tag:blogger.com,1999:blog-26464902914741919112024-03-18T16:48:03.102-07:00COISAS DE CAIÇARAJosé Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.comBlogger2025125tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-25941136789825217782024-03-15T02:17:00.000-07:002024-03-16T01:48:25.644-07:00TEMPEROS PARA O VIVER<p> </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaTow0nAF480-nuqqstk8AevqaKFtx6ikcIhOvxY7lzbxgSGeihwA_h_7EMDP8kPfhc6aMM9fQbt4guLqjGRok3opokvVa-2b8INU_Q3nRL2kjdocuBPlxcr4VwG3WORTtHtdHYNej-sg5A-8Cs5hIli0nEvKd3AH5-Iefa5YsJucOkUAvaUrSxaAlPYY/s3264/20231229_183719.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3264" data-original-width="2448" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaTow0nAF480-nuqqstk8AevqaKFtx6ikcIhOvxY7lzbxgSGeihwA_h_7EMDP8kPfhc6aMM9fQbt4guLqjGRok3opokvVa-2b8INU_Q3nRL2kjdocuBPlxcr4VwG3WORTtHtdHYNej-sg5A-8Cs5hIli0nEvKd3AH5-Iefa5YsJucOkUAvaUrSxaAlPYY/w300-h400/20231229_183719.jpg" width="300" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Temperos - Arquivo JRS</td></tr></tbody></table><br /><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Diante de acontecimentos políticos recentes, voltei a pensar no descaso para com a Educação e Cultura. Qual sociedade evolui com ignorância? E retomei a poesia de tempo atrás:</span></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p><span style="font-size: large;">Esta ideia mal resolvida</span></p><p><span style="font-size: large;">Essa gente má</span></p><p><span style="font-size: large;">Mistura de milicianos</span></p><p><span style="font-size: large;">E fanáticos crentes</span></p><p><span style="font-size: large;">Cimentados com ignorância</span></p><p><span style="font-size: large;">E ruindades em geral,</span></p><p><br /></p><p><span style="font-size: large;">É, este país vai mal!</span></p><p><br /></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Há muitos fatos que abalam, modificam culturas, podendo até fazer com que desapareçam. Por esses dias, recebendo notícias das posições políticas mais reacionárias no Brasil e no mundo, vou chegando à conclusão que modernidade desaba. É triste perceber que a racionalidade está sofisticando a violência, dando retoques nos requintes de crueldade e, pior, disciplinando os mais fracos para isto: ser contra eles mesmos. O que ocorre é uma alteração da vontade de vida que se encontrava nas culturas originárias. Eu, enquanto pertencente à cultura caiçara, não quero tal modelo de sociedade. Portanto, devo me agarrar às minhas raízes, continuar aprendendo com diversos aspectos da diversidade cultural que me rodeia, me fazer "dono do sim e do não diante da infinita beleza" que é esta Terra, conforme escreveu a filósofa Viviane Mosé. Eu tenho a convicção de que as pessoas amigas, a Educação e a Cultura podem me guiar nesse empenho de preservar a Vida.</span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-42378372222986364042024-03-07T01:48:00.000-08:002024-03-07T12:20:37.113-08:00ONDE ESTÁ A VIDA?<p> </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVUXyV9vz58BGjx0LZb1UbAM_dtdO5jyM56cNgXxOHFAGPZDdvwzhlvsM5LZka5SEjSWlGdROUkNrEaQhlCmRhe0g3eTmWAPKA_XzI5ekNaSPSja9nWUZ-CLaagX1YeYt4uJ2d5yGtyWLv5OXzn7wTXiEKWsKPOe40H7VwQ1jHEty-mhuO1t0RhrGFCos/s1024/100_6010.JPG" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1024" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVUXyV9vz58BGjx0LZb1UbAM_dtdO5jyM56cNgXxOHFAGPZDdvwzhlvsM5LZka5SEjSWlGdROUkNrEaQhlCmRhe0g3eTmWAPKA_XzI5ekNaSPSja9nWUZ-CLaagX1YeYt4uJ2d5yGtyWLv5OXzn7wTXiEKWsKPOe40H7VwQ1jHEty-mhuO1t0RhrGFCos/w400-h300/100_6010.JPG" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mar bravo - Arquivo JRS</td></tr></tbody></table><br /><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> O mar estava tentador para quem adora a energia das ondas. Muitas pranchas ilustravam aquele azul que sumia de vista. O sol castigava. O adolescente Juninho estava entre aquelas pessoas que aproveitavam as imensas ondas.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Surfar é coisa relativamente nova em Ubatuba, de meados da década de 1970. Naquele tempo apenas a Praia Grande servia à prática desse esporte, pois a rodovia BR-101 (Ubatuba-Paraty) ainda não se completara para revelar a famosa Itamambuca e outras do lado norte do município. Pouca gente tinha condições para adquirir prancha naquela época. Também eram poucos os admiradores do novo esporte. Prazer era tomar banho de mar, pegar jacaré (descer na onda usando apenas o corpo), jogar futebol na areia e paquerar. Ouso dizer que, dentre aqueles surfistas, poucos eram destemidos. Assim, em dias de fortíssimas ondas, a maioria ficava na areia. Eram denominados de "paneleiros". Os bermudões floridos/coloridos marcaram época. O jovem da nossa história não era desse tempo. A sua prancha era de isopor.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Os pais de Juninho, migrantes, eram caseiros, tomavam conta de uma mansão que ocupava parte do morro e da costeira de Praia Vermelha, a Vermelhinha. Naquele dia distante ele deixou a água para nos acompanhar. Os lábios sangravam porque, para quase todo mundo, protetor solar era algo desconhecido. Logo estávamos no acesso à casa. Um remanso na costeira revelava mariscos (mexilhões) e tantas outras iguarias que o mar oferece aos povos litorâneos desde os primórdios. Eu fui catando os maiores, sobretudo mariscos e saquaritás. Qual caiçara desprezaria esses frutos do mar? Com certeza seria um reforço no almoço que a pobre senhora nos ofereceria. Fui chegando, cumprimentado a mãe e filhos menores. O pai estava ausente, fazendo uns "bicos" para melhorar as condições de sobrevivência da família. Notei que a parte elétrica na área que abrigava aquela gente estava feia, bem arruinada. Pensei: "Sabe quando o patrão vai se importar com isso? Nunca!". Então decidi: enquanto proseava eu iria fazendo os reparos possíveis. Era o mínimo que eu poderia retribuir pela acolhida e aprendizado com aquela família. Hoje o Juninho é um profissional de renome na comunicação, na propaganda. Trabalha há anos na capital paulista. É migrante lá, assim como os pais que se mudaram para Ubatuba há décadas. Tempos atrás eu o encontrei num supermercado, estava desfrutando de um feriado prolongado. "Faço isto sempre que posso, Zé. Não perco nenhuma oportunidade. Foi aqui que me fiz e é aqui que me refaço para enfrentar o cotidiano na cidade grande". Resumindo: aquele adolescente radiante de outrora, fruto de uma educação/vivência no território/cultura caiçara, continua do mesmo jeito, animando a gente. Me pergunto agora: quantas pessoas reconhecem uma dívida para com a natureza e cultura desta cidade, desta Ubatuba?</span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-42238937271906503812024-03-06T01:08:00.000-08:002024-03-10T14:21:25.013-07:00REINO DA DELICADEZA<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR-DMJUpmsBv8cuiF0zVe0vi3qg61vNtTkIMPZsJA-Z96lKGyoHQXUrVK3VDGAZ6-XmDLZtiyN4ki2r7d7avLipszlm1GjbYh0tNVKvi35v7In465_0CwhhDXHof7PBbP5dRCdLpvfQ1BOoCGBJIkBG7yu386v2WyyzVDCo2Hz6auQJytjsxeeVDTS8iI/s1024/SAM_2721.JPG" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1024" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR-DMJUpmsBv8cuiF0zVe0vi3qg61vNtTkIMPZsJA-Z96lKGyoHQXUrVK3VDGAZ6-XmDLZtiyN4ki2r7d7avLipszlm1GjbYh0tNVKvi35v7In465_0CwhhDXHof7PBbP5dRCdLpvfQ1BOoCGBJIkBG7yu386v2WyyzVDCo2Hz6auQJytjsxeeVDTS8iI/w400-h300/SAM_2721.JPG" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bromélia - Arquivo JRS</td></tr></tbody></table><br /><p><br /></p><p><span style="font-size: large;">Um cipó e sua flor roxa,</span></p><p><span style="font-size: large;">Passarinho preto me visitando,</span></p><p><span style="font-size: large;">Vento balançando tudo.</span></p><p><br /></p><p><span style="font-size: large;">Galo cantando desde a escuridão,</span></p><p><span style="font-size: large;">Sons agradáveis (de longe e de perto),</span></p><p><span style="font-size: large;">Coração que não é mudo.</span></p><p><br /></p><p><span style="font-size: large;">Aromas pelos caminhos,</span></p><p><span style="font-size: large;">Saudades de gente amiga,</span></p><p><span style="font-size: large;">Bebês chegando sob encanto.</span></p><p><br /></p><p><span style="font-size: large;">Maria Cecília, Miguel... </span></p><p><span style="font-size: large;">Novas esperanças e alegrias:</span></p><p><span style="font-size: large;">Sonhos de acalanto.</span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-22341721510531535482024-03-01T16:50:00.000-08:002024-03-11T04:31:57.663-07:00UMA TRADIÇÃO<p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> </span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7PBV_93hQfd8J7l9MEfYMjvfc-Oix1EuKamPoUeyn1rXZIiA47QROrRfIGNoeqNWgjiafHW3JoiWJZ0xjhI1Lb5RqYEUnu7ArpS8rbmt-5CD_M1Jii9TK7soywGzqtA_EwnXfk3GWZN064HKqp4vwIm3OCtREF4DVuy9zsy-lbdgWKn7lDbSYPtOGsNM/s1600/afe6c8d8-44a7-484b-af41-f68f784ccfc7%20(1).jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7PBV_93hQfd8J7l9MEfYMjvfc-Oix1EuKamPoUeyn1rXZIiA47QROrRfIGNoeqNWgjiafHW3JoiWJZ0xjhI1Lb5RqYEUnu7ArpS8rbmt-5CD_M1Jii9TK7soywGzqtA_EwnXfk3GWZN064HKqp4vwIm3OCtREF4DVuy9zsy-lbdgWKn7lDbSYPtOGsNM/w300-h400/afe6c8d8-44a7-484b-af41-f68f784ccfc7%20(1).jpg" width="300" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Um galho no telhado - Arquivo JRS</td></tr></tbody></table><span style="font-size: large;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> <span style="font-family: Calibri; text-align: justify;">Um novo dia vem se anunciando. Refleti durante o repouso o quanto as pessoas são dominadas, usadas para que terceiros continuem se aproveitando delas. As pressões são diversas, desde as discretas mensagens revestidas em roupagens sagradas até o uso da força bruta, ameaças de demissões, de perda de “benefícios” etc. Assim é este mundo: está fortemente baseado no princípio de que a satisfação de alguns é resultado da desventura de outros. Neste momento em que muita gente já está em busca de um alimento para a manhã que vem enxotando a noite, me recordei de uma tradição do meu finado pai.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-char-indent-count: 1,5000; text-align: justify; text-indent: 15,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"> Papai fazia de tudo um pouco, mas era carpinteiro. Eu e meus irmãos aprendemos um pouco convivendo nas obras, acompanhando seus trabalhos. Ele tinha seus rituais na realização das tarefas, mas deixava que os filhos, por teimosia, fizessem coisas diferentes, adotassem outros procedimentos. Ou seja: a gente aprendia com ele, mas ele também adquiria outros pontos de vista com a ousadia dos mais novos. A tradição a que me referi era a inauguração da cobertura de casas. Estranho? Nada! Explico: após colocar a última telha sobre o madeiramento, ele ia até o mato mais perto, cortava um considerável galho de árvore e pregava na cumeeira da casa. Ficava vistoso, chamava a atenção aquele galho verde no alto. Estava inaugurado o telhado. Ele dizia que era uma maneira de pedir a proteção da casa. Muitas pessoas da cultura caiçara ao verem aquilo sabia do que se tratava. Aquele galho permaneceria no alto por ao menos uma semana, quando perderia as folhas. Até hoje não sei de onde veio esse ritual, mas sigo repetindo-o por acreditar na mensagem, por lembrar do meu pai e por gostar dessa tradição. </span><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-char-indent-count: 1,5000; text-align: justify; text-indent: 15,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><span style="font-size: large;"> </span></span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-42114403072890427072024-02-22T01:20:00.000-08:002024-02-22T01:20:47.685-08:00PENSANDO ENTRE TIJOLOS<p><br /></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><span style="font-size: large;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqEu40NpO_ypqJRf3HRJh55qT1cKtbsEfPC9woiONIdYKl7IayAqVZtLMjyPRjd030hNvKnBUIQ9TuIe190CUNEHrUGYeg8zHhblUvLAvm1vGH-tGsiPKvpiWmfxHN05aWxHZBflcekdGKhwmJNSejUTrKfXbjTX4Ws3q4k3ljGlm-0skKQXyWl4eeXHE/s1108/10c.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="607" data-original-width="1108" height="219" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqEu40NpO_ypqJRf3HRJh55qT1cKtbsEfPC9woiONIdYKl7IayAqVZtLMjyPRjd030hNvKnBUIQ9TuIe190CUNEHrUGYeg8zHhblUvLAvm1vGH-tGsiPKvpiWmfxHN05aWxHZBflcekdGKhwmJNSejUTrKfXbjTX4Ws3q4k3ljGlm-0skKQXyWl4eeXHE/w400-h219/10c.png" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Domingos da Sete Fontes - Arquivo Memória</td></tr></tbody></table><br /></span></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="mso-char-indent-count: 1,5000; text-align: justify; text-indent: 15,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"> Eu estava na obra até agorinha mesmo assentando tijolos. A colher de pedreiro, o prumo e o nível são importantes instrumentos nessa etapa. De repente me deparo contemplando o nível. É de ferro, pesado, grande. Bem antigo. Nunca tinha visto um igual até aquela data, há alguns anos, quando o recebi de presente da amiga Mirtes Harumi Honda. </span><i><span style="font-family: Calibri;">“Pertenceu ao meu querido pai. Acho que estava com ele desde os primórdios, quando chegou do Japão. Agora é seu”.</span></i><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"> Outros muitos presentes (molinete, martelo etc.) aceitei com muito carinho naquele dia, quando a estimada Mirtes estava se mudando de casa.</span><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="mso-char-indent-count: 1,0000; text-align: justify; text-indent: 10,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p align="justify" class="MsoNormal" style="mso-char-indent-count: 1,5000; text-align: justify; text-indent: 15,0000pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"> A história do Sr. Honda eu guardei apenas em partes. Soube que era um exímio calígrafo, função muito respeitada na sua terra natal. No Brasil se tornou comerciante. Tive o prazer de apreciar seus fragmentos de textos, suas mensagens que ocupavam espaços em sua residência, no centro da cidade de Ubatuba. Admirei suas esculturas, escutei suas aventuras e aprendi muito das suas paixões. Devotado à família, juntamente com a esposa (Dona Hamako), educou magistralmente seus rebentos. Em Ubatuba, pescou muito pelas costeiras sempre acompanhado pela fiel companheira, cuja honra eu tive em transcrever as memórias, sob o título </span><u><span style="font-family: Calibri;">O caderno de Hamako</span></u><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">. Agora, olhando esse instrumento, imaginei o Velho Honda ali, fazendo comentários, segurando aquela peça, dizendo dos trabalhos que realizou, se sentindo feliz por eu tê-la recebido. Talvez até dizendo que eu herdei traços de sua personalidade que acompanham seus instrumentos. Eu acredito nisto e creio que faz parte da mística caiçara. É assim que vamos conhecendo o mundo. Já escreveu o filósofo Nietzsche:</span><i><span style="font-family: Calibri;"> <span style="font-family: Calibri;">“O homem conhece o mundo à medida que se conhece: a sua profundidade desvela-se-lhe à medida que se espanta de si próprio e de sua complexidade”. </span></span></i><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">Portando, olhar, admirar, imaginar os momentos que alguém viveu ao utilizar ferramentas, máquinas etc., me leva a contemplar a grandiosidade da humanidade, de acreditar que grande parte dela sustenta profundas esperanças capazes de reorientar nossas vidas e de garantir a vida dos demais seres que compartilham deste planeta.</span></span><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-74894965062946703712024-02-20T01:58:00.000-08:002024-02-20T01:58:50.389-08:00NAS ALTURAS<p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> A Mantiqueira está verdejante. A Serra do Mar está depois do Vale do Paraíba. O mar está longe. Por todo lado a classe trabalhadora dá a dinâmica da sociedade humana. Há uma grande massa que se movimenta desde a madrugada, que dá vida ao país. Exuberante mesmo é a natureza! Os estragos (pequenos e grandes) são causados pelos homens, sobretudo os mais cobiçosos e ignorantes. Assim vai se poluindo rios, mares, ar, matas etc. O grande desafio é refazer narrativas, rever conceitos para compreender o que significa a interdependência de tudo que há na Terra. A verdade é uma só: nós até podemos nos dizimar, mas a natureza se reconstruirá sem nós. Pena que muitos seres também serão dizimados certamente para sempre. Por isso é essencial o papel da educação (formal e informal, popular e erudita...). Assim, neste começo de ano letivo por todo o Brasil, quero desejar à classe dos professores e professoras muita energia. Muita boa energia! Vamos nos libertar de toda a negatividade, de todo espírito de destruição que por ventura resista em nós. Desejemos/construamos um ar puro, uma água renovadora, uma sociedade solidária, um mundo de justiça... Já dizia o finado tio Clemente, nascido na praia da Fortaleza: <i>"Todos nascem filhos de Deus, mas no decorrer da vida há aqueles que se tornam discípulos do Diabo"</i>. Concordo com ele. São estes últimos que jogam contra a felicidade para todos, que seduzem mais gente para o lado deles e infernizam a vida dos mortais. Ou seja: céu e inferno é aqui, dependem de nós. Enfim, uma vida melhor para todas as pessoas é o espírito deste dia e de cada novo alvorecer em minha vida. Espero que para cada leitor deste blog seja o mesmo. Força, minha gente!</span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-85213824093559458092024-02-14T14:53:00.000-08:002024-02-14T14:57:04.347-08:00ONDE?<p style="text-align: justify;"> </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgnPHSKdo_ZOHqt1cljv-pfsGFaNY-qaZpAOrJPO696j1WNb4v6Ty_rcpjPYvd5yy9dIa7YFu0FpD23yVhi-8F0NTUnGuuBThXCYCb7nup5axDHDYCi-BqQpOWFgOa0cKBYzTN8DEBks1X__0YYvCNtKyFjWF2-io2UPiJY5lKI2gFxafoqc9FLH1z0zk/s4608/DSCN0809.JPG" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="3456" data-original-width="4608" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgnPHSKdo_ZOHqt1cljv-pfsGFaNY-qaZpAOrJPO696j1WNb4v6Ty_rcpjPYvd5yy9dIa7YFu0FpD23yVhi-8F0NTUnGuuBThXCYCb7nup5axDHDYCi-BqQpOWFgOa0cKBYzTN8DEBks1X__0YYvCNtKyFjWF2-io2UPiJY5lKI2gFxafoqc9FLH1z0zk/w400-h300/DSCN0809.JPG" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Natureza - Arquivo JRS</td></tr></tbody></table><br /><p></p><p style="text-align: justify;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> <span style="font-size: large;"> </span></span><span style="font-size: large;"> <span style="font-family: Calibri;">Estou escutando os passarinhos. A mata é perto, além de toda a diversidade que rodeia a nossa moradia. É festa por todo o bairro. Agora estou sem celular, sem mandar ou receber mensagens de tanta gente. Deu pane geral no aparelho. Lógico que penso nisto! O que fazer? Comprar outro está fora dos planos devido aos gastos que estamos tendo nos últimos tempos. Estou pensando nas vantagens e desvantagens dessa situação. Como continuar me mantendo em contato com a minha gente? Tenho que retornar a hábitos deixados para trás, dar um jeito de remediar a crise. Eu sou do tempo das cartas, mas acredito que o blog e o e-mail conseguem sanar parte do problema. Mas quem disse que é problema? Tenho meus artesanatos, livros para ler, cadernos para fazer anotações e escrever textos. Mais importante: tenho gente ao meu redor e estou sempre disposto a uma prosa! A minha gente entenderá. Ah! E a gente pode se visitar para um forte abraço que mata a saudade!</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"> Agora vivo a espera de novidades: do bebê do casal amigo que vai nascer, da correria de tanta gente que trabalha, da minha filha e do meu filho na luta do dia a dia, de livros que pessoas talentosas estão escrevendo, dos títulos que um amigo certamente está lendo, de músicas que estão </span></span><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">animando os fandangos caiçaras, da chuva que atrasa um pouco as expectativas etc.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"> </span><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"> Portanto, minha gente estimada, verei regularmente o e-mail para me comunicar virtualmente. </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-size: large;"><span><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"> É o </span></span><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">de sempre</span><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';">: </span><a href="mailto:ronaldo.jrszero@gmail.com"><u><span class="15" style="color: blue; font-family: Calibri;">ronaldo.jrszero@gmail.com</span></u></a></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><span style="font-size: large;"> </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"> Abraços. Até.</span><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-font-family: SimSun; mso-spacerun: 'yes';"><span style="font-size: large;"> </span></span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-344992491117824172024-01-28T11:21:00.000-08:002024-01-28T12:00:49.049-08:00É GENTE NOSSA!<p style="text-align: justify;"></p><ul><li><span style="font-size: large;"> </span></li><li><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody><tr><td><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEt7PvJF4_ftw3Wq-FWRv2jjDfK1K0xosM9dfgPsPERgThyphenhyphen1XX5cnfKb4cSjtsT9LrThIWEoorNs0_5tAQwFVahPhYRT6ldPgoD8tN4SAnarQD7B41PUlJAuXAY8XA7Ai99S_iLNlxYCarizNeSlL-HszVF6uR2QGfIacje7cOvhTEZ9VgC-iODHfgEA0/s784/IMG-20240128-WA0001.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="784" height="326" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEt7PvJF4_ftw3Wq-FWRv2jjDfK1K0xosM9dfgPsPERgThyphenhyphen1XX5cnfKb4cSjtsT9LrThIWEoorNs0_5tAQwFVahPhYRT6ldPgoD8tN4SAnarQD7B41PUlJAuXAY8XA7Ai99S_iLNlxYCarizNeSlL-HszVF6uR2QGfIacje7cOvhTEZ9VgC-iODHfgEA0/w400-h326/IMG-20240128-WA0001.