quinta-feira, 1 de abril de 2021

DONA VIRGÍNIA - PARTE V

    

Crianças e alimentação escolar


     Dona Virgínia, além da escolarização em pontos de norte a sul, também envolveu as famílias e seus problemas, pensou na economia, na saúde etc. Me parece que, mediante as preocupações dessa mulher, movimentadas há mais de setenta anos, nós somos questionados em nossas ações e/ou omissões diante das iniciativas comunitárias e da valorização das nossas coisas de caiçara. Tomemos como exemplo as iniciativas dela que foram muito além da escolarização. Podemos e devemos agir, com certeza! 


A escolinha, afinal, começou a funcionar em 1946, na praia do Itaguá, a quatro quilômetros de Ubatuba, num terreno doado pelo Sr. Bráulio Santos. E os alunos sempre encheram a modesta sala de aula, não raro ultrapassando o número legal de quarenta. Como tinham parentes em Caçandoca, estes vieram pedir uma escola também. Esta foi inaugurada em 1949. No ano seguinte a Prefeitura de Ubatuba autorizava a instalação de outra no Camburi, de uma quarta na praia da Almada, em 1951, e mais uma em 1954 no Sertão de Ubatumirim, longínquo e isolado. Todas foram construídas e são mantidas pela S.P.E.S., sendo que a municipalidade de Ubatuba paga os ordenados das professoras nas três últimas e o Estado, nas duas primeiras. Em 1953 a Sociedade passou a receber subvenções do Estado, por ter sido declarada de utilidade pública. O programa das escolas é uniforme, idêntico, aliás, ao de qualquer Grupo Escolar, e elas recebem visita anual do Inspetor Estadual. Em 1955 tínhamos duas dezenas e poucas crianças em cada uma delas (por falta de auxiliares, minhas estatísticas são muito falhas). 

 

Mas nossas escolas não se limitam só às crianças e à sala de aula. Cuidam também dos adultos, alfabetizando-os à noite, ensinando as mulheres a costurar a máquina e preparar alimentos mais sadios; distribuem aos pescadores fios para as redes e peças para os barquinhos que eles próprios constroem; aos lavradores dão formicida contra a saúva, ensinando-os a diversificar suas culturas e fazendo distribuição de sementes e remédios. Esse auxílio abrange umas seiscentas pessoas, atualmente.

 

Há pouco tempo, a Sociedade realizou um concerto beneficente e, com a renda, comprou um motor para um dos barcos, a fim de que os homens do Sertão de Ubatumirim possam levar víveres para vender aos caiçaras do Itaguá mais barato do que os armazéns de Ubatuba. 

 

Em tempo: recorde no mês de março:  28.932  acessos



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