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Espaços da Colônia - Arquivo JRS |
Em tempo de empenho de tanta gente querendo sufocar, tirar a folga semanal, apertar mais ainda a lida pela sobrevivência da classe trabalhadora, é muito importante saber que os direitos trabalhistas foram conquistados pelas lutas operárias e não por bondade dos patrões. Porém, nem todos os empresários são obtusos ao ponto de deixar de reconhecer que trabalhador feliz produz mais e melhor. Assim, investem em melhorias no ambiente de trabalho, na política salarial e na promoção do lazer. Foi nesta direção que Félix Guisard conduziu os seus empreendimentos. Não foi à toa que ele, na parte de trás do Casarão do Porto, no centro de Ubatuba, edificou a Colônia de Férias aos funcionários e familiares da Companhia Taubaté Industrial. Hoje, ao passar naquelas ruas estreitas nas proximidades do Mercado de Peixes, vendo as fachadas grudadinhas umas às outras, fico imaginando pessoas alegres em outros tempos, se divertindo no pacato local que era esta cidade em meados do século XX e tendo como grande paixão os banhos de mar e sol na praia do Perequê-açu. Podemos afirmar que o velho Guisard foi muito importante na apresentação da nossa cidade ao turismo. (Porque mais e mais gente quis descer a Serra do Mar e conhecer as maravilhosas praias deste pedaço do Brasil).
No livro Félix Guisard, a trajetória de um pioneiro, a escritora Cláudia Martins registra:
A construção de uma Colônia de Férias apropriada foi concluída em 1941. Cerca de 1.500 operários e suas famílias inauguraram o conjunto de edifícios que constavam com instalações sanitárias, refeitórios, salão de bailes, sala de projeções, pequenos apartamentos - resultado de investimento de milhares de contos de réis. "É a primeira Colônia de Férias para operários que se inaugura na América do Sul", relata a reportagem publicada pela Folha de São Paulo, em 12 de agosto de 1941.
Talvez toda a mordomia não tivesse tanto valor aos operários quanto a presença do presidente da companhia ao passeio. Félix Guisard fazia questão de acompanhar os trabalhadores em suas férias. Aos 79 anos sentia-se como um adolescente em meio a tantos divertimentos. O patrão, que parecia mais amigo do que chefe, também levava a família e, junto com os operários, participava de todas as atividades e sentia-se satisfeito por poder oferecer essa alegria às pessoas que mais colaboravam com o seu crescimento.
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