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Proseando - Arquivo Maria Eugênia |
Fazia tempo que a minha querida filha tinha falado do seu encantamento pelo Vale do Paty, sobretudo da Casa de Pedra. Planejei...planejei...fomos (eu, Maria e Domingos)! Lá no meio da serra, já próximo do distrito de Catuçaba, município de São Luiz do Paraitinga, o amigo Maciel, caiçara do Estaleiro (Ubatumirim), está aos poucos formando o seu território (que é uma porção da Mata Atlântica em meio às imensas plantações de eucaliptos). O nome? Vale do Paty!
Fui e adorei tudo por lá, sobretudo as prosas com esse caiçara que viveu, como tantos outros, um período da vida em alto mar, se sustentando do trabalho na pescaria, sendo embarcadista na nossa linguagem! Fiquei surpreso quando ele relembrou a convivência na imensa "Família do Estaleiro do Padre", na década de 1970. Fiquei contente em saber que ele havia conhecido a tia Apolônia, a Edilene, a vó Martinha e tantos outros parentes que, de uma forma ou outra, fizeram parte do fantástico projeto do Frei Pio na praia do Ubatumirim. Me perguntei na hora o quanto de nossa gente e visitantes, ao irem na tal "Praia do Estaleiro", sabem ao menos a razão dessa denominação àquele trecho da praia. "Conheci o Odorico, a Serafina, a Anita, o Dito Félix, o Salvador, o Antônio Maior... Conheci a Apolônia porque ela morou um tempo no estaleiro. Minhas irmãs e mais gente de lá aprenderam a costurar, fazer crochê e mais coisas ainda com a Apolônia. Estudei com a Edilene. Nunca eu ia saber que era sua prima! Martinha era sua avó? Ah, eu a conheci mais tarde na Estufa, sempre passava perto de casa, ali na avenida Vasco da Gama, perto da escola. Ela não deixava nunca de parar para um dedo de prosa comigo. Toda essa caiçarada boa eu conheci!".
Pois é, minha gente! Consegue imaginar o tanto de histórias que esses pescadores de outro tempo têm? "Eu trabalhei no São Rafael. Barco grande que pegava muitas toneladas de pescados. Fui cozinheiro lá, mas acabava fazendo de tudo. Foi muito bom aquele tempo em que vivi embarcado, mas era puxado porque tudo dependia do cardume que fosse aparecendo de dia ou de noite. Depois de abarrotado o porão, a embarcação precisava voltar, descarregar em algum porto. Correria, viu!? Nunca parava de subir cestos do porão para o caminhão!". Prazeroso mesmo é ouvir o Maciel detalhando alguns pratos elaborados conforme a ocasião e o pescado que aparecia: "Já comeram polvo? Então imagina uma panelada de pequenos polvos em alto mar! Vieram na rede e eu caprichei na comida aos camaradas. Foi um sucesso!". Interessante também saber que os pescadores ansiavam pela volta a algum porto e em fazer amizades: "Em cada lugar que a gente parava, por ocasião qualquer, a gente se enturmava com o povo dali, se divertia. Eu ensinei, numa comunidade de Santa Catarina. As pessoas do lugar, as moças, queriam aprender a fazer tarrafa. Elas aprenderam, me agradeceram demais".
Má e Mingo: valeu demais a nossa ida, a nossa visita ao Maciel, né?
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