEIRAS SÃO AS MESMAS

            
Roteiro turístico publicado em 1951

Meu enfoque (Arquivo JRS)

Sr. Igawa registrando o centro da cidade (Arquivo Igawa)


             Escolhi três imagens da mesma esquina (Condessa de Vimeiro com Salvador Correia, na Praça da Exaltação da Santa Cruz, "Praça da Matriz"), distantes no tempo: a primeira em 1950, a segunda destes dias de 2016, a terceira de 1960. Na mais antiga, na parte mais clara, bem na esquina, funcionava o Hotel Ubatuba, sob os cuidados do Alexandrino e da Idalina Graça. Só mais tarde, quando havia o risco de desabamento, eles se mudaram para a esquina seguinte, onde hoje é o Bardolino. A mais nova, substituindo um comércio na esquina e o antigo Cine Iperoig, é um edifício que teve uma justificativa como Centro do Professorado (municipal), mas fazendo uso de pouco bom senso, virou um teatro (espremido, sem área de estacionamento etc.). Desconfio que sei quem foi o causador desse desperdício de dinheiro público.
                A  terceira foto, do Arquivo Igawa, mostra um grupo seleto em frente ao mesmo local, em 1960, onde estava o moderníssimo cinema. Já tínhamos energia elétrica, telégrafo... mas os edifícios de até quatro andares ainda não ocupavam a avenida Iperoig, os rios eram limpos e o carroceiro Modesto dava conta de recolher o lixo produzido na pequena cidade de Ubatuba. As praias mais badaladas eram Perequê-açu e Itaguá. E os turistas eram chamados de veranistas.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O MESTRE DA MOTTA

Sérgio da Motta e eu (Arquivo JRS)

Mestre Da Motta e Estevan (Arquivo JRS)

               Em meados da década de 1970, morando na praia do Perequê-mirim, eu tinha como vizinho o Mestre Sérgio Pio. Seus trabalhos, seus entalhes em madeira me impressionava muito. A sua barraca, o seu atelier, era na costeira, perto do sítio Promontório, quase na Pedra do Alçapão, um maravilhoso pesqueiro de garoupa, antes de chegar à praia Brava do Hermínio, hoje nomeada erroneamente de praia do Lamberto. No final desta mesma década conheci, na escola “Deolindo”, em Ubatuba, um pessoal bem legal. Sérgio, Paulo, Augusto, Daniel... filhos do Mestre Da Motta, um escultor da praia do Perequê-açu. Eu e Augusto estudamos na mesma série. Seu companheiro inseparável era o “Cabecinha”. Juntos com Osmara formavam um agradável trio. Bons tempos das “cocotinhas”! Nessa mesma época acompanhei as exposições do Mestre Bigode, um caiçara do Ubatumirim, com traços bem característicos nas esculturas mínimas e máximas. Que traços naqueles santos de dois centímetros de tamanho! E – pasmem! – por intermédio da saudosa Dona Leonor fiz os primeiros contatos com o Mestre Jacob! Resumindo: Pio, Da Motta, Bigode e Jacob me influenciaram muito, me despertaram para as figuras que parecem querer sair da madeira. Um pouco mais tarde um escultor da geração nova: Luís, o autor das Duas Toninhas, da Via Sacra da Igreja São Francisco etc. Enquanto isso Sérgio e o finado Dani caminharam sob inspiração do pai (Da Motta).

               No domingo passado, passando por ali, na avenida Félix Guisard, 348, mostrei para o meu filho, pelo portão fechado, o atelier do Da Motta. Depois de tantos anos, ainda não consigo deixar de me emocionar. Quantas já peças comprei no Bazar do Compadre, nas mãos do estimado Adão, para presentear pessoas queridas! As cenas caiçaras com seus coloridos continuam me encantando! Nisso, quando explicava emocionado ao meu filho Estevan, uma senhora sorriu e nos convidou a entrar. Disse: “O meu sogro saiu, foi até a cidade, mas o meu marido, o Sérgio, já está chegando. Fiquem à vontade”. Que maravilha essa acolhida caiçara! De fato, logo o Sérgio chegou. Nos abraçamos depois de tantos anos. E aí fomos conversando, nos deslumbrando com as ferramentas, as peças começadas e as já prontas. Soube que o pai se recupera de um tratamento. “O coração dele nos deu um susto! Agora, aos 85 anos, já está bem. Tá andando por aí!”. Por fim nos despedimos porque ainda tínhamos quase uma hora e meia de caminhada. Ao atravessar a ponte, vindo na maior tranquilidade, avistei o querido Mestre Da Motta. Que prazer! “Uma foto, querido Estevan, porque poucos têm esse privilégio!”.


               Bigode e Jacob já se eternizaram por suas artes, deram notoriedade à comunidade do Perequê-açu. Longa vida ao Mestre Da Motta! Que Sérgio, Luís e os mais novos conduzam honradamente seus talentos!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O ESTUDO NO CADERNO DE HAMAKO


Manzarrata: você já comeu? (Arquivo JRS)

                 Estamos finalizando mais um ano letivo, com previsões sombrias para o próximo devido à lei que suprime algumas disciplinas do Ensino Médio, sobretudo aquelas que mais contribuem para o aperfeiçoamento da cidadania. Estou me referindo à Filosofia e Sociologia. Recorrendo a tais expedientes é que uma minoria consegue se manter dominando uma maioria, implantando um modelo de sociedade espoliadora, destruidora do meio ambiente e fazendo crer que apenas o consumismo (o ter) garante a felicidade. Acabei de chegar do Horto Florestal, da Fonte da Amizade que fica dentro da Estação Experimental. Para quem não sabe, a fonte é num pequeno morro rodeado de plantas, aves etc. Só o fato de estar ali já experimentamos uma paz. De repente, alguém que chegou de carro diz: "Por que essa água não é canalizada até a beira do asfalto, facilitando a vida da gente?". Não resisti: "Porque as pessoas não valorizam aquilo que está muito fácil. O legal é fazer esse mínimo esforço, sentir esse perfume do ar, escutar esses sons e fazer amizades. Tomara que continue aqui essa água!". Acho que a Dona Hamako concordaria comigo. Até diria: "Felicidade é isso, Zé!".

       O estudo
               Estudar japonês era muito bom porque o professor só falava em japonês. A hora de aprender o brasileiro era tão difícil! Nem eu e nem meus amigos sabiam falar o português. A professora falava, mas ninguém estava entendendo nada.
               A Matemática era fácil para mim e meus colegas porque aprendíamos nas aulas de japonês. História, Geografia, Ciências e outras matérias a gente decorava tudo, todas as palavras e letras, porque a gente não sabia trocar as palavras. Por exemplo: bonito, lindo.
               A professora falava para formar as sentenças com gato, cachorro e todos os animais. Se ela falasse que os gatos pegam os ratos, assim a gente escrevia, não mudava uma palavra porque não sabia escrever.
               As nossas brincadeiras era só falando em japonês.
               Na escola não tinha diretor porque era uma escola mista. De vez em quando a professora falava: “Hoje vem o inspetor, por isso vocês não podem falar a língua japonesa”. A gente ficava quieta.


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