domingo, 1 de maio de 2011

Mané Hilário (Parte 14)

A luz elétrica

         Ah! Da luz elétrica só na frente da cidade. Só ali na frente. Só tinha nove postes com luz. No Itaguá não tinha nada; no Perequê-açu não tinha nada. Só  no centro da cidade. Depois que morreu o Oto lá na luz, ele e um primo meu, de doze anos o rapaze, e, o animá, o cavalo do Oto. Aí levou um bocado de tempo sem luz, sem nada. Depois tornou a vortá traveis, de novo, mas veio pouca coisa, né? Depois foi aumentando e chegou nesse ponto que tá agora. Quem trouxe a luz para Ubatuba foi um alemão. Agora... dele eu não tô mais alembrado. Só alembro do Oto e um outro que... depois o outro morreu também aqui. Outro veio pra cá também, ficou aí, foi embora também e depois não vortô mais. Tinha duas filhas; morou ali na... ao lado da casa do Jango Teixeira mesmo. Depois não vortô mais para cá.

O buraco da Dita

         O buraco da Dita, né? É porque ela [Dita] morava do lado. Ela tinha...era ela, o filho (Antonio Bento) e uma neta, filha do Antonio Bento: a Benedita, que às vezes eu falo aqui em casa dela, era bonitinha pra danado! Foi embora. Casou com um português e não vortô mais pra Ubatuba. E a Dita faleceu aqui mesmo. Então, todo mundo olhava e... “Ah! O buraco da Dita, o buraco da Dita! Esse buraco da Dita vai saí na prainha”. Então eu dizia: “que diacho de buraco mais grande que vai vará de um lado pro outro!?” Mas não é não... é conversa do pessoá, né? Ainda tem lá o... Agora, na semana passada, eu passei de carro lá, olhei e disse assim: “Olha o buraco. O buraco da velha Dita tá ali. Ela se foi e o buraco ficou”.

Sobre o padre alemão (João) e a fábrica de beneficiar caxeta
(Nota-se neste momento que ele confundiu dois padres: o padre João e o frei Pio. Ambos foram empreendedores, mas viveram em épocas diferentes no século XX)
         Não alembro. Isso não sei. Sei que o padre João tinha um estaleiro no Ubatumirim. E de lá ele tinha um barquinho que trazia material pra cá, pra cidade. Às vezes até pessoa mesmo, de lá do Ubatumirim, vinha com ele no barco. Trazia farinha, trazia tábua, madeira... prá ca pra cidade... o padre João. Mas que tivesse fábrica de tamanco ali não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário