terça-feira, 28 de outubro de 2025

ÁGUA SEM VIDA É...

 

Bandeira verde - imagem internet

  Uns dias atrás eu me deparei com a imagem de uma placa muito chocante em torno da realidade do nosso mar  que causa muita tristeza e preocupação. É certo que ao longo dos anos ele vai perdendo vida. Quem perde  vida também não gera vida. Pelo contrário, gera morte. Na verdade, não é apenas o mar que está morrendo; nossos rios também estão no mesmo caminho. Foi-se o tempo em que podíamos tomar água de qualquer regato, se banhar em qualquer rio, se alimentar dos peixes deles. Canos de esgotos são visíveis em qualquer ribanceira, tudo o que não presta mais  é descartado nos veios d'águas, nas margens dos rios ou até mesmo dentro deles. Aquele óleo, as sujeiras do vizinho sem-noção, sem educação, que regularmente lava os veículos na calçada, acabam escorrendo para o rio mais próximo. Para onde vai tudo isso? Para o mar! Duvida disso? Vai na beira do mar, na praia, depois de uma chuva forte e veja o que está encalhado com a ciscalhada. Vai lá! 

  Agora me diga: como iremos à diversão nas praias e rios sabendo de tudo isso? Eu, há um bom tempo, me contento em apreciar de longe essas nossas belezas. Poucas praias mais isoladas me inspiram confiança em me banhar e ficar na areia. No entanto, a maioria das praias estão lotadas de turistas, as cidades continuam a produzir mais esgotos sem o tratamento adequado, a vigilância sanitária não consegue barrar as obras irregulares e as condutas de desrespeito ao meio ambiente, a educação escolar não alcança a conscientização necessária, os comerciantes põem o lucro acima de tudo etc. Enfim, o mar se converteu numa espécie de fossa geral, para onde tudo segue. 

  A imagem a que me referi no início deste é uma placa da empresa responsável pela verificação da qualidade das águas. O texto desperta para uma incoerência: a praia está liberada, própria para quem quiser aproveitar, desfrutar do lazer ali, mas tem um cheiro insuportável. Pode isso? Nas minhas manhãs, indo de Ubatuba para Caraguatatuba, percebia cheiro desagradável em diversos pontos da estrada: perto do posto de gasolina na Estufa, na área do rio Jundiaquara, quase na rotatória da praia Grande, na ponte da praia Dura... Foi nessa época que o saudoso Emílio Campi escreveu um texto com um título cruel: Ubatuba cheira merda. Você acha que hoje, oito anos depois, as coisas melhoraram? Atmosfera de bosta seria o termo adequado, de acordo com o primo Zé Roberto. É, pode ser.

   Água sem vida é...

  Não nos esqueçamos: o meio ambiente saudável, a beleza deste litoral onde nascemos é a nossa "galinha dos ovos de ouro".


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