segunda-feira, 12 de abril de 2021

QUADRINHA CAIÇARA

 

Cachorro na praia (Arquivo JRS)


               Quando criança, assim que entrei na escola, aprendi novas quadrinhas. Meninos e meninas sempre tinham novidades em forma de versos. Penso que eram antigas, pertenciam à comunidade e passavam por gerações. Na areia do lagamar, mesmo sendo atrapalhados pelos cachorros que queriam brincar, estávamos sempre reproduzindo essas sentenças que se combinavam. Das professoras e professores que tive quando mais novo, me recordo sempre daquela (Dona Valda Virgílio) que exigia de nós um caderno só para esses versos, cantigas de roda e parlendas, onde podíamos ilustrar com desenhos. A mais famosa  -  lógico!  -  era "batatinha quando nasce esparrama pelo chão/ Menininha quando dorme põe a mão no coração". A seguir, uma daquele tempo!


     Trouxe uma sacola

     Só com coisas de escola;

     Merenda não tenho, gente:

     Verdade de quem não mente.


     Pergunta de boboca

     Segue carreiro de taoca:

     Alguém tem aí um docinho

     Para me dar um cuizinho?

 

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Tenho um livro dessas quadrinhas, compiladas por Sílvio Romero. Fernando Pessoa foi cultor desse gênero textual. Veja esta que ele fez:


    Tens um anel imitado

    Mas vais contente de o ter.

    Que importa o falsificado

    Se é verdadeiro o prazer.

    ResponderExcluir
  3. Linda demais! Coisas que parecem não existir mais.

    ResponderExcluir
  4. Coisa linda! Será que nós aproveitamos bem esse tempo, essas coisas?

    ResponderExcluir