sexta-feira, 8 de junho de 2012

PROSEANDO COM ARISTEU (I)




                “Um enfermeiro aqui?”.  Esta frase eu soltei, há mais de trinta anos, ao lado do tio Salvador, quando estávamos chegando na praia da Ponta Aguda, no lado Sul do município, onde morava o até então desconhecido Aristeu Quintino, o companheiro da Odócia, que fazem parte da minha saudosa família do “pessoal do sul”. Eram eles os representantes da ASEL (Ação Social Estrela do Litoral, fundada pelo frei Pio Populin na passagem da década de 1960 para a seguinte) naquele ponto bem isolado.

                Na Ponta Aguda eu fiquei impressionado pela estrutura que, mesmo com a redução dos caiçaras, continuava a ser mantida naquele lugar. O enfermeiro era o Aristeu, um caiçara cheio de prosa, que adorava música e estava sempre arranjando um tempo para as pescarias. Naquela espaçosa casa havia salas destinadas ao ensino e aos primeiros socorros urgentes, uma cozinha para merenda e mais algumas coisas. O morro e a vargem eram ocupados pelas roças zeladas pelo casal. Era de onde saiam mandioca, cará, banana, verduras e tantas coisas essenciais à cozinha caiçara. Com eles eu morei alguns períodos que se tornaram inesquecíveis.

                O que eu pretendo escrever a partir de agora foi feito a partir de um mapa que nós (eu e o Aristeu) fizemos. Recorrendo à memória do prestimoso homem, lancei um desafio: “Você consegue se lembrar de todos que moravam desde aqui até o cemitério da Maranduba?”. A resposta dele: “É lógico que eu consigo, Zé!”. Antes da lista, preciso informar que os nomes se referem a uma época entre 1935 e 1940. Foi o cálculo do Aristeu.

                “Começando das Galhetas, a primeira praia de Ubatuba: ali moravam o João Manoel de Oliveira, o Renê Muniz e o Raimundo Muniz (que mais tarde foi morar na Figueira), o Lodônio Barra Seca e o João Barra Seca. É onde fica até hoje as ruínas da Fazenda Tabatinga, do tempo dos escravos.

                Na praia da Figueira tinha a casa do Raimundo Muniz, pai do Ambrósio (casado com a “Filhinha”, cujo nome é Maria do amparo de Oliveira), a casa do Roque Batista e a do Manoel Raimundo Muniz.

                Eu sou da ilha do Tamanduá, onde tem três praias: do Fogaça, do Sul e do Taquemboque. Foi onde eu nasci. Quem morava lá era: Antonio Correia de Mesquita, os meus pais Herondino Mesquita (casado com Hermínia Quintino dos Santos) e Manoel Correia de Mesquita (casado com Leopoldina).

                Na Ponta Aguda morava o meu tio-avô Jacinto Quintino, a Paulina Maria de Jesus (mãe do Zeca, Acácio, João, Manoel e Benedita), Acácio (filho do Manoel Quintino), Reginaldo Quintino dos Santos, meu tio. Ali perto do cajueiro, em frente à casa do Zé Palmeira, o cruel capataz da empresa Costa Verde, era onde ficava a casa  do Oliveira Quintino. Na praia Mansa não morava ninguém. Lá só tinha os ranchos de canoas de alguns moradores da Lagoa e dos caminhos dali de perto. Havia um caminho da Mansa para a Lagoa subindo pelo canto esquerdo e acompanhando o espigão do morro.

                No caminho entre a Ponta Aguda e a Lagoa, onde hoje é a casa da ASEL, era a casa do João Cardoso de Oliveira (casado com Maria Garcêz de Jesus, filha do Lourenço da Ilha do Mar Virado).

                Na Lagoa, bem no canto direito da praia, moravam o Sebastião Luís de Oliveira (pai da dona Paulina) e o Benedito José de Oliveira. Do meio até o outro canto era o lugar da Fazenda Lagoa: tem a grande ruína, o lugar do campo de futebol, da enfermaria e do rancho das canoas. Em cima, no começo do caminho para o Simão, no lugar das jaqueiras, depois do rio, morava Ernesto Ferreira dos Santos (casado com Laura Garcêz de Jesus). Em seguida, junto às ruínas da represa da fazenda, ficava a casa do Benedito João do Amaral (casado com a Maria Soares dos Santos) e a casa do Emílio (casado com Maria do Nascimento). Adiante, no lugar da pedra lascada, morava o Paulino Lourenço Garcêz. Também, bem junto dele, estavam os filhos Marcílio  e Benedito Garcêz.

                No Alto do Simão, onde até hoje está bem evidente as cavas de casas e árvores frutíferas, foram morar mais tarde o Ambrósio Raimundo Muniz e eu. Entre as nossas casas passava uma cachoeira. Depois que o Ambrósio veio para a Figueira, ficou lá na casa dele a Evangelina. Bem perto de nós moravam o Arnaldo de Oliveira e a Maria Jacinta de Jesus (casada com Antonio João de Oliveira. Era a mãe da Odócia, minha mulher. E da Filhinha). Mas tudo isso era antes de onde é a divisa da Costa Verde, que se estende até a Ponta do Frade, na costeira. Depois dessa linha, era a casa da Hermínia Quintino dos Santos e do Henrique Mesquita. Descendo o morro ficava as casas do Januário Luís de Oliveira, do Constantino de Araújo, do Luís Januário de Oliveira (onde funcionava a escola) e do Benedito Antonio de liveira. No Canto da Andorinha, bem perto do rio do Inhame, morava o Virgílio Custódio dos Santos. Depois disso era a área do Saco  das Bananas”.

2 comentários:

  1. Que saudades quando nos acampavamos na praia da tabatinga e só existia por perto a casa do Sr Joao Barra Seca. As borboletas azuis enormes voavam por todo lado. Passados anos começou o desmatamento da area, sumiram as borboletas e apareceram - turistas vorazes. Depois acampavamos na area de camping do Sr Joao na estrada das galhetas, belos tempos aqueles, lembro tb que quando voltavamos da praia - paravamos para tomar agua na bica que havia na estrada. Saudades!!!!!

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  2. Morei lá nas bandas da Praia do Simão até 1985.
    Obrigado Zé Ronaldo por esta recordação.

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