sábado, 12 de maio de 2012

RAFAEL E MÔNICA


Um exemplar de musgo de "queimada"
                Também eu me aventuro na área da poesia, embora passe ao largo do Jorge Ivam, Domingos, Zé Carlos Góis, Joban, Fernanda Liberal, Bado Todão, Edgar Izarelli, Ane, Neiva Nunes, Eliana de Oliveira, Pedro Paulo e mais gente que segue poetando neste chão caiçara.
                A de hoje foi selecionada pelo júri da Fundart, há mais de quinze anos. Eu a ofereço ao Rafael e Mônica, cujas raízes caiçaras se assentam nas praias do Félix e da Fortaleza. Daqui a algumas horas, eles estarão apresentando à comunidade o compromisso de vida em comum como marido e esposa:

O que era cerca agora virou muro:fechou ainda mais o espaço.
                
                 AS CERCAS

                 As cercas nos tiraram a convergência;
                Já não há peixe-com-banana verde, nem pimenta,
                E, nem se avista uma identidade.

                 As cercas mataram abricoeiros e pitangueiras;
                Retiraram os sustos dos vaga-lumes
                E o gosto de passear.

                 As cercas trouxeram discórdias;
                Não vivemos mais os pitirões
                E, nas pedras não há o que sonhar.

                 As cercas mataram a criatividade;
                Deixaram morrer o brilho dos olhos,
                E, amorteceram cada irmão.     

                 As cercas me limitam, te limitam...
                Permitem musgos estranhos,
                Diferentes dos da “queimada” de então.

                 As cercas fizeram crescer os matos;
                Deixaram acumular muito lixo,
                Próprio ao homem da cidade.

                 As cercas mudaram caminhos;
                Já não há pegadas claras:
                Nem para hoje, