Beleza no céu - Arquivo JRS |
Mais um ano que começa. Por enquanto eu olho o tempo e me preocupo com gente nossa ainda apoiando discursos de ódio de gente transvestida de patriota, mas que na verdade está cheia de cobiça e maldades, almejando se apoderar do esforço alheio, entregar as riquezas do Brasil ao estrangeiro.
Como podemos mudar essas mentalidades dos que querem o sucesso dos ricos e o pior dos mundos aos pobres e ao meio ambiente? Acham o máximo a ostentação às custas de quem trabalha na insegurança das leis trabalhistas, dos piores transportes, das péssimas condições de moradia, das ameaças nos campos, das perseguições às minorias, do racismo, da negação à autonomia dos povos, da escola, do ensino e da saúde em precarização, dos campos agrícolas envenenados, das matas devastadas, dos mares e rios perdendo vidas, da privatização da água que bebemos e da energia que consumimos, de incêndios criminosos que destroem florestas, animais e povos nativos, de mineração em terras indígenas que devastam tudo e arrasam lugares inigualáveis, da insegurança à juventude, das mídias forjando a submissão das mentes, negando a autonomia do pensamento etc. Aonde vai parar tudo isso? Por outro lado, me sustento em exemplos de gente lutando contra as injustiças, alimentando os mais necessitados, mostrando solidariedade de verdade às causas de quem é injustiçado, porta doenças no corpos e mente. Desejo muita força a essa gente! São profetas e profetisas de uma civilização que se degenera.
Só há uma multidão desamparada porque corações endureceram, aceitaram as piores coisas como naturais dizendo que “esta é a vontade de Deus”. São alienados que partem para desmerecer pessoas fragilizadas, de origens humildes; que historicamente sempre foram exploradas e perseguidas. Ou, ao contrário, usam um discurso emocional a fim de cooptar mentes, ganhar votos e adeptos até mesmo para serem descartados após suas conquistas espúrias, tipo golpe de estado, fim da democracia e dos direitos ambientais, humanos etc. Pior ainda é quando tem gente nossa pedindo a pena de morte, ajudando nas barbáries que brotaram de planejamentos de uma minoria neste planeta! Quando eu imaginaria privatização das praias? Quando eu vou aceitar a existência de latifúndios maiores do que muitos países? Quando eu vou achar normal usar a tecnologia e os conhecimentos desenvolvidos pela humanidade para excluir a maioria da população? Jamais caiba isso em meu ser!
Mais um ano que começa. Por enquanto eu olho o tempo e penso nos meus desejando que não sejam contaminados pela ideologia reacionária, egoísta, contrária à partilha. Não é este mundo de maldades que devo aceitar. Aos meus e às futuras gerações eu apenas desejo o melhor dos mundos e espero fazer a minha parte, deixar a minha melhor contribuição. É isto por enquanto. Abraços e cheiros a vocês nas palavras de Guimarães Rosa: "Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura".