terça-feira, 27 de novembro de 2012

A PRAÇA DA MATRIZ


                Eu tenho a impressão que atravessamos mais uma crise na cidade. Por que digo isso? Porque os lugares estão deteriorados, desagradáveis e desvalorizados. Também as pessoas parecem apáticas, não se importando com o desleixo reinante. Para me fazer entender, recorro à imagem da Praça da Matriz retratada há algumas décadas.
                Olhando a imagem bonita, com agradável arborização, bem limpa, com um coreto que nos orgulhava porque era o lugar onde, logo após o término da missa, aos domingos, a Lira Padre Anchieta (sob o comando do maestro Pedrinho, do Alexandre Marques ou outro dos antigos, com músicos do quilate de Mané Mariano, Paulinho da Máquina, Mauro, Valter do Donato e outros muitos) animava nossos finais de semanas.
                Era nesta praça, repleta de jovens,  que começavam as trocas de olhares e sorrisos,  originando os futuros enlaces matrimoniais. Os rapazes circulavam numa direção; no outro sentido vinham as moças. Ai que emoção assistir um filme no nosso cinema!
                Também um atrativo eram as rodas de causos. Sempre eu procurava um ajuntamento para me deliciar com as façanhas narradas  pelos caiçaras em calças de tergal (produção do alfaiate Mendes, o pai do Júlio). Lá pelas 22:00 horas, eu já estava preocupado com o horário. Afinal, morando na praia do Perequê-mirim, precisava calcular um horário de ônibus que permitisse chegar relativamente cedo em casa, descansar e estar preparado para a labuta do dia seguinte e da dura semana de trabalho e estudo. Faço questão de dizer que, aos catorze anos eu já estava com carteira assinada (registrado). Quem cuidava dessa parte era a saudosa  Edna Marques, cujo escritório de contabilidade era onde funciona a atual Papelaria Marques.
                Voltando à praça, quando dava uma sede, caso não tivesse dinheiro para esbanjar num refresco, quem nos valia era o Braga, cuja pensão estava ao lado da bicicletaria Ipiranga, do Dito Bento, e, da Farmácia do Filhinho. De vez em sempre lá estavam: a dona Ofélia, o João Alegre, o Renato Teixeira, o Zezinho Marques, o Lacir e outros seresteiros. Deste pessoal, alguns já nos deixaram. Tudo ali está irreconhecível, exceto as palmeiras, o obelisco e o João Teixeira Leite, o nosso pintor primitivista que muito nos orgulha.
                Agora, se quero a paz desse tempo, olho a fotografia, imagino as feições nas animadas prosas  e me recordo das simpáticas companhias nos passeios rente ao acalanto das ondas de Yperoig.

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