sábado, 30 de abril de 2011

Mané Hilário (Parte 13)



A cadeia pública

         Eu não peguei a construção da cadeia [da praça, onde é atualmente o museu]. Eu conheci ela ali mesmo, naquele lugar. A cadeia, a igreja, o sobrado do porto, os prédio do coroné Chico Gonçarves, que era ali aonde agora é dos crentes... que era o cinema. Ali tinha um sobrado grande, né? Esse eu arcancei ali.

Idalina Graça

         A dona Idalina Graça? Eu vendi muito peixe pra ela. Ela tinha uma pensão. Era como Idalina Graça: a pensão Idalina. Era ali do lado [do cinema antigo, na praça da Matriz]. Ela recebia muitos turistas. Ia na praia, nós tava vendendo; ela ia lá na praia comprar peixe. Idalina era uma senhora muito boa. Ela veio de Santos pra cá. Ela era muito unida com o Filhinho [da farmácia] sobre negócio de escrever essas coisas assim, né? Idalina era muito boa, muita simplicidade. Eu vendi muito peixe pra ela. Ela encomendava pra mim. Eu vendi pra ela.

Casarão do Porto

         Lá não tinha nada; era tudo fechado. Eu dormi no sobradão, lá no último sote de cima eu dormi numa ocasião. Eu era pequeno; nós morava do lado. E eu fui dormir porque a dona do sobrado, Benedita Baltazar, a velha, eu conheci. Conheci a Benedita Baltazar e o filho. Eu conheci. O filho chamava-se Oscar e ela era Benedita. Era uma senhora de boa aparência, bonitona, né? Cabelo penteado, fazia aquela rodilha aqui no arto da cabeça. Que nem uma italiana faz, ela também fazia. Ficava lá em cima, no sote, fazendo crochê. Ela ia embora, passava lá três, quatro, cinco meses e vortava traveis de novo aqui. Depois, muito tempo depois, ela foi embora e não vortou mais. A viúva, né? Agora, o velho Bartazar mesmo, esse eu não conheci. O Bartazar Fortes eu não conheci.

Júlio: Seo Manoel, o senhor lembra bem do meu avô, né? O Lindolfo. Era muito amigo do senhor.
M.H.: Era. Nós saía no bloco de carnavá, tudo. Ele, o Lindorfo, o Arnofo (que foi morto picado de cobra), o Ardofinho, que era maestro de música. O Ardofinho: trabalhei na padaria com ele muito tempo. Um dia... uma noite eles ficaram trabalhando na padaria. Eu fui com o Ardofinho tarrafeá. Ele falou: “Maneco, vamos matá uns parati pra nós comê assado. Aí fui. Fui com ele. Chegamo lá ele tirou o chinelo, botou na beira do rio e pegou a tarrafeá. Ah! Matemo um cesto grande cheio de parati. Cada parati!!! Ele vai procurá o chinelo. Cadê? A maré tirou fora o chinelo. Veio ele descarço patinando por meio da cidade que nem bicho.
        
(Neste momento perguntei para confirmar se ali, atrás do casarão, tinha um mercado municipal)
M.H.: Não, ali não tinha. Ali não teve mercado. Perto do portão do grupo fizeram um salão. Era casa de morada. Depois fizeram um salão grande que nós dançava baile no tempo de carnavá.      Dancei muito baile. Aonde tinha baile eu tava rente. Hoje não posso mais; a perna não ajuda. Hoje eu gosto de vê. O coração dá umas mordidas, mas... o que eu vou fazê? Não posso mais, né? O que os olhos não vê o coração não sente. Mas eu gosto de tá olhando! E... tudo acaba!

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