sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O ESTUDO NO CADERNO DE HAMAKO


Manzarrata: você já comeu? (Arquivo JRS)

                 Estamos finalizando mais um ano letivo, com previsões sombrias para o próximo devido à lei que suprime algumas disciplinas do Ensino Médio, sobretudo aquelas que mais contribuem para o aperfeiçoamento da cidadania. Estou me referindo à Filosofia e Sociologia. Recorrendo a tais expedientes é que uma minoria consegue se manter dominando uma maioria, implantando um modelo de sociedade espoliadora, destruidora do meio ambiente e fazendo crer que apenas o consumismo (o ter) garante a felicidade. Acabei de chegar do Horto Florestal, da Fonte da Amizade que fica dentro da Estação Experimental. Para quem não sabe, a fonte é num pequeno morro rodeado de plantas, aves etc. Só o fato de estar ali já experimentamos uma paz. De repente, alguém que chegou de carro diz: "Por que essa água não é canalizada até a beira do asfalto, facilitando a vida da gente?". Não resisti: "Porque as pessoas não valorizam aquilo que está muito fácil. O legal é fazer esse mínimo esforço, sentir esse perfume do ar, escutar esses sons e fazer amizades. Tomara que continue aqui essa água!". Acho que a Dona Hamako concordaria comigo. Até diria: "Felicidade é isso, Zé!".

       O estudo
               Estudar japonês era muito bom porque o professor só falava em japonês. A hora de aprender o brasileiro era tão difícil! Nem eu e nem meus amigos sabiam falar o português. A professora falava, mas ninguém estava entendendo nada.
               A Matemática era fácil para mim e meus colegas porque aprendíamos nas aulas de japonês. História, Geografia, Ciências e outras matérias a gente decorava tudo, todas as palavras e letras, porque a gente não sabia trocar as palavras. Por exemplo: bonito, lindo.
               A professora falava para formar as sentenças com gato, cachorro e todos os animais. Se ela falasse que os gatos pegam os ratos, assim a gente escrevia, não mudava uma palavra porque não sabia escrever.
               As nossas brincadeiras era só falando em japonês.
               Na escola não tinha diretor porque era uma escola mista. De vez em quando a professora falava: “Hoje vem o inspetor, por isso vocês não podem falar a língua japonesa”. A gente ficava quieta.


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Um comentário:

  1. Concordo, Zé. Manter a ignorância é a forma mais cruel da manipulação.

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