terça-feira, 26 de agosto de 2025

INGRATOS (II)

 

Lago do Maciel - Arquivo JRS 


  Dias desses eu fiz questão de recordar uma lição que aprendi na escola: Ciro, o rei da Pérsia (atual Irã), foi quem libertou os judeus do exílio na Babilônia. Hoje, lendo uma história escrita por Lloyd Llewellyn Jones (Os Persas), quero transcrever algo que pode nos ajudar a entender melhor o assunto:


  Judeus cativos (como todos os outros deportados estrangeiros) estavam livres para voltar para casa. Em 537 a.e.c., mais de 40 mil deles empreenderam o que declararam ser o "segundo Êxodo" e alegremente voltaram a pé para Jerusalém e para a terra que manava leite e mel. É por isso que na Bíblia Hebraica Ciro passou a ser considerado um servo de Yahweh, e o escolhido pelo Deus invisível para libertar da escravidão Seu povo eleito. Assim, os profetas do exílio elogiaram Ciro como instrumento de libertação de Deus. Um profeta que conhecemos como Trito-Isaías (ou Terceiro Isaías) estava especialmente entusiasmado. Registrou o júbilo de Deus por ter encontrado um paladino tão digno:

  "Eis o meu servo, a quem protejo, meu escolhido, em quem me deleito. Eu lhe conferi o meu espírito, e ele fará resplandecer a justiça sobre as nações [...] Eu te tomei pela mão [Ciro], e te formei para que sejas a luz de todos os povos [...]" Assim diz Yahweh a Ciro: "Tu serás meu pastor para cumprir meus desígnios: reconstruir Jerusalém e lançar os alicerces do templo". Assim diz o Senhor a Ciro, seu ungido: a Ciro, cuja mão ele segurou com firmeza para subjugar as nações e destruir os mais poderosos reis.

   Em virtude de sua generosidade com os judeus, Ciro recebeu o título de meshiach - "Messias", "Ungido" ou "Consagrado" -, expressão que os judeus no exílio usavam ao falar de um salvador ou redentor enviado por Deus. Era um título profundamente teológico, que falava da ratificação de Ciro com um rei legítimo, nomeado e protegido por Deus. Nos Salmos, o Ungido é um líder idealizado, semimítico, um guerreiro que Deus defende e protege: "Agora sei que o Senhor salva o seu ungido; ele o ouvirá desde o Seu santo céu, com a força salvadora da sua mão direita".


    Pois é, minha gente: Ciro, um rei significativo para os povos iranianos e judeus! Mas por que fiz questão de relembrar a história? Porque, recentemente, Israel bombardeou o Irã. Só por isso! Nós, caiçaras de tradição cristã, precisamos saber de mais gente que recebeu este título de messias e o interesse no poder aí incluso. São narrativas que podem desencadear forças incríveis, inclusive servir para oprimir ainda mais o oprimido em vez de libertar.

2 comentários:

  1. Em nosso tempo, um autointitulado messias não tem nada de redentor, pois se preocupa apenas salvar a si mesmo e a sua familícia.

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  2. Pois é! No entanto, tá cheio de gente nossa no hospício bozonazi!

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