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption"> Arquivo R. Ferrero </td></tr></tbody></table></li></ul><p></p><p style="text-align: justify;"></p><ul><li><span style="font-size: large;"><i><br /></i></span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-large;"><i> Adoro ouvir histórias, sobretudo quando elas transmitem aspectos da resistência da cultura caiçara. O texto a seguir é do estimado Roberto Ferrero, da praia da Enseada. Gratidão, irmão. </i></span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-large;"><br /></span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-large;"> Em 2014, um grupo de amigos deu o ponta pé inicial na @aarcca_ubatuba. É uma associação com o objetivo de fomentar a cultura caiçara na região através da corrida de canoas, que já ocorria de forma espontânea em algumas comunidades de Ubatuba. O primeiro desafio foi mapear todas comunidades que realizavam a festa ou aquelas que deixaram de realizar. Entender os gargalos e dificuldades de cada uma para traçar um plano de ação. Era muito legal ver o empenho de cada comunidade e a vontade de outras em participar. Teve ano que tinha corrida até duas vezes por mês! Mas também era muito difícil encontrar um plano que contemplasse todas comunidades, que tem realidades diferentes entre si. Foram inúmeras reuniões e desgastes! Uma década de luta se completa esse ano, muito legal ver onde chegou!</span></li><li style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-large;"> Na foto Juarez e Eu, numa barraquinha que arrendamos na Caiçarada para vender bolinho de arraia e tainha frita para arrecadar fundos para a associação! E tempo!</span></li></ul><p></p><p></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-32131337039851073642024-01-08T09:43:00.000-08:002024-01-08T09:43:05.948-08:00POUCAS VEZES FOI SORTE...<p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKeosU2lhS_mmyNSv4zyyiXf9aI0uWT6G_TS2nzyrvnfFWyaRunES-D7vk1mvkHwxPkEpPBr8QNzuUaog1R0e83aYFeNRsS3Kje6wTT2KlqSLN3oaXhn-JBm1Ee-xVI7ynHo4ivC06TJWM-DuR8-fVORXlrRei50p2aUtCFTIV8WCIR1BbEZ-nCYuP0Sg/s3264/20231229_074235.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3264" data-original-width="2448" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKeosU2lhS_mmyNSv4zyyiXf9aI0uWT6G_TS2nzyrvnfFWyaRunES-D7vk1mvkHwxPkEpPBr8QNzuUaog1R0e83aYFeNRsS3Kje6wTT2KlqSLN3oaXhn-JBm1Ee-xVI7ynHo4ivC06TJWM-DuR8-fVORXlrRei50p2aUtCFTIV8WCIR1BbEZ-nCYuP0Sg/s320/20231229_074235.jpg" width="240" /></a></div><br /><span style="font-size: large;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxFRT5fjShnDO06pzfr33FLRmb-JZXfNhl0wbIsSo_VfEb52sVDbLVHqpj2YYz_dtuYokuC2t5FlhZH-5Dneof3xbjXUTjFYqU6tWTfYSRqND4Pcz5l4TN6slYaiWunMSYfuk_177SwjQSOFXMUk3vmnVwBF6s3yGFLFxcNMW-Mhk8uJcNFfUDU_MJ_wM/s3264/20240108_061449.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3264" data-original-width="2448" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxFRT5fjShnDO06pzfr33FLRmb-JZXfNhl0wbIsSo_VfEb52sVDbLVHqpj2YYz_dtuYokuC2t5FlhZH-5Dneof3xbjXUTjFYqU6tWTfYSRqND4Pcz5l4TN6slYaiWunMSYfuk_177SwjQSOFXMUk3vmnVwBF6s3yGFLFxcNMW-Mhk8uJcNFfUDU_MJ_wM/s320/20240108_061449.jpg" width="240" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Avisto uma coisa sobre a mureta, me aproximo. Vejo que meu sobrinho faz o mesmo. "Que é isso, tio?". Seguro aquela delicadeza na mão, peço a ele que tente adivinhar. "Não sei, mas parece um osso". Confirmei e expliquei: "É um osso, do peito do frango. O povo caiçara, a nossa gente mais antiga o nomeia como osso jogador. Na verdade, este título se justifica porque ele era recurso para encerrar disputas, concluir apostas etc.". Notando que o jovem ainda não compreendera quase nada, fiz uma demonstração. Segurei uma haste do ossinho e pedi que ele fizesse o mesmo do outro lado. "Tá firme aí? Agora vamos apostar: quem perder lavará toda a louça que lota a pia. Tá bom assim?". Ele concordou mesmo sem ter captado toda a lógica. Eu continuei: "Segura bem na ponta usando o polegar e o indicador. Vou contar até três. Aí puxamos estas perninhas do osso. Quem ficar com a maior parte é o vencedor. Lá vai: 1...2...3!". Adivinha quem teve um monte de louças para lavar?</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> São detalhes assim, aparentemente insignificantes, que se compõem, resultam numa cultura. Cultura é cultivo. Se a gente não cultivar...Onde vamos parar?</span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-12743095840257892112024-01-02T01:15:00.000-08:002024-01-02T14:19:25.347-08:00SEJAMOS BOM FERMENTO<p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> </span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2sj4UMaQwfVHxgiptKO5uRf3okPB9U8F97Ar1nf4ATrw89Fx6CBCV6GL3pheRtTLMharB1oMvsZr9ikcZzMVnR5N-cFtNd8-gUTnZUFx3RBkUTFEJGY0Dn8snx5uE-4RNsvSwBuMGiQlHnKLpecwqM-2OYth1BU_OdfWfLMD_YLyYmEsOHA9zaAUls_A/s3264/20231228_105738.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-size: large;"><img border="0" data-original-height="3264" data-original-width="2448" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2sj4UMaQwfVHxgiptKO5uRf3okPB9U8F97Ar1nf4ATrw89Fx6CBCV6GL3pheRtTLMharB1oMvsZr9ikcZzMVnR5N-cFtNd8-gUTnZUFx3RBkUTFEJGY0Dn8snx5uE-4RNsvSwBuMGiQlHnKLpecwqM-2OYth1BU_OdfWfLMD_YLyYmEsOHA9zaAUls_A/s320/20231228_105738.jpg" width="240" /></span></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">Arte em casa - </span>ano<span style="font-size: large;"> JRS</span></td></tr></tbody></table><span style="font-size: large;"><br /><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span> Novo ano. </span><span>Fui no fim da tarde buscar umas mudas de roseiras na horta do Francisco. Admirei galinhas, galos e patos pelo caminho. Tudo em paz. Só um cretino ainda soltava fogos para perturbar os cães. Assim que cheguei o meu amigo perguntou: "Está com tempo, Seo Zé? Vamos comigo recolher os animais para dormir?". Topei prontamente. Afinal, essa rotina de cuidar de gado não faz parte da minha história. </span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Lá fomos nós na direção do pequeno pasto, onde quatro vacas pastavam. Logo os animais notaram a nossa chegada. Devem ter se perguntado: "Quem é aquele que segue o nosso dono?". Francisco comentou algumas coisas, indicou o alto do morro onde a sua filha está construindo uma linda casa. Imagino a maravilhosa visão que se tem de lá. De repente o meu amigo fala bem alto: "Vamos embora, pessoal . Tá na hora de dormir". Vocês não imaginam a minha surpresa quando, imediatamente, as vacas tomaram o caminho da casa, foram em direção ao cercado delas. Resumindo: entenderam perfeitamente a mensagem de Francisco, tal como outro Francisco muito famoso. E</span><span style="font-size: x-large;"> </span><span style="font-size: large;">obedeceram</span><span style="font-size: x-large;">!</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Feliz daquele que tem a segurança de um abrigo, uma casa para voltar após um período de labuta. Por isso é crime expulsar os pobres de suas terras. Por isso é crime negar pátria a um povo. Por isso é desumano tanta gente sofrendo pelas ruas, enfretando as intempéries, comendo dos restos que encontram nas lixeiras.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Que neste ano novo as boas mensagens entrem em nosso ser e ser tornem bom fermento no mundo. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> </span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-36281663684527471732023-12-26T03:04:00.000-08:002023-12-26T12:18:35.231-08:00QUANDO A GENTE SE ENCONTRA<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimxHTE7TXKOKXKBdsKsAG8TPrKTsSczSupNP1BS21ESJ6Q31OQGykqMPdykaStvQE0uE6pKfZ-S9wBN9lBmsfCCsaFtq5V5WfqVXCK1x23a7p87uYXEGj9Ff6tIiwgSB_4tVx0rM2TUPAMJu2fMGeaT4ocN6ndcr2AoKm1ZuNnYsrArHSDSq0xWe7S_08/s701/414653905_3674197349482510_843024949528507230_n.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="701" data-original-width="526" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimxHTE7TXKOKXKBdsKsAG8TPrKTsSczSupNP1BS21ESJ6Q31OQGykqMPdykaStvQE0uE6pKfZ-S9wBN9lBmsfCCsaFtq5V5WfqVXCK1x23a7p87uYXEGj9Ff6tIiwgSB_4tVx0rM2TUPAMJu2fMGeaT4ocN6ndcr2AoKm1ZuNnYsrArHSDSq0xWe7S_08/w300-h400/414653905_3674197349482510_843024949528507230_n.jpg" width="300" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Eu, Domingos, Clóvis e Ana - Arquivo Mingo</td></tr></tbody></table><span style="mso-tab-count: 1;"><br /> </span><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"> <span style="font-size: large;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: large;">Na
minha família, quando a gente se encontra, a prosa varia, mas sempre tem muitas
risadas. Ontem, o almoço de Natal com a irmandade e familiares me fez recordar
de tantos momentos ao longo desses anos desde a infância, quando os motivos eram
diversos (raspar mandioca, juntar peixes na rede, prosear no jundu, escutar
histórias, fazer cantoria nas casas etc.). Sentimos as ausências do Jairo e do Guinho (Wagner) por motivos particulares. Senti uma grande alegria pela sobrinhada que há tempos não via. Pena que Estevan e Pedrinho não estavam. Também pensei na Mônica.</span></i></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: large;"> Muitas mudanças são notórias ao longo da
existência da nossa irmandade, sobretudo devido às ocupações dos espaços por
turistas e migrantes pobres que para cá acorreram em busca de melhores
condições de sobrevivência e de lazer, resultando em diminuição das áreas de cultivo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e em extinção das áreas, nas praias, destinadas aos ranchos das canoas e demais apetrechos de pesca. A
juventude também perdeu muito! Sumiram os campos de futebol. Desapareceram os
sombreados nos jundus onde ocorriam alegres encontros; muitos namoros tinham
ali seu ponto de partida. Tudo isso me veio à mente lendo agora umas anotações
deixadas pelo Olympio Corrêa. Eis o que está detalhado da metade da década de
1970:<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p><span style="font-size: large;"> </span></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Entre os caiçaras, a mandioca é
cultivada em larga escala e dedicada quase que exclusivamente ao
beneficiamento, isto é, a ser transformada na sua respectiva farinha. Mesmo na
praia, onde a pesca é uma atividade importante e as roças estão em decadência,
sua população ainda fabrica a farinha para o gasto e, às vezes, para a venda. Todavia,
é no sertão que esse beneficiamento constitui a principal fonte de renda. Os
produtos derivados da mandioca são, além da farinha, a goma, a tapioca, o biju
e o polvilho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Na alimentação caiçara, seja do sertão,
das praias ou dos emigrados para a cidade, a farinha de mandioca constitui a
metade dos demais <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>comestíveis. É
comumente misturado ao feijão, ou misturado ao café. Quando juntada à banana
amassada, torna-se paçoca, quando torrada com toucinho ou carne é farofa e,
ainda, como pirão, quando cozida na água quente ou no caldo de peixe. As
próprias criações, inclusive cães e gatos, têm na farinha seu principal
sustento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A operação do beneficiamento da mandioca
dura de um dia e meio a dois dias. A programação da quantidade da farinha
de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mandioca a ser fabricada é feita no
dia anterior ao forneamento. Conforme o número de membros da família, sua
capacidade de trabalho e suas necessidades, o chefe da casa planeja de dois a
três tipitis de massa, que renderão de dois a três alqueires de farinha.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> <i> Nesta última parte até parece que o autor se referia ao vovô Zé Armiro, da praia da
Fortaleza. Saiba que cada alqueire - medida antiga! - equivale a aproximadamente 25 litros ou 20
quilos. Metade dessa produção ficava para ser consumida por nós e a outra
seguia para ser negociada no centro da cidade ou em qualquer mercado maior de alguma praia.</i></span><o:p></o:p></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-8838625370789499592023-12-25T04:34:00.000-08:002023-12-25T06:59:24.070-08:00RIOS QUE GRITAM<p><span style="font-size: large;"><i> </i></span></p>tualmente<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnla5W5PoNuOK2iRCIIeA3yyNpeHTHLgO9eMfoiDsHcFtpiuRgpQm_iVsKFBxAk0k3PFHJaxCgy-2eFC_z2MRBJXHsT4bKMaMe7bXJ0o3JjNOEwBzTn1qqeSs15x_i31WW9Vk7LoEse_0Dl-JxfKq1tSX-oaDegenTfTnJOtAHJiIdiAB3OpUWrIyDK1M/s1024/SAM_2367.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1024" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnla5W5PoNuOK2iRCIIeA3yyNpeHTHLgO9eMfoiDsHcFtpiuRgpQm_iVsKFBxAk0k3PFHJaxCgy-2eFC_z2MRBJXHsT4bKMaMe7bXJ0o3JjNOEwBzTn1qqeSs15x_i31WW9Vk7LoEse_0Dl-JxfKq1tSX-oaDegenTfTnJOtAHJiIdiAB3OpUWrIyDK1M/w400-h300/SAM_2367.png" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Dia de trilha - Praia da Ribeira - Arquivo JRS</td></tr></tbody></table><span style="font-size: large;"><i><br /></i></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span><i><span style="font-size: large;"> </span><span style="font-size: x-large;">M</span></i></span><i style="font-size: x-large;">ano Mingo, n</i><i style="font-size: x-large;">a poesia<u> Rio dos pitus</u>, camarão de água doce conhecido pelos caiçaras por <u>cafula</u>, me faz recordar da nossa cachoeira, do rio principal da Fortaleza, praia natal da nossa mãe (Dona Laurentina) que teve grande importância no ser que somos hoje. Atualmente esse rio quase que nem é percebido porque mingou, mas continua a falar. Na verdade, ele grita devido a esgoto e lixo que recebe de tanta gente e vai despejando no mar, resultado de atitudes que alimentam a cobiça, indiferentes à vida que é nossa. Não se trata de salvar o planeta, mas de salvar a nossa espécie e muitos outros seres. Daí a urgência de políticas ambientais, de combate aos agrotóxicos, aos plásticos etc. Certamente nós nos extinguiremos, mas a Terra continuará o seu ciclo. </i></p><p style="text-align: justify;"><i style="font-size: x-large;"> Os rios gritam! Quem sabe a maioria das pessoas aprendam essa linguagem quando essas vozes já tiverem se calado para sempre. Quem sabe?</i></p><p><br /></p><p style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="font-size: large;">Na casa de meus avôs tinha um rio palrador</span></p><p style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="font-size: large;">que contava histórias naturais</span></p><p style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="font-size: large;">escachoando entre as pedras, </span></p><p style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="font-size: large;">na Praia da Fortaleza.</span></p><p style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="font-size: large;">Quem nada compreendia</span></p><p style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="font-size: large;">dizia que era só rumor de correnteza.</span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-5885136084100488532023-12-24T13:17:00.000-08:002023-12-24T14:43:03.726-08:00AMANHÃ É NATAL, MAS...<p> </p><br />
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><o:p> </o:p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikSMKxmEFtguCk6OvGMNLWtHCNgbD10_8zp61SPi2jSO4GVDuWW1OSOHg_d0h6myOmCNQeXkPFGW3qlHRBHJn92_5e3UibG_2BhyphenhyphenrNAHL8jncpQxKK7-McP_WzPIK39wOu_QTi8D-Z2o44EwEhDLPqiKVTuzEIc6dtDMAIwVBbvf6oPeUgwNHcpoTVBjA/s1600/ba78e441-83ef-425d-affb-2d510e2d8570.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikSMKxmEFtguCk6OvGMNLWtHCNgbD10_8zp61SPi2jSO4GVDuWW1OSOHg_d0h6myOmCNQeXkPFGW3qlHRBHJn92_5e3UibG_2BhyphenhyphenrNAHL8jncpQxKK7-McP_WzPIK39wOu_QTi8D-Z2o44EwEhDLPqiKVTuzEIc6dtDMAIwVBbvf6oPeUgwNHcpoTVBjA/w300-h400/ba78e441-83ef-425d-affb-2d510e2d8570.jpg" width="300" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Eu e Caetano - Arquivo JRS</td></tr></tbody></table><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="font-size: x-large; text-align: center;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span><span style="font-size: large;"> Hoje, véspera de Natal, eu e a filha (Maria
Eugênia) fomos até a roça do Caetano, na estrada do Monte Valério. Por ali tudo
vai se transformando rapidamente por conta da <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>proximidade com o centro urbano. Foi-se o
tempo em que aquele lugar parecia distante, dava até preguiça de andar. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quando adolescente, eu achava que era uma
lonjura danada. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Naquele tempo quem
produzia nessa terra eram os japoneses. Hoje mudou muito, logo tudo vai estar
com ruas e casas. Portanto, a área plantada vai se reduzindo até chegar um dia
em que o Caetano ou seus descendentes terão apenas a porção que fica debaixo da
rede elétrica. Ali, certamente, se concentrará toda a produção.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Chegamos pouco depois das seis horas, bem
cedo. Mas o amigo Caetano já estava lá, debruçado sobre o canteiro, transplantando
rúcula entre cebolinha. Um abraço gostoso deu início à prosa atualizada. A
primeira parte foi sobre as condições de saúde do Velho Caetano: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Eu quase que morri, Zé e Maria. Se não fosse o telefone,
o celular, eu estaria morto. Me senti mal, fui quase que rastejando até o
barraco. Lá chegando, tentei<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>telefonar,
pedir ajuda. Passei sufoco, me dei como morto. Só que o filho da vizinha
conseguiu contato com o meu filho que veio e me levou ao hospital. Agora estou
bem, produzindo de tudo um pouco, aproveitando a época que mais vendemos couve
e pepino. Lá, depois do canteiro, tem berinjela, inhame, jiló e abobrinha”. <o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Que bom encontrar o Caetano com tanta
disposição! Em seguida fomos tomar um café. É um ritual que fazíamos mais
frequentemente, mas outros rumos surgiram no horizonte, quebraram esse nosso prazer
. Nisso a conversa segue para a criação de patos. Dele ouvimos: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Por esses dias eu vendi quase quatrocentos
patos. As galinhas não se dão muito bem comigo. A criação está lá no terreno do
Gilberto. Já estive cedo lá alimentando as aves. Cheguei aqui por volta da
quatro e meia, ainda no escuro”.<o:p></o:p></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É assim; sempre foi nesse ritmo. O meu
amigo, o Velho Caetano, costuma madrugar cotidianamente. Ouso dizer que quando o seu dia não for
assim, não começar desse jeito, podemos desconfiar<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>que coisa boa não é. É a minha experiência de anos convivendo nesse
espaço e com essa nossa gente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Eu e Maria deixamos o nosso anfitrião na
tarefa e fomos dar uma volta pelos canteiros, vendo o vigor e os arredores.
Depois voltamos para as despedidas</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: large;">. “Amanhã
é Natal, mas a roça não para. Eu estarei aqui, se Deus quiser. Tudo de bom a
vocês e à toda família. Foi bom rever você e a Maria. Apareçam sempre e mais
vezes”.</span><o:p></o:p></i></p><br />José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-64747993556550806492023-12-22T02:44:00.000-08:002023-12-26T05:04:05.085-08:00BANANA VELHACA<p> </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2QC87j17pt4-HlkMqAzA7Y0sZDbEc_dFsXhf1pUppczr6H9ra7ZewZgxV-P_pmKUIIGdS9iC2y0Dx9Y22c1GgRy5TVtpZyJBkEIIG8gXnK1UYBJqwOCQDrzXk4aEcAheVCN-efluQ1Sk-VsQ7pQSOOQnzvLYVjd8oMnxHxOgFD0ibMmnhrLQ-DmJHkII/s1600/8c468b02-eea3-4bb8-b4d0-dfabc865a11b.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2QC87j17pt4-HlkMqAzA7Y0sZDbEc_dFsXhf1pUppczr6H9ra7ZewZgxV-P_pmKUIIGdS9iC2y0Dx9Y22c1GgRy5TVtpZyJBkEIIG8gXnK1UYBJqwOCQDrzXk4aEcAheVCN-efluQ1Sk-VsQ7pQSOOQnzvLYVjd8oMnxHxOgFD0ibMmnhrLQ-DmJHkII/s320/8c468b02-eea3-4bb8-b4d0-dfabc865a11b.jpg" width="240" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Eu e Maciel - Arquivo Maria Eugênia</td></tr></tbody></table><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeoY4BpVtDjW0k3G7_ToJh60pUMbrpCo7dYCGfZch4I0hDO98Bj3s6ixFcDl5cyOLDrmArqyZQvLciv_L2vx52mzUJj-LVvDwXELah2z3SgSx25c9sqZ8xyqVc6mFkHFkG_JCRO8mbGkWMEcaSwD5awG1ne3RQl3DqGVNsXhDtrZC7JUkBjy8LKhU4-Yg/s1600/1584c9fe-84e4-4d26-a5dd-311e5a57e880.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeoY4BpVtDjW0k3G7_ToJh60pUMbrpCo7dYCGfZch4I0hDO98Bj3s6ixFcDl5cyOLDrmArqyZQvLciv_L2vx52mzUJj-LVvDwXELah2z3SgSx25c9sqZ8xyqVc6mFkHFkG_JCRO8mbGkWMEcaSwD5awG1ne3RQl3DqGVNsXhDtrZC7JUkBjy8LKhU4-Yg/w300-h400/1584c9fe-84e4-4d26-a5dd-311e5a57e880.jpg" width="300" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Banana velhaca - Arquivo Maria Eugênia</td></tr></tbody></table><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;"> <span style="font-size: large;"> </span></span><span style="font-size: large;">Por estes dias, na Feira Agroecológica
Caiçara, passei um tempo proseando com o amigo Maciel, natural do Ubatumirim,
mas há alguns anos vivendo da agricultura em Catuçaba, bairro do município
vizinho de São Luiz do Paraitinga. Eu recomendo os seus maravilhosos produtos
que estão à venda semanalmente na Feira (quarta-feira, das 9:00 às 14:30 horas),
no centro da cidade de Ubatuba (Rua Orlando Carneiro, 422).<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Além da diversidade de produtos que o
Maciel traz a cada semana, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a minha
surpresa foi encontrar uma variedade de banana que até já tinha esquecido que
existia. Trata-se da <u>banana</u> <u>velhaca</u>. Assim a nomeavam os mais
velhos. Num primeiro momento ela se assemelha muito à banana da terra, com
algumas sensíveis diferenças: cresce mais, tem uma cor alaranjada por dentro,
produz poucas pencas com um mínimo de frutas dispostas de forma desengonçada.
