sexta-feira, 24 de setembro de 2021

MOMENTO LITERÁRIO - PRÁTICAS ANTIRRACISTAS

 

Canoa em Ilhabela - Arquivo Rê

     Tudo começou com um convite para eu participar de uma reunião. Na pauta, as práticas antirracistas. Em seguida, constatando que possuímos na escola uma razoável bibliografia dentro do tema negritude, fiz a proposta de estudo e reflexão no assunto.  O livro-base  é  Práticas Antirracistas, de Djamila Ribeiro.  O pessoal topou e assim nos organizamos para este momento e outros que virão. O sucesso inicial está garantido com a condução do pessoal da área de Linguagens e códigos, com Milene e Núbia nos motivando em duas partes: 1- Informe-se sobre o racismo; 2- Enxergue a negritude.

     Um detalhe: para abrir o nosso encontro, ainda que por acaso, se encontrava no espaço da Sala de Leitura a companheira do Júnior, a Laslane. Ela trabalha como cozinheira na costa sul de São Sebastião. Por ser negra e se orgulhar disso, sua coragem e seus relatos abriram, com chave de ouro, o nosso Momento.

     O que justifica assumirmos este desafio parte da História: por volta de 500 anos atrás, logo após a chegada dos portugueses, os negros foram trazidos da África como escravos. Depois de tudo, após tanto tempo, ainda prevalece o ponto de vista dos vencedores, dos opressores. Quem conhece bem a verdade de Palmares, da revolta dos Malês, da Chibata etc.? É aos poucos que a ciência do outro lado, daquilo que foi vivido pelos oprimidos, está aparecendo. É revelado conforme a negritude aflora e faz valer o seu protagonismo.  

Na introdução, apontei algumas verdades surgidas na leitura do livro, das Práticas Antirracistas.

Verdade 1:  o povo negro foi escravizado e aqui permaneceu nesta condição por mais de 350 anos.

Verdade 2:  mesmo quem busca ativamente a consciência racial já compactuou com violência contra grupos oprimidos.

Verdade 3: o racismo exige um debate estrutural; é um sistema de opressão que nega direitos.

Verdade 4: ainda prevalece a mentalidade “casa grande e senzala” no país.

Verdade 5: querem que acreditemos que a escravidão no Brasil foi branda, que somos uma democracia racial etc.

Verdade 6: o silêncio de cada um de nós nos torna ética e politicamente responsável pela manutenção do racismo.

Verdade 7: se pessoas estudadas, inclusive professores e professoras ainda encontram dificuldades para avançar em toda a verdade acerca disso tudo relacionado ao movimento da negritude, imagine aos demais homens e mulheres deste país!

     Finalmente, para passar a palavra e ver brilhar a estrela das colegas Núbia e Milene, li a seguinte mensagem proferida por Paulo Paim, senador negro pelo Rio Grande do Sul, em 12/07/2021: “Nossa solidariedade ao povo haitiano, que há décadas  sofre com a crise econômica e políticas, golpes de Estado, pobreza, miséria, fome e desigualdade social ao extremo. O Haiti não recebeu sequer uma dose de vacina contra a covid-19. É muita falta de humanidade. Lamentável”. Quais motivos? Porque seus habitantes são negros, descendentes de escravos... Porque a nação haitiana foi espoliada em demasia... Porque o Haiti é um lugar extremamente pobre... Porque está fadado ao desaparecimento...etc. Infelizmente, o ponto de partida dessas pérfidas atitudes é a cor da pele. O que chamamos de racismo é apenas uma das formas discriminatórias inventadas por homens para explorar outros homens. A lógica desumana norteadora é esta: "Eu diminuo o outro para poder me aproveitar dele, viver às custas do trabalho dele".

Em tempo: o nosso amigo Alexandre, especialista em mídias, gravou o encontro, está na plataforma do You Tube. 

2 comentários:

  1. Momentos como esse deveriam ser frequentes, Zé! Infelizmente, muitos professores e professoras estão presos a ideias fascistas.

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  2. Infelizmente, Jorge. Aonde vai parar uma Educação com gente assim?

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