sexta-feira, 8 de agosto de 2025

VALE DO PATY

 

Lá embaixo, Ubatuba - Arquivo JRS 



Bica d'água - Arquivo JRS 

  

Hora do almoço - Imagem Rafael


Cará roxo e ova assada - Arquivo JRS 

    O dia amanheceu lindo e eu com uma grande disposição para visitar o amigo Maciel, na Serra do Mar. No município de São Luiz do Paraitinga, encravado entre a rodovia e o Núcleo Santa Virgínia, esse caiçara do Ubatumirim segue formando o seu refúgio, levando a vida da maneira mais ecológica possível. Resolvemos umas pendências logo cedo no bairro e partimos: eu, Maria Eugênia e Domingos. Uma parada no alto, na baia que dá vista para a nossa cidade. Dia claro, se avistando tudo lá de cima. "Olha o mar, Dito". Rimos das besteiras.

  Uma estrada de terra rodeada por árvores, um rio serpenteando por ali, uns passarinhos cruzando a rota, um ar puro e muita atenção aos possíveis obstáculos ao carro. De repente a placa: Vale do Paty - Pousada Casa de Pedra. "Pronto! Chegamos!". Fui descendo e chamando pelo dono da área. De imediato notei um maravilhoso pé de lima da Pérsia e vários pés de limão cravo. "Cadê esse homem?". Lá longe, onde umas vacas pastavam, despontou o Maciel. Veio todo feliz, dizendo que estava consertando  cerca para evitar a fuga dos búfalos. Fortes abraços e muito contentamento naquela imensidão de mata e céu azul. "Já almoçaram?". "Que nada! Viemos almoçar com você, trouxemos uns pães para o café". Nisso chegou o Rafael, um mestre cozinheiro. "Que bom! Vamos chegando!".

  Logo o Maciel já estava picando ingredientes para juntar na panela. Do lado de fora, protegido por uma beira de telhado, o fogo foi avivado. Lenha é que não faltava ali. O mano Mingo começou a registrar em fotografias as particularidades da casa, a criatividade que nasce da necessidade. "Muita coisa bonita, simples, fácil de fazer!". Sobre a mesa algumas das produções do sítio: mel de florada das jabuticabeiras, vinho de amora, farinha de cambuci e de açafrão, farinha de mandioca etc. Antes do cheiro da comida se espalhar no entorno, eu, Mingo e Má fomos dar uma volta nos arredores, ver as plantas, o lago e ter curiosidade em saber porque há madeiras e cipós afundadas no água do lago. (Soubemos depois que é o tratamento para conservação, para a longa vida dos materiais).

  E veio o almoço! "Que  maravilha!". Para a Maria um prato especial: palmito de bambu. Rafael caprichou no suco de amora e cambuci, Maciel abriu um vinho para esquentar ainda mais a nossa prosa. "Quer coisa melhor que estar assim entre amigos?". Depois saímos para conhecer a Casa de Pedra. É difícil transmitir o que já está pronto naquela badeja, no meio de um tanto da Mata Atlântica recuperada. "Antes, quando eu comprei, isto tudo que vocês avistam era capim braquiária, cheio de gado. Olha como está diferente, tudo sem usar nenhum veneno. Por isso é que o sítio recebeu a reconhecimento de orgânico!". Mas a nossa maior admiração foi saber que tudo aquilo foi e segue sendo realizado por um só homem, pelo Maciel. (Prometo que em outro dia escreverei um pouco da história dele, desde o tempo em que vivia no jundu do Ubatumirim, nas cercanias do Estaleiro do Padre).

  Para encerrar o dia com louvor, um café caiçara de arrasar: ova seca de tainha assada, farinha de mandioca e cará roxo. Quem resiste? 

  Que dia! Que convivência maravilhosa! Era serão quando partimos de lá já com um pouquinho de saudade. Valeu, Maciel! Forte abraço! 


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