Ou seja, é uma espécie “pouco” produtiva. Porém, há um detalhe muito particular,
que mais chama a nossa atenção. Estou me referindo à forma como se planta essa
raridade. Vou explicar essa particularidade especial: você abre um buraco, uma
cova adequada ao tamanho da muda, faz um lastro no fundo com brasas e cinzas e
deposita a muda. Sim! Ela é plantada em cima de brasas vivas, de cinzas
quentes! Em seguida entra a terra que vai preencher o buraco feito e afirmar a
nova plantinha. Depois é só aguardar o crescimento e a produção. E se deliciar,
claro! Não sei dizer porque a nova muda passa por esse processo inicial. É um
saber antigo, um fazer que deve ter uma razão mais profunda. Fica a dica para
uma pesquisa na área da Agronomia e afins. O Maciel me contou o seguinte: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Lembro-me bem do vovô plantando banana
velhaca. Geralmente era no fim da tarde, em dia de forneada de farinha, quando
tinha bastante brasa e cinza acumuladas no forno. Ele catava aquele tanto e
jogava no buraco. Depois botava a muda em cima e preenchia de terra em volta.
Eu, lá no meu terreno, já colhi dessa banana com mais de quarenta centímetros”.
<o:p></o:p></i></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><br /></i></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Gostou da informação? É pena que os
espaços caiçaras se reduzam assustadoramente. Também sinto muito por muitas espécies,
outrora cultivadas nos terrenos do litoral, que estão desaparecendo. Mais triste é saber que fica na ignorância de muitos o total desconhecimento de tamanha riqueza cultural que garantiram a vida dos nossos antigos. Por isso
louvo os esforços do Maciel e de mais algumas pessoas preocupadas em zelar por
determinadas plantas, em mantê-las e apresentá-las às gerações mais novas.
Gratidão ao meu amigo por ter levado, botar na banca a banana velhaca!</span><o:p></o:p></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-82215021691003771652023-12-19T04:06:00.000-08:002023-12-26T01:43:07.130-08:00TIÃO GIRÓ<p> </p><p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD_S43YBVRn8elp1dY62Ae6rQvjiUtiloTppBbsjHXAVyN3wI001ODnmoaYdor2UmVRr1izVCQsvonXJe44rQBeZAKrFo0bKtpRfWQ-kxaMayCI8j5zcUg3SbjMAQ43GTH_ZCAK5hpTEtW-TymED0aIBKgoLGzAb1DmkpRIUlYMJcmiT43S6V45d46wNc/s1176/cc0e01d3-5841-426f-956b-c12f0149135c.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1176" data-original-width="1070" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhD_S43YBVRn8elp1dY62Ae6rQvjiUtiloTppBbsjHXAVyN3wI001ODnmoaYdor2UmVRr1izVCQsvonXJe44rQBeZAKrFo0bKtpRfWQ-kxaMayCI8j5zcUg3SbjMAQ43GTH_ZCAK5hpTEtW-TymED0aIBKgoLGzAb1DmkpRIUlYMJcmiT43S6V45d46wNc/s320/cc0e01d3-5841-426f-956b-c12f0149135c.jpg" width="291" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Tião Giró explicando a técnica - Arquivo internet</td></tr></tbody></table><p></p><p><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqwgAwNVJqWutsLNst9vBVb3oNBslCp4K1AlQmeu6IRyJRcOnyS0U5V6iLxKNJwDK1xhEP-2vvETQU-jDHFoAwG1vB37vfuIdMHJ-GVpp5smDKHZ3oESCY0lnegx5dIzP8wQN72gQIkaXe2Q6bBlb9JqHmi90S16g4zzmK_-aqUfbfTFyISk2i9Zi0fb4/s1007/a16238a6-4907-4a8d-9015-3acb14c8edc5.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1007" data-original-width="709" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqwgAwNVJqWutsLNst9vBVb3oNBslCp4K1AlQmeu6IRyJRcOnyS0U5V6iLxKNJwDK1xhEP-2vvETQU-jDHFoAwG1vB37vfuIdMHJ-GVpp5smDKHZ3oESCY0lnegx5dIzP8wQN72gQIkaXe2Q6bBlb9JqHmi90S16g4zzmK_-aqUfbfTFyISk2i9Zi0fb4/w450-h640/a16238a6-4907-4a8d-9015-3acb14c8edc5.jpg" width="450" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Velho Giró e filho na praia da Enseada - Arquivo Família Prochaska</td></tr></tbody></table><p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-upzJqGs2vIqqPuW3ZyHRP_EML3243o4Uo-eCyxqNNeThGYfqqSkH1M5oDHYERzUVRl0HWAu6386Va5bNGdGOnp_rkbU4Pmp5EV5GxUBQAEd9bH1MBEqthcgKtOp0q5nhFZBkawoObL8vF0cOdr5DELpLB4LVRaIYFXB-GtTLf-JW1AAv_NRcVe7iVMQ/s377/786323dc-1678-4ca0-ad41-140b3184f497.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="315" data-original-width="377" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj-upzJqGs2vIqqPuW3ZyHRP_EML3243o4Uo-eCyxqNNeThGYfqqSkH1M5oDHYERzUVRl0HWAu6386Va5bNGdGOnp_rkbU4Pmp5EV5GxUBQAEd9bH1MBEqthcgKtOp0q5nhFZBkawoObL8vF0cOdr5DELpLB4LVRaIYFXB-GtTLf-JW1AAv_NRcVe7iVMQ/s320/786323dc-1678-4ca0-ad41-140b3184f497.jpg" width="320" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem atualizada - Arquivo Elder</td></tr></tbody></table><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><span style="font-size: large;"><div style="text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quando criança, morando na praia do
Perequê-mirim, vez ou outra eu escutava o meu pai falando do Tião Giró.
Pescavam juntos de vez em quando, conviviam por ali, na vizinha praia da
Enseada. Devem ter compartilhado muitos causos, mas a grande admiração de papai
era pelo domínio da técnica da pescaria de cerco que o amigo detinha. Mais
tarde conheci a filha e o filho do Tião Giró; pude encontrá-lo vez ou outra em
minhas andanças. Ainda adolescente tive o prazer de conviver com uns parentes deles (Sidney
e Sônia Giraud); fiquei sabendo que gente com esse sobrenome era descendente de
franceses que migraram para Ubatuba no século XIX. Com Elder, o filho, meu
companheiro de trabalho, fui conhecer o seu lugar de moradia, bem defronte da
capela Santa Rita<i style="mso-bidi-font-style: normal;">. “Ah! Querida Enseada!
Ah! Querida capela onde eu e meu pai fizemos o forro há décadas!”. </i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Respirei aquele entorno, me recordei de outros
momentos vividos por ali, sobretudo das canoas abarrotadas de pescados e dos
rostos de tantas pessoas que conviveram conosco. Ontem, proseando com a
Cristina Graça, ela deu notícias da tia (Zenaide) e do pai (Eduardinho): <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Papai está com 92 anos. A tia Zenaide com
90. Certamente são os mais idosos do nosso <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>lugar”. </i>Novamente pensei no Tião Giró, no nosso pessoal da Enseada.</div><o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tião Giró, nascido Sebastião Giraud
Filho, em 1943, era filho de pescadores. O pai dele já trabalhava com a técnica
dos cercos flutuantes trazida pelos japoneses por volta de 1920. Foi
observando, trabalhando com o pai, que ele se tornou um especialista em cercos
flutuantes. Aos 25 anos ele já era um mestre. Eu recomendo o texto OS ÚLTIMOS MESTRES
REDEIROS DA ARTE DE PESCA DE CERCOS FLUTUANTES, dos pesquisadores Roberto
William Von Seckendorff, Venâncio Guedes de Azevedo e Josef Karyj Martins.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fazer um cerco flutuante eficiente,
garantir uma pescaria perfeita, não é fácil. Foram décadas de vivência que se
encerraram agora, há três dias. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“O pai do
Hélder está muito mal, Zé</i>”. Quem deu a notícia foi o meu <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>primo Zé Roberto. No dia seguinte havia
falecido esse último mestre da técnica de pesca de cerco porque ninguém se
importou em aprender com ele. Assim, aquele modelo assimilado dos migrantes
nipônicos, onde era possível escolher os peixes maiores e soltar os menores
para que crescessem tende a desaparecer, assim como desaparecerão os
enfrentamentos no mar dos caiçaras de outros tempos. Também vai depender de nós
a memória de Tião Giró, Acácio, Zeca Paru, João Quintino, Dito da Mata, Elídio,
Dito Funhanhado, João Vitório e muito mais gente que fundeavam cercos e
tresmalhos <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pelas nossas costeiras,
sobretudo no entorno da Ilha Anchieta. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Ao receber a triste notícia, citei para o Zé Roberto aquela frase do
pensador africano Hampaté Bah, do Mali: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“Quando
morre um africano idoso, é como que se queimasse uma biblioteca”.</i> Isto vale
para todos os povos, para todas as culturas, inclusive à cultura caiçara. Agora, mais um esteio dessa nossa cultura nos deixou. Aquela gente fotografada bem criança, na década de 1940, está se despedindo de nós. Quem
registrou, quem deixará para a história um pouco dessas “bibliotecas” que
seguem nos deixando?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Que cada um de nós, cada ser caiçara do presente, possa se apropriar
dessas memórias que nos trouxeram até aqui. Muita força aos filhos, parentes e
amigos que conviveram com ele. Gratidão ao Tião Giró pelo exemplo de vida!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><span style="font-size: large;"><u>Em tempo</u>: O menino da foto é o Otacílio, irmão do Tião Giró. Gratidão ao Peter pela observação.</span><br /><p></p><br />José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-69654094187865021262023-12-18T02:55:00.000-08:002023-12-18T03:02:32.683-08:00SOBRADOS<p> </p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrgsm2dpJAaPLcviIK001m1jYjmuDs1gLGUXO7IbaTHyRlPIABoIJRrh6zFnquO7HdJ6OqVNaOu5SEUgaRWWcNgxprpFDADED4IPBRxfBp0oAI5O8inZTi_WPWiTw11TmqpKf2ngJvO0SGATxJxpqtlRxo3YR64F3AxdrAnG_3uLasJmuEJHUYArbdGeQ/s1898/Aloysio%2520Salles%2520na%2520frente%2520do%2520Casar%C3%A3o%2520do%2520Porto%2520MD.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1302" data-original-width="1898" height="440" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrgsm2dpJAaPLcviIK001m1jYjmuDs1gLGUXO7IbaTHyRlPIABoIJRrh6zFnquO7HdJ6OqVNaOu5SEUgaRWWcNgxprpFDADED4IPBRxfBp0oAI5O8inZTi_WPWiTw11TmqpKf2ngJvO0SGATxJxpqtlRxo3YR64F3AxdrAnG_3uLasJmuEJHUYArbdGeQ/w640-h440/Aloysio%2520Salles%2520na%2520frente%2520do%2520Casar%C3%A3o%2520do%2520Porto%2520MD.jpg" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sobradão do Porto - Arquivo Ubatuba </td></tr></tbody></table><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"> <span style="font-size: large;"> </span><span style="font-size: large;">Hoje, a partir de uma fotografia de meados
do século XX, cujo autor desconheço, permitirei uma noção do espaço central da cidade de Ubatuba,
onde, quando criança, ainda alcancei vários edifícios arruinados, sendo
demolidos, a praça 13 de maio cheia de capim, a avenida Iperoig com um canteiro central amplo de plantas vicejantes etc. . Para isso estou me valendo do escrito do Seo Filhinho, do livro <u>A
farmácia do Filhinho.<o:p></o:p></u></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nas praças – sem jardins – não raro muares
pastavam abusivamente na viçosa vegetação que ali crescia.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Se as residências mantinham remanescentes calçadas de rústicas pedras facetadas,
que lhe protegiam os alicerces da fachada, por elas ninguém transitava.
Desaforado aquele que ousasse subir e por elas transitar, desvendando o interior
das casas, pelas janelas de pouca altura e costumeiramente abertas!<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As edificações, poucas apresentavam
satisfatório estado de conservação. Na maioria dos casarões antigos de largos
beirais e vergas arqueadas, o descolorido das fachadas, os desvãos dos vidros
semi quebrados – alguns até com vistosos arbustos vicejando no telhado limoso e
enegrecido -, demonstravam a decadência econômica a que chegou grande parte da
população.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Poucos sobradões ainda teimavam em perdurar. Além do Sobradão do Porto,
tão citado e decantado por sua imponência e notoriedade histórica, havia dois
outros no largo da Matriz, em boas condições, onde residiam, num, o cel.
Francisco Gonçalves Pereira – um dos argentários de antanho e ex-deputado
provincial – e sua filha solteira d. Aninha e, no outro, d. Aninha Vitorino, já
velhinha, viúva do comendador Joaquim Vicente da Cunha. Esses dois imponentes
sobradões, já necessitando de obras de conservação, foram demolidos para darem
lugar ao prédio do atual Cine Iperoig.<o:p></o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><u>Observação 1</u>:
o citado livro foi publicado em 1989. Hoje não existe mais o Cine Iperoig que tantas
vezes frequentei. Tudo foi demolido, dando lugar ao Teatro Municipal.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><span style="font-size: large;"><div style="text-align: justify;"><u>Observação 2:</u> Na fotografia, no andar do sótão, lá no alto, uma prova de que havia detalhes (vasos, estátuas) enfeitando as colunas. ornamentando o casarão do comerciante Balthazar Fortes. Onde foram parar?</div></span><p></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-37510423283074399422023-12-16T03:27:00.000-08:002023-12-17T03:01:21.494-08:00A PREMIAÇÃO<p> </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNUZNV_T9pqlLimQzV7gvbm62FqdNqjmf74xyVp5ja82yJsBwZewXCXhtfn0qPmPwaLpsuZtMj7QAlxs659-jjWIg0ko7TQM01Kao-aHdqqhLXkPr_DAWzX8icrA186F2VAeLpeHgqE0Gjiqva-7o7_nrA92aXJPRWgGKOvH_y9hB3LehQbrDe6yZj5YI/s1600/4a027b87-015b-4f2c-81d3-810560459943.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNUZNV_T9pqlLimQzV7gvbm62FqdNqjmf74xyVp5ja82yJsBwZewXCXhtfn0qPmPwaLpsuZtMj7QAlxs659-jjWIg0ko7TQM01Kao-aHdqqhLXkPr_DAWzX8icrA186F2VAeLpeHgqE0Gjiqva-7o7_nrA92aXJPRWgGKOvH_y9hB3LehQbrDe6yZj5YI/w300-h400/4a027b87-015b-4f2c-81d3-810560459943.jpg" width="300" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Antologia 2023 - Foto: Paulo Zumbi</td></tr></tbody></table><br /><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Dia de muito calor, turistas afluem às praias. De vez em quando o trânsito quase dorme. Somente as motos e bicicletas parecem não se importar. É dia de premiação dos concursos de poesia, contos, textos de teatro e crônicas. Me apresso porque sei que às 18:00 terá início a cerimônia. O modesto espaço do Ateneu Ubatubense, da Biblioteca Pública Municipal, está repleto. Quem chegou depois de mim precisou assistir de mais longe ou se espremer. Sorte que tudo estava muito arejado, com ventiladores dando conta do recado. O cerimonial foi conduzido por uma pessoa que muito admiro: Zeca. O diretor presidente da Fundart e o responsável pelo acervo local se destacaram. Zumbi, o fotógrafo, filho da estimada Dona Cida, que conheci ainda adolescente nas Toninhas, está a postos. Dele recebi os exemplares da Antologia 2023. Gratidão, Paulo Zumbi!</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Cinco modalidades fazem parte das premiações nos seguintes concursos: Poesia, Poesia Estudantil, Contos, Texto de Teatro e Crônicas. Poucos dali me conheciam, mas me senti orgulhoso ao ser chamado para entregar os prêmios do 9º Concurso de Crônicas "Professor José Ronaldo dos Santos". A grande novidade dos concursos foi o expressivo número de participantes da Penitenciária "Dr. José Augusto César Salgado" (Tremembé II), com quatro premiações, sendo um deles uma crônica encantadora (Crônica de uma época), de autoria de Ronaldo dos Santos Ferreira. Pena que os autores não puderam comparecer às premiações. A minha sugestão é que o estabelecimento penal promova em Tremembé uma cerimônia a fim de valorizá-los, de atrair mais gente para a literatura. O diretor presidente (Luiz Antônio Bischof) poderia ir ao ato, agradecer por nós aos que enviaram seus textos, parabenizar os premiados. Naquele momento, com muita gente contente, pensei em Malcom X numa penitenciária dos Estados Unidos, no século passado, encabeçando um movimento para montar bibliotecas, apresentar a literatura aos detentos daquela terra. Agora, o mais importante: agradeço às professoras e professores que incentivaram os discentes a participarem. Vejo poucos nomes de escolas diante das tantas do nosso município. Certamente que nas edições vindouras haverá maior empenho na divulgação e participação. Grande destaque foi o empenho do corpo docente da E. M. Professora Maria Salete Nepumoceno do Amaral, do Perequê-açu. Na categoria poesia estudantil - 1º ao 5º ano -, os três selecionados saíram deste estabelecimento de ensino. Parabéns a quem fez a motivação e garantiram Iulla, Isaac e Maria Clara nas premiações. Como sempre, deixo aqui os meus agradecimentos, sobretudo a essa juventude que desperta para a literatura. Agradeço também aos pais, mães, amigos, escolas, professoras etc. que apostam no poder da leitura, das palavras que edificarão mentalidades livres e libertadoras. Sou grato, sobretudo, ao pessoal que, há quase quarenta anos, lançou as bases da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba. Assim chegamos à conclusão deste fundamental evento citando uma frase do André Telucazu Kondo, um veterano participante dos nossos concursos: <i>"...Se o corpo tinha fome, a alma sentia-se saciada".</i></span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-32143962605713762023-12-15T02:56:00.000-08:002023-12-15T03:03:04.474-08:00LARANJA-CRAVO<p> </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh76cIQz_cMpNGm8FXX6cFagtIKa-G2z9bSWtzbFDdgO-HfC3gvFVGS23Iqg2C_6CRaGREHXIsmZ45fay7MyGtJBdi5cD1RGFEeX5Gv62QXr_i8tDuTwe4YjN_MJTcvspVgo6e-SGX9rbYYhhMOf0kcPnbepMY2iMsA3VL3E8rU5DUV87PyX3EXFvwDL0I/s1024/100_7267.JPG" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1024" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh76cIQz_cMpNGm8FXX6cFagtIKa-G2z9bSWtzbFDdgO-HfC3gvFVGS23Iqg2C_6CRaGREHXIsmZ45fay7MyGtJBdi5cD1RGFEeX5Gv62QXr_i8tDuTwe4YjN_MJTcvspVgo6e-SGX9rbYYhhMOf0kcPnbepMY2iMsA3VL3E8rU5DUV87PyX3EXFvwDL0I/w400-h300/100_7267.JPG" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cará moela, maçã e especula (teta de vaca) - (Arquivo JRS)</td></tr></tbody></table><br /><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Laranja-cravo é mexerica. Eu adoro! Quem não gosta?</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Antigamente, por todos os terreiros, pelos caminhos, se encontravam os pés de laranja-cravo, as mexeriqueiras. Era a preferida nossa porque é gostosa e fácil de retirar a casca. Ela se desprende muito bem dos gomos. Essa laranja é rica em sumo e odor, denuncia quem acabou de saborear uma delas. O meu bisavô (Nhonhô Armiro) cultivava um lindo pé entre a sua casa e a praia (da Fortaleza). Eu e o mano Mingo éramos os que mais cobiçavam aquelas frutas conforme iam amarelando. Na época certa, por volta dos meses de abril/maio, não resistíamos a pegar algumas e saboreá-las no jundu, debaixo de uma amendoeira, olhando o mar. O Nhonhô percebia as pequenas pegadas e sentia o cheiro quando, retornando para casa, tínhamos que passar pelo seu terreiro. Ele dava uma leve bronca, dizia que era para esperar que amadurecessem mais. <i>"Escute aqui, criançada: carece de deixá as laranja devezá. Agora é que vai amarelando, ficará boa, bem docinha. Tem que esperá madurecê primeiro. Agora vão lá na bica lavá bem as mão senão fica manchada depois de pegá sol, empreteja a pele". </i></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Além da laranja-cravo (que hoje chamamos mais de mexerica carioca), pelas terras daquele tempo eu conheci a laranja-saúde (lima), a laranja-da-terra, a laranja-da-China, a laranja seleta etc. Hoje não é comum enxergar nenhuma laranjeira em quintal algum, menos ainda pelos caminhos. Só se encontram nos mercados, onde temos de pagar caro, sempre sabendo que elas trazem uma carga de agrotóxicos. Onde vamos parar?</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Eu, talvez devido o histórico da minha infância, estou sempre selecionando sementes de mexericas para produzir mudas. Sei que ainda comerei muitas dessas laranjas e presentearei as pessoas queridas com inigualável iguaria. Ah! Também não abro mão de cultivar <u>mandioca mansa</u> (mandioca doce) própria para ser comida as raízes (cozidas ou assadas). A outra, a <u>mandioca brava</u>, usada para fazer farinha, eu deixo para quem tenha os apetrechos adequados a tal técnica. Mandioca branca é uma variedade de mandioca brava. O saudoso Antônio Clemente me explicou um dia, lá no Sertão do Pasto Grande, no terreiro do Mané Grande: <i>"Mandioca branca não presta pra comê. Só faz farinha. A nossa gente chama ela de mata-fome"</i></span></p><p> </p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-51538733105625097472023-12-10T00:22:00.000-08:002023-12-10T01:22:17.060-08:00VIVA A VIDA!<p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoiu2jnY4y_4kKqSCwLKHPsCAtwRHYNi2OrpT-9Hv9N7WgpvU0972wnBUNfL7VvProiu8il-WHfGMgA0Wiy00hWMWM1VRwfdO71m1a9FPEx_hE52PeYGSPgJ1QDKVS2bRUwwo101ApmVCV0gEszLkwqexatmI0CP2Pzs7wX0W-Gm_117NKuHY8-xASDKU/s3264/20231210_045908.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3264" data-original-width="2448" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoiu2jnY4y_4kKqSCwLKHPsCAtwRHYNi2OrpT-9Hv9N7WgpvU0972wnBUNfL7VvProiu8il-WHfGMgA0Wiy00hWMWM1VRwfdO71m1a9FPEx_hE52PeYGSPgJ1QDKVS2bRUwwo101ApmVCV0gEszLkwqexatmI0CP2Pzs7wX0W-Gm_117NKuHY8-xASDKU/w300-h400/20231210_045908.jpg" width="300" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Viva a vida!