domingo, 12 de setembro de 2021

BOI NA FLOR

Flores no quintal   (Arquivo JRS)


    "O boizinho do Veiga, por nome de Canarinho, se esparramou no caminho do Perequê-açu, bem ali por perto da casa da Dita, onde tem aquele buraco no morro. Foi assim. Faz tempo isso. O pessoal vinha vindo pro carnaval, naquela maior animação, cantando, tocando e dançando. De repente, por ali por perto tinha umas vacas e uns bois pastando. Nem sei quem era o dono dos bichos. Só sei que aquele furdunço causou a correria das vacas mato adentro, na direção do mangue, mas o touro não se amedrontou. Ele já era bravo, ficou mais enfurecido ainda, partiu para cima do grupo. Enfrentou aquela gentalhada que havia botado as vacas em correria. Todo mundo fugiu, mas o Canarinho ficou ali, levando cabeçadas e chifradas a torto e direito. Por fim, depois de muitas pancadas, acabou sendo jogado em cima do canteiro de flores da finada Dita, estragando todas as suas plantas. Ela chorava de raiva. E agora? Fazer o quê? O jeito foi o Veiga retornar ao sertão do Taquaral sem festejar como pretendia. Chegando em casa, assim me contou a Maria Chana, ele fez outro boi, com o mesmo nome. E no dia seguinte, logo depois do almoço, novamente o grupo de dança se dirigiu à cidade. Só que dessa vez cada um deles levava um bambu comprido caso o gado estivesse no mesmo lugar. Ah! E para compensar a Dita, alguém da turma lhe deu de presente uma galinha com cinco ou seis pintinhos. Dizem que ela ficou contente. Ainda hoje, quando passo diante do 'Buraco da Dita', dou risada sozinho lembrando do coitado do boizinho".

     Quem me contou essa história do Boi Canarinho, do Mestre Veiga, do Taquaral, foi o saudoso Mané Hilário. Ah, faz tempo!

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