sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mané Hilário (Parte 5)

Estevan e o laguinho - Arquivo JRS

Questão 1: O que era o bagre urutu?
M.H.: Bagre urutu era um bagre amarelo grandão, que nem o bagre cumbaca. Só que amarelo. Cabô. Não existe mais. Que fim levô esse pexe? Ah! Batida de arrastão! A pesca de parelha começô quando eu tava com uns setenta anos pra cá; daí pra cá. Não tinha lancha, não tinha nada. As tainha que a gente matava o povo todo aproveitava pra  dá em toda casa. Os pais que eram camarada trazia aquela tainhada. Escalavam tudo porque não tinha pra quem vendê. Era tudo escalado. Agora, depois que pegô a chegá lancha, barco aparelhado, aí então tanto vendiam como eles também matavam. E isso acabô co’a tainha.
         O rio do Perequê-açu tinha muito pexe. Prendiam um cerco de taquara; botavam um covo. Sabe o que é um covo, não sabe? Quando chegava a hora de visitá o covo, tinha o prático que chegava e dizia assim, que nem o Gardino da Barra, um senhor de cor que era moradô daqui, depois morreu: “É, nóis não damo conta do pexe que tá no covo!”. E nóis era molecote, então ia pra lá ajudá eles tudo, aquela tranquera de homi. Passava uma corda por baixo do covo –assim, de um lado e de outro– e vinha rolando, rolando.

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