sexta-feira, 2 de abril de 2021

DONA VIRGÍNIA - PARTE VI

 

Padre João Beil em visita aos caiçaras isolados

          Chegamos à última parte do relatório da Virgínia Lefèvre. Que pena!

      Após 10 anos à frente de um trabalho pioneiro no Itaguá e em algumas comunidades isoladas, ela reconhece que chegou ao limite das possibilidades de ação. Se aposentou? Não! Na verdade, ela continuou atuando na comunidade do Itaguá  como educadora e promotora de importantes iniciativas. Um exemplo que perdurou até deixar  de morar em Ubatuba foi a promoção do artesanato e das pessoas que trabalhavam neste setor. Me recordo que, por volta de 1983, a tia Maria Mesquita, moradora da Estufa, confeccionava tapetes e chinelos em palha de taboa a pedido da Dona Virgínia. Sebastião Raizer, morador do mesmo bairro da titia,  era um importante auxiliar nesta fase que é referência do artesanato caiçara do nosso município. (Talvez eu consiga entrevistá-lo mais adiante).

     Em 1982, a Câmara Municipal de Ubatuba concedeu-lhe a Medalha de Anchieta e o título de Cidadã Ubatubense por reconhecimento aos méritos dessa "pessoa maravilhosa", conforme o testemunho do Tié, do grupo dos primeiros alunos, em tempo distante, na escola do Sertão do Ubatumirim.

        Em 1987, faleceu na cidade de Atibaia, essa senhora tão benemérita à nossa gente. A nós, ubatubenses de gerações posteriores, fica a tarefa de cultivar, em nosso jardim caiçara, mais essa flor da memória que tem o nome carinhoso de Dona Virgínia. Será esse conjunto, essa diversidade de flores e cores, que estará sempre perfumando o nosso ser, a nossa existência.


Nosso bom aparelhamento didático faz com que as substitutas diplomadas deem preferência a trabalhar conosco. Em Itaguá temos professoras formadas, donas das cadeiras; na Almada e no Camburi, duas substitutas diplomadas; e na Caçandoca e no Sertão de Ubatumirim, professoras leigas, isto é, sem diploma, que fizeram estágio no Auxílio ao Litoral de Anchieta, em Santos. Três outras moças de Ubatuba, que atualmente moram comigo em São Paulo, também estão estudando para voltar ao litoral e ensinar seus conterrâneos. 

 

Reconheço que chegamos agora ao limite de nossas possibilidades de ação, A S.P.E.S. já provou que a dedicação muito pode, mesmo com parcos recursos, e que o caiçara, com um pouco mais de saúde, melhor alimentação e rudimentos de instrução, é outro homem. Entrei em contato com uns frades missionários aos quais pretendo passar meu trabalho de direção, continuando como simples colaboradora. Sob a égide da Igreja Católica, eles poderão realizar um trabalho em escala muito maior. 


Em tempo: o mano Mingo me avisou que uma bisneta da Virgínia Lefèvre, moradora no bairro do Taquaral,  é professora da rede municipal. Pode ser que consigamos mais material para futuras matérias no assunto deste relato.

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