quinta-feira, 15 de abril de 2021

AS RUAS DA CIDADE (III)

 

Capa do livro de Hans Staden (Arquivo JRS - Edusp, 1974)

          Agora falarei de uma rua da nossa cidade que se relaciona com os povos originários deste lugar (Ubatuba), com as pessoas que viviam neste território: os tupinambás.

Detalhe do mapa das ruas (Arquivo internet)


         A rua Cunhambebe, outrora Indayá, onde seria a estação ferroviária no final do século XIX, é longa, cruza a cidade de ponta a ponta; digna do bravo guerreiro Tupinambá que enfrentou os portugueses e seus aliados em meados do século XVI. Os estudos recentes defendem que Cunhambebe, cujo nome parece estar se referindo ao ser feminino (cunhã: mulher. Varnhagen explica o nome como "o voar da mulher"), era um cacique temido por sua bravura, cuja aldeia se localizava onde hoje é território fluminense (Paraty). Foi um grande líder da Confederação dos Tamoios. Dizem que morreu de peste logo depois da chegada dos franceses no Rio de Janeiro.  A seguir, no livro de Hans Staden, há uma referência interessante:

       Alguns dias depois, conduziram-me a uma outra aldeia, que chamavam Arirabe, ao chefe Cunhambebe. Este era o mais nobre dentre todos os chefes. Em sua morada haviam-se reunido ainda alguns outros e à sua maneira tinham preparado uma grande festa. Queriam também ver-me, por isso ordenou Cunhambebe que fosse eu trazido para lá naquele dia. Quando vinha me aproximando das choças, ouvi um grande alarido; cantavam e tocavam em seus instrumentos de sopro. Diante das choças estavam espetadas cerca de quinze cabeças sobre postes. Eram cabeças de maracajás, seus inimigos, e que eles haviam devorados.

               Conforme já foi escrito, houve ao menos dois chefes com esse nome.    O segundo, me parece, estava em Iperoig, foi amigo do padre Anchieta, que o descreveu na sua carta de janeiro de 1565, inserta no vol.III, das Cartas jesuíticas, publicada pela Academia Brasileira (Rio de Janeiro, 1933, página 196 e seguintes). Agora fiquei em dúvida sobre qual dos dois Cunhambebes a nossa cidade homenageia: o do local, onde foi fundada Ubatuba, aparentemente amistoso, ou o temido guerreiro?

Em tempo: o meu amigo Silvio Fonseca, do blog ubatubense.blogspot.com, mora no final da Cunhambebe, numa travessa depois da rua Liberdade. Muita gente boa mora por ali!

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