sexta-feira, 30 de novembro de 2012

ANJOS, SEMPRE ANJOS!

Esta orquídea eu herdei de um anjo, natural da Ilha das Couves.

Seja bem-vindo, Eduardo Landi!
Já tem alguns anos que o amigo Júlio se lançou em uma empreitada: fotografar todas as capelas do município de Ubatuba. Considerando que quase todas as praias e sertões têm a sua, ele ajuntou um material volumoso.
Mais importante que o registro fotográfico, foi a chance de escutar as histórias dessas capelas, dos caiçaras que as construíram e das lutas enfrentadas pelas comunidades, principalmente quando foi preciso se mobilizar por questões importantíssimas.
Os exemplos de articulação mais abrangentes ocorreram no início da década de 1980, quando passou por estas bandas um frei franciscano de ideias avançadas,  seguidor da Teologia da Libertação. O nome dele: Waldir. Foi quem motivou as lideranças das comunidades católicas a refletirem temas sociais (questões de disputas de terras, grandes empreendimentos imobiliários, indústria etc.) e a tomarem posturas mais solidárias e de compromisso com a qualidade de vida do nosso lugar.
Também, sob a liderança do frei, começou um movimento ecumênico. As igrejas deram os primeiros passos para um trabalho em comum em torno das injustiças praticadas contra os mais pobres, sob o princípio de que “Cristo veio para ser uma boa notícia aos mais necessitados” (Frei Waldir). Dessa união entre algumas denominações religiosas nasceram os movimentos contra o Projeto Porto Flamengo (Saco da Ribeira), a AVIBRAS (Sertão do Puruba), a Questão de Terra (Rio Escuro) etc. Desse pessoal e de outros cidadãos preocupados com os rumos do município nasceu o lema Ubatuba: pela vida, pela paz, efetivando o Movimento em Defesa de Ubatuba (MDU).
Ao reler a poesia do Mingo, passam rapidamente por minha memória tantas pessoas que bem poderia ser anjos para estar em todos os lugares.

                O LUGAR DOS ANJOS
                Os anjos costumam visitar
                as capelas simplesinhas,
                na praias isoladas,
                de paredes caiadas,
                para encontrar seus iguais:
                A menina de vestido de chita,
                a senhora que fala sozinha,
                as criancinhas que riem
                com as piscadelas
                que os anjos dão
                somente para elas
                e que fazem os padres
                ralharem irritados,
                espantando os anjinhos
                que fogem assustados.

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