quarta-feira, 24 de março de 2021

JUIZ IMPARCIAL (?)

     

No lado direito: Domingos, de cinto branco; Daniel Sabiá, de barba (Arquivo Ubatuba)

        Em tempo de magistrado traindo a Pátria, me vi pensando num texto escrito há bastante tempo. 

   Domingos, filho do Licínio Barreto, funcionário público do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), aos domingos era juiz (árbitro) de futebol. Até uniforme da LUF (Liga Ubatubense de Futebol) ele tinha (para ser respeitado dentro de um limite, de acordo com as torcida). Foi quem me contou o seguinte causo:


                “Isso aconteceu depois da conquista do tri pelo Brasil, bem depois,  inaugurando a abertura da BR-101, num jogo no campo do Puruba, um paraíso de borrachudos na boca da barra. O time da casa fazia uma partida decisiva contra o Recurso  (do Saco da Ribeira) e perdia por 1 a 0. No último instante, marquei um pênalti que beneficiava o pessoal do Puruba.
                Depois da bola ajeitada na marca, o atacante Dico tomou distância de 15 metros e aguardou o apito. Esperei o silêncio. Assoprei a ordem para o caneludo caiçara sair disparado.
              Que beleza! Foi um estouro!
             A bola arrebentada seguiu firme na direção do goleiro Cardo. Em fração de segundos adentrou pelo arco o couro e o capotão (câmara). Foi duplo frango! Eu validei o gol, ou melhor, os dois. O resultado se inverteu, o tempo acabou. O Puruba ganhou a peleja por 2 a 1.
            Depois de muitos xingamentos, inclusive à mamãe, o Recurso, através do técnico Paulo Sabão, apelou para outro imparcial juiz presente – o Daniel Sabiá. Este decidiu tudo com esta frase:
          ‘Estourou, mas entrou na caçapa! O Puruba é campeão da Taça José Zabeu. Viva nós, viva tudo, viva o Chico Barrigudo!’
                Depois foi só alegria com muita bebida e comida! Até escaldado de ostra tinha!”.

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