</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Viva a vida da querida Gláucia, minha esposa!</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Hoje é aniversário da minha amada companheira. Parece que foi ontem que nos conhecemos, mas lá se vão 30 anos desde aqueles momentos nas assembléias do professorado paulista lutando por melhores condições de trabalho. Assim, nesse contexto, brotou a nossa amizade, o nosso amor. Depois veio o casamento, nasceram Maria, Estevan e tudo de maravilhoso que realizamos juntos. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Hoje é aniversário da minha Gal. Que muitos dias felizes marquem nossa caminhada e a família que formamos a partir do compromisso de vida na utopia de um mundo melhor.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Parabéns para a minha querida! </span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-90231629723600552762023-12-09T00:38:00.000-08:002023-12-09T01:32:05.802-08:00O RIACHO DA LITERATURA<p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGnizO5vN82W-6fTHO6ux92S5VU650IM9wjYHeEGK7vOcxpFrESwIQRs6Vnn_nasX6911Tmi6X1QKRtfNeF-lx7FsCqcbFo9YdwtINNUCUzP0uOpwzCxltU7d_OwK8LgnkyY0VEvWj0_EojQtI7nmnYhB03C9dhJfGc-7tmG2u13kz4L27OjmixlgAo1k/s1223/20231201_064230-1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1140" data-original-width="1223" height="373" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGnizO5vN82W-6fTHO6ux92S5VU650IM9wjYHeEGK7vOcxpFrESwIQRs6Vnn_nasX6911Tmi6X1QKRtfNeF-lx7FsCqcbFo9YdwtINNUCUzP0uOpwzCxltU7d_OwK8LgnkyY0VEvWj0_EojQtI7nmnYhB03C9dhJfGc-7tmG2u13kz4L27OjmixlgAo1k/w400-h373/20231201_064230-1.jpg" width="400" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> "Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas: assim me tornarei um daqueles que fazem belas coisas". (Nietzsche)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Hoje, já passando dos sessenta anos, eu me definiria pelo mesmo objetivo do filósofo citado acima. Persigo essa meta de vida se valendo da minha herança cultural e das habilidades que sigo cultivando.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Dentre essas habilidades se encontram gostar de histórias e escrever. É o meu riacho. Alguns cadernos da minha adolescência resistiram ao tempo, sobretudo no mofo que predomina em Ubatuba. Neles eu anotava momentos, acontecimentos, causos, poemas etc. Assim surgiram as crônicas com muito de histórias reais e um pouco de fantasias. Com este gênero literário eu contribui nos periódicos virtuais, inclusive usando pseudônimos. Por anos enviei meus textos semanais ao jornal A CIDADE. Até que chegou um dia em que fui chamado à FUNDART onde recebi uma feliz notícia: seria criado um concurso de crônicas cujo homenageado seria eu. Fiquei meio sem jeito, disse que havia outros nomes mais significativos, mas não teve saída quando argumentaram dizendo assim: "O seu nome obteve a unanimidade". Pedi um tempo para pensar, conversei com a esposa. Dela saiu a fala decisiva: "Eu acho que você deveria aceitar. É um reconhecimento do seu talento e da contribuição das suas crônicas para a cidade". Assim nasceu o Concurso de Crônicas Professor José Ronaldo dos Santos. Neste ano está na nona edição. No próximo dia 15, às 18 horas, acontecerá as premiações na Biblioteca Pública (Ateneu Ubatubense). </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Muito me honra todas as pessoas participantes de todas as edições. Muito me honra estar ao lado do Seo Filhinho, da Dona Idalina Graça e da Tia Helô. Longa vida aos concursos! Parabéns ao pessoal que valoriza a cultura. É ela que faz a interação humana no mundo. É ela que potencializa nossas vidas. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Encerro esta com um fragmento musical de Caetano Veloso</span></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Eu vi o menino correndo,</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Eu vi o tempo brincando ao redor do caminho daquele menino.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Eu pus os meus pés no riacho e acho que nunca os tirei, o sol ainda brilha na estrada e eu nunca passei.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> </span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-2689693304859729692023-12-06T00:35:00.000-08:002023-12-06T01:29:23.635-08:00 ENFRENTANDO MORRO<p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> </span></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><img border="0" data-original-height="3264" data-original-width="2448" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2m3eqINsgb35s-ikd970JtXhy0oQ3GONDFo80Z7NEdZy8ueWSFa3RyTSSFx-tTMPY5O1Q4crQ7gpH9vjQuo1F-devaIzBnJe4Id4WerIzAIAjc3HqTXNCkZKbvUWU1tk6893Oln7w_aYd8LseV1KKJ_VVlrqz8yMb57MwpZmEWr6VP1-9yBMCUrec_tY/w300-h400/20231018_083733.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="300" /></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sapo no morro - Arquivo JRS </td></tr></tbody></table><div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2m3eqINsgb35s-ikd970JtXhy0oQ3GONDFo80Z7NEdZy8ueWSFa3RyTSSFx-tTMPY5O1Q4crQ7gpH9vjQuo1F-devaIzBnJe4Id4WerIzAIAjc3HqTXNCkZKbvUWU1tk6893Oln7w_aYd8LseV1KKJ_VVlrqz8yMb57MwpZmEWr6VP1-9yBMCUrec_tY/s3264/20231018_083733.jpg"><span style="font-size: large;"></span></a></div><span style="font-size: large;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><span> No baixio há sulcos endurecidos. No morro me canso logo. Penso no Velho "Ou mais, viva!", cujo nome era Nicolau Montanaro, conhecido também pela c</span><span>haranga que amolava a paciência. "Num morro desse ele não viveria". "Não mesmo! Mas faria brotar água, nascer vida! ". Eu mesmo me rebato.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Pernas endurecidas, pontas dos dedos que não se dobravam, um teimoso andar bamboleante. Na charanga o Velho "O mais, viva!" morava juntamente com seus apetrechos de perfurar poços. Ah! Tinha um cachorro também! Repetia costumeiramente que estivera na guerra, parecendo um soldado estropiado. Olhava distante enquanto sorvia um aperitivo. Se equilibrava pelos caminhos, só se agachava para pegar uma flor e entregar a qualquer criança que encontrasse adiante.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Hoje, bem cansado, subindo um morro desse, penso: "Há tempo deve ter morrido Nicolau Montanaro, o Velho "Ou mais, viva!" da minha adolescência. </span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-90822848142993589342023-12-04T23:54:00.000-08:002023-12-05T00:06:16.599-08:00RAÍZES <p style="text-align: justify;"></p><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUQRtWwGmiW_kNPLj8UptWWqAzY-FOOqkI3XisGTeeDyUYDcOmA3sEu-Sm5LncdV4Hjx3QNNzzg7LP6DuYazv915U5ernzUdtAG9C21dpL1Z4wAP7dePnfYxH6dxwK37GBm1RPVo8CdPlVp0LK-_nNE0ibQqvlr-2yUP-tLKvVnYHp2ymDMkXJffTlDd4/s3264/20230920_174905.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="2448" data-original-width="3264" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUQRtWwGmiW_kNPLj8UptWWqAzY-FOOqkI3XisGTeeDyUYDcOmA3sEu-Sm5LncdV4Hjx3QNNzzg7LP6DuYazv915U5ernzUdtAG9C21dpL1Z4wAP7dePnfYxH6dxwK37GBm1RPVo8CdPlVp0LK-_nNE0ibQqvlr-2yUP-tLKvVnYHp2ymDMkXJffTlDd4/w400-h300/20230920_174905.jpg" width="400" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Olhando o tempo - Arquivo JRS </td></tr></tbody></table><div style="text-align: justify;"><br /></div><span style="font-size: large;"><div style="text-align: justify;"> Santiago Bernardes vasculha suas lembranças e nos conta um pouco mais de suas raízes. Valeu, Santi!</div></span><div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-large;"><br /></span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Meu bisavô foi poeta. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Num tempo muito antigo. Que vou aos poucos recuperando vestígios. Hoje, perto do mar, chega às minhas mãos um livro que ele escreveu. Na juventude. Ele que nasceu em 1854, morreu em 1931, há quase cem anos e tem uma filha ainda viva, com 106 anos! Minha tia avó. Uma travessia de três séculos! </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Poemas que o tempo preservou em folhas amarelecidas, mas que em alguma mesa em noites de velas, a mão em silêncio escreveu. Há mais de cem anos. Há mais de cem anos a poesia corre nas veias, que tem sangue de muitos povos e histórias de muitos lugares. Chão de mar caiçara, chão de terra caipira.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Escrever, a que será que se destina?! </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Ficam os livros, as palavras ficam, nós passamos e depois de muitos anos quem fica pensando ao ler, imaginando quem foi que escreveu tudo aquilo?</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">O velho bisavô pertenceu a um mundo distante. De fazendas de café, lutas entre monarquia, república e abolicionistas. Fez coisas de seu tempo e fez outras que pertenciam a um tempo futuro.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Escreveu. Livros, poemas, artigos, peças, jornais, viajou, construiu rede de abastecimento de água e saneamento em cidades enquanto brigavam contra vacinas, (sim, já naquele tempo). Quase conseguiu trazer o trem de ferro para Ubatuba. Fez política, filhos, filhas. Lutou pelas coisas que achava justas. Venceu, perdeu! Como é da vida ser. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Quando eu era menino um dia achei um retrato num recorte de jornal, os mesmos olhos, meus e de minha mãe. Quis encontrá-lo um dia, mas somos de tempos muito distantes. Ficou o mistério e as histórias que minha mãe contava enquanto costurava na velha máquina em frente à janela. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">O sol passou tanto em frente à moldura dessa janela que um dia crescemos. Minha mãe costurou seu tempo no mundo e juntou-se ao bisavô.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Hoje, em frente ao mar da terra de minha bisavó caiçara, refletindo lonjuras do tempo e do mundo. Tão pequenos que somos como areia nas páginas de um livro no vento. Escrevo, que escrever é herança, legado que deixarei também um dia.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Eu penso no velho bisavô que não conheci no tempo, mas que vou descobrindo aos poucos, um mundo. A nossa vida é feita da vida de muitos que nos antecederam, assim como as lutas.</span></p></div>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-10602715767747743482023-12-04T02:12:00.000-08:002023-12-17T16:48:26.556-08:00MÃE E FILHOS<p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFbZeSIOsv5-5OO_BlqF0ZaispbcXQU-LGV13h3mLDUKzwiT4zvAvquKXWXHlCwr-YstQymTUPSPpMt-YGhupb-Pgf4QMzeWIuETKq20qNn_dkQ6qfvieCqxz8qDOkaaRZPyqQbCkS6msLp5Hsg3T08W6esXvsWiWATGhnqhhn6gkEKc25dlFNYYM_938/s3264/17016846906764397792630880412514.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3264" data-original-width="2448" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFbZeSIOsv5-5OO_BlqF0ZaispbcXQU-LGV13h3mLDUKzwiT4zvAvquKXWXHlCwr-YstQymTUPSPpMt-YGhupb-Pgf4QMzeWIuETKq20qNn_dkQ6qfvieCqxz8qDOkaaRZPyqQbCkS6msLp5Hsg3T08W6esXvsWiWATGhnqhhn6gkEKc25dlFNYYM_938/w300-h400/17016846906764397792630880412514.jpg" width="300" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> A mãe estava exaurida, cuidando das três crias. O pai? Ninguém sabe quem é. Uma varanda servia de abrigo aos sofredores. Sempre haverá gente a falar mal, querer reprimir, expulsá-los para os caminhos. Certa está a minha companheira ao desmascarar as hipocrisias: <i>"Se eu não puder ajudar esses coitados, eu não vou atirar atirar pedras. A vida já os massacra demais. Ninguém escolhe essas condições porque acha bom".</i> Viver ao relento, depender da misericórdia dos outros, dos restos encontrados jogados pelos caminhos. Sofrer ainda mais com as condições climáticas nem sempre suportáveis sem ao menos um papelão para se esquentar. Sempre estou escutando comentários favoráveis à morte dessas criaturas marginalizadas. Me enche o coração quando alguém oferece comida, remédio etc.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Olhando aquela mãe, vi o seu cansaço, mas cuidando da melhor forma dos seus pequenos: com paciência, raramente se separando deles. Apenas a fome a obriga a umas escapadas. Me pergunto sobre o destino de tais criaturas. Como sobreviverão neste mundo? Quais comportamentos desenvolverão para conseguirem sobreviver? </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Cada um de nós é o resultado de lutas por sobrevivência ao longo do tempo. Imagino os primórdios, quando a fome ditava comportamentos de forma acentuada, resultando em mortes. É tão diferente de hoje? Também acredito que nesse tempo surgiu a solidariedade, a compaixão para com os mais fracos, com deficiências físicas etc. Surge a moral, se desenvolve a ética a respeito das diferenças, das diversidades, das fragilidade em todos os aspectos. Paro de escrever. Escuto a chuva. Sei que lá fora, em alguma varanda, uma mãe se abriga com suas crias. Conforme escreveu alguém, <i>"Está aberto o caminho para novas versões e refinamentos da hipótese da alma".</i></span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-41285640297880711412023-12-01T02:29:00.000-08:002023-12-17T16:52:44.143-08:00O GALO NÃO CANTARÁ<p></p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1375" data-original-width="1224" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiytXTc3IrnO2lElvew_mWycNQ2B8SIO-pHsDYXcQRioUsZAdH4KOPCLpSrFd32E25UiUDytUs4ODL2a6yrbcQyM-xfI2oOtJxOjEjxhsBAN06tmnpHNvG85veFgutRaZcPOGv4Hr0tphfnyeOuEzsAGGY9INObtp98aaCcUFs6KRlJhUXQkFHHKFoF_TI/w356-h400/20230923_153816-1.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="356" /></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Observatório - Brazópolis 2023 - Arquivo JRS</td></tr></tbody></table><div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiytXTc3IrnO2lElvew_mWycNQ2B8SIO-pHsDYXcQRioUsZAdH4KOPCLpSrFd32E25UiUDytUs4ODL2a6yrbcQyM-xfI2oOtJxOjEjxhsBAN06tmnpHNvG85veFgutRaZcPOGv4Hr0tphfnyeOuEzsAGGY9INObtp98aaCcUFs6KRlJhUXQkFHHKFoF_TI/s1375/20230923_153816-1.jpg"><span style="font-size: large;"></span></a></div><p></p><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><i><br /></i></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><i> "Tá chegando o tempo de Reisado, né Zé? Só que eu tenho uma péssima notícia para você: no Dia dos Santos Reis não vai ter galo cantando". </i>Quem me deu esta informação foi o amigo João. <i> "Por quê?".</i> Fiquei atento à resposta. Eu soube imediatamente que ele se referia ao conhecido imitador de galo (cantando no momento certo diante do presépio da igreja). Faz parte da tradição caiçara, no dia 6 de janeiro de cada ano, prestigiar os grupos que se apresentam e ouvir o galo cantar. <i>"O galo não vai cantar porque o moço não é mais católico. Agora segue uma religião que não aprova isso".</i> Me surpreendi. Não teve como não dizer: <i>"Ó dó, né? Mas foi escolha dele. Deve estar feliz". "Sim" -</i> continuou o João - <i>"Agora ele vive enfurnado em casa, estudando a Bíblia e os ensinos da igreja em grupos virtuais. Não participa de nada, parece até que tá adoecendo. Eu lamento muito, mas digo que é um atraso de vida deixar de participar das atividades folclóricas, das manifestações populares; deixar de lado tantas amizades de alegres eventos. Isso é doença, Zé</i>". <i>"Pode ser mesmo. Assim vai entrando nessa moral de rebanho, aceitando coisas absurdas, alimentando sistemas cruéis. É o que chamamos de alienação. Muitos grupos, sobretudo religiosos, vão deixando as pessoas nessa situação. Na verdade, se aproveitam delas. São os seguidores fiéis que sustentam essas organizações (que se tornam potências dominadoras de mentes e corpos). É uma pena, amigo. Pior é não ter galo cantando na noite dos Santos Reis. Fazer o quê, né?", </i>Que tal refletir sobre as relações de dominação que as falas, os discursos. escondem?"</span></div><p></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2646490291474191911.post-48108791780063545452023-11-30T01:41:00.000-08:002023-12-17T15:01:56.444-08:00FANDANGO CAIÇARA<p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6RySSnB1H7sqIWGZ3Fdv8qZgEwXPA9wnGAjowdYf19hi6SO_V9KIu5CH6Xfdo5idqqfb20d9uJsCEwxGleB0GgwbZOQZFAdJoOQH31ukWoXG7ECKAGYLM3BdkNG0hsIy2VJEQIIz8Rw3joyjzkmquXYWPNbuiSG7rT92JVky5ay0oDJkOO0z5TXGyuCU/s1080/IMG-20231127-WA0017.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1065" data-original-width="1080" height="316" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6RySSnB1H7sqIWGZ3Fdv8qZgEwXPA9wnGAjowdYf19hi6SO_V9KIu5CH6Xfdo5idqqfb20d9uJsCEwxGleB0GgwbZOQZFAdJoOQH31ukWoXG7ECKAGYLM3BdkNG0hsIy2VJEQIIz8Rw3joyjzkmquXYWPNbuiSG7rT92JVky5ay0oDJkOO0z5TXGyuCU/s320/IMG-20231127-WA0017.jpg" width="320" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjpjL628HfeFgL0_FTftNCL9Rwt6O2QyXROhZ1li9Nud8_mtrkx4xrQXZej_P7Vs3ngQxI6XjpaZarPqAvWXCzw62JT3y3OQwrIcjSgnFZQya00XiyK2KrWpxCwSPhH8Y_C_K7FFD3RyOmdjkLwKi1XqOOTYtc4RrkLKFacez5TstOb4qOBx-dObQPxyU/s400/DSC09701.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="300" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjpjL628HfeFgL0_FTftNCL9Rwt6O2QyXROhZ1li9Nud8_mtrkx4xrQXZej_P7Vs3ngQxI6XjpaZarPqAvWXCzw62JT3y3OQwrIcjSgnFZQya00XiyK2KrWpxCwSPhH8Y_C_K7FFD3RyOmdjkLwKi1XqOOTYtc4RrkLKFacez5TstOb4qOBx-dObQPxyU/w480-h640/DSC09701.JPG" width="480" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gente que faz - Arquivo JRS</td></tr></tbody></table><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> 17 de novembro de 2019. O dia amanheceu lindo, com uma claridade esfuziante. É dia de pitirão. A caiçarada e os novos caiçaras, adeptos da nossa cultura, foram convidados para o embarreamento do Rancho Caiçara, na praia do Perequê-açu. Bem-vindo, pessoal! </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Cheguei cedo, mas o Rochinha e o Tião já começavam a transportar o barro, a ocupar o espaço de masseira. Logo foi chegando todo o nosso pessoal, homens, mulheres e crianças. Molhar barro, sovar bem com os pés, molhar, sovar de novo e perceber o ponto ideal para embarrear. É quando todo mundo mete a mão no barro para preencher os vãos do pau a pique. Que festa! As histórias e os causos não podem faltar em ocasião assim. No mesmo ritmo da odisseia do barro, algumas pessoas vão preparando o de comê. Até batata-doce foi assada junto com as carnes. A consertada era farta. Da minha parte, na garrafa de azeite, deixei a pinga com cambuci, em homenagem a um grande líder. A Roberto e Ostinho, recomendei ao partir: “Cuidem da ‘criança’, viu!”.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Pitirão é o nome original de mutirão. A origem é tupinambá: pitirum; quando as pessoas se juntam para um adjutório, para um trabalho em comunhão. O pitirão que mais marcou a minha vida foi na nossa casa, no morro da Fortaleza. Lá, onde debaixo da aroeira do terreiro, nós avistávamos todo o mar da baía e de mais longe, onde os navios passavam soltando grossos rolos de fumaça. Naquele dia distante, veio gente até da praia Grande do Bonete, mostra da grande irmandade caiçara. Tal como se repetiu no Rancho Caiçara, logo a grande tarefa estava pronta. Antes mesmo do fim já tinha peixe assado, café, farinha e cachaça. E muitas histórias, lógico! </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;"> Hoje, quatro anos depois daquele dia do embarreamento, ao ler o anúncio da 6ª Festa do Fandango Caiçara, fico muito feliz que seja no Rancho Caiçara, cujo nome homenageia a saudosa Dona Antônia dos Santos Mariano. Ah! Tem muitas mãos envolvidas naquele espaço, naquela edificação! Parabéns a todas e todos que sustentam a cultura caiçara!</span></p>José Ronaldohttp://www.blogger.com/profile/11757296373237241037noreply@blogger.com0