sábado, 3 de novembro de 2012

SE ELA É INEVITÁVEL...



                Eu cresci escutando o meu pai dizer que “para morrer basta estar vivo”.  Sempre pensei que todos deveriam estar preparados para algo inevitável como a morte, um fato que nenhum dinheiro ou beleza do mundo consegue subornar.

                Ontem foi Dia de Finados. Durante a semana, as pessoas por todo o mundo comemoraram à sua maneira (Dia das Bruxas, Halloween, Zombie Walk etc.) essa relação com a morte e suas derivações. Eu digo que é uma das expressões culturais mais antigas. Os estudos  arqueológicos interpretam alguns vestígios de mais de dez mil anos como sendo parte de rituais aos mortos.

                É sabido que os povos antigos (“pagãos”), nessa época do ano, por ocasião das colheitas, convocavam todos os antepassados – os seus mortos – para a vida. Era o Dia dos Mortos. Depois, com o advento do cristianismo (e a sua imposição pelas guerras aos povos antigos), houve a transformação para o Dia de Todos os Santos. E, redirecionando a primitiva festa, declarou-se o segundo dia de novembro como o Dia dos Finados.

                Portanto, de qualquer forma é uma das primeiras manifestações culturais que mostram o nosso desejo da imortalidade. Não importa o nome que derem à data; o importante é brincar com a morte e levar a vida a sério (com vontade de torná-la melhor para todos). Nisso, os nossos antepassados, sobretudo os bons exemplos, devem voltar em nossas memórias e em nossos atos.

                A cada ano eu faço questão de convidar os meus filhos para ir à sepultura de minha mãe. Acendemos uma vela representando a vontade de manter viva memória de seus exemplos, de continuar agradecendo pelas nossas vidas. Só assim eu compreendo a imortalidade: retornar à Mãe Terra, mas continuar fermentando as ações de quem continua sobre este chão.

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