sexta-feira, 1 de junho de 2012

A LÓGICA DO CHIQUINHO FIDÉLIS

Imagine o Chiquinho Fidélis enfrentado ressaca na Praia da Fazenda!
                O Chiquinho Fidélis sempre trabalhou como carroceiro, mas teve um tempo que resolveu experimentar algo novo: comprou um carro usado para continuar fazendo o seu serviço, ou seja, enfrentar os caminhos barrentos dos tempos d’antes em seus fretes de areia, pedra, tijolo etc.
                De vez em quando, quase que regularmente, o  veículo atolava, derrapava até soltar uma fumaça fedida e escandalosa dos pneus. Dava um trabalhão ao coitado e às pessoas que se compadeciam da triste situação, que se dispunham a ajudá-lo. Enfim, não demorou muito para que o Chiquinho passasse o problema adiante e se voltasse à carroça puxada por cavalo. Quem lhe arranjou tudo novamente foi o Modesto, o último funcionário da prefeitura a recolher o lixo da cidade de  Ubatuba em carroça. Pessoalmente, acho que fez bom negócio!
                Quem me contou isto foi o velho Maneco Salomão:
                “Numa ocasião, ao ver o esforço do animal em conduzir a carroça de rodas de ferro pelos caminhos da Marafunda, comentei com o compadre Chiquinho para trocar as rodas de ferro por pneus de borracha. Rende mais, não atola, alivia mais o animal e o condutor.
                Por que que eu fui falar isso! No mesmo instante, parecendo uma curruíra choca defendendo o ninho, ele rebateu: ‘Nada disso! Então eu não tive carro e não sei que ele vive derrapando até soltar fumaça? Um pneu assim é capaz até de assustar o cavalo. Deixa assim que está muito bom! Eu tenho experiência; sei que tá muito bom!’.
                Saí dali dando risada sozinho. Será que o compadre imaginava o pneu rodando com uma força dele mesmo, sem ser puxado pelo animal? Não sei o que se passava na cabeça dele. E nesse ritmo ele levou a vida por muito tempo”.

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