terça-feira, 19 de abril de 2011

Mané Hilário (Parte 7)



Enxergando o sagrado em tudo

         Agora, escama bonita é mesmo de tainha! Ela tem a fotografia, a imagem de Nossa Senhora. Já viu, né? Tem a imagem perfeitinha. É o único pexe que tem a imagem de Nossa Senhora. Todo pexe é mandado por Deus. É o pexe mais sagrado. É um pexe orgulhoso. O pessoá tem...tem essas coisa toda.
         Eu tenho uma anedota contada pelo pessoá antigo:  que no sul, um senhor que era dono de uma rede num dia matô setenta mil tainha. E quando chegou no outro dia, ele com a rede na preia, vinha outro cardume de pexe. Antes disso, uma senhora foi pegá uma tainha no monte de pexe. Ele reclamô da mulhé pegá tainha. Achô ruim. Então, um camarada foi lá e pegô uma tainha e disse: “Tá, leva a tainha. Com tanta tainha que há aí, tá ridicando? Só desconta do meu quinhão”. Ela levô a tainha. Quando chegô no outro dia cercaram um outro cardume de pexe enorme. Pulou uma tainha por cima da água. E puxaram a rede e veio uma tainha. Aí ele perguntou: “Mas como pode sê um caso desse? De nóis cerca pexe mais que nóis cercamo ontem e trazê uma tainha?”. A mulher que tava na preia respondeu: “Foi a tainha que o senhor negou para mim”. Eu tenho isso gravado aqui. Se foi verdade eu não sei. Eu tenho isso contado pelos antigo, né? E, então, eu ouvi aquilo e guardei. Por que, num meio de cerro na preia, negá uma tainha? O que é isso naquela fartura tudo? É pra ter argum castigo, né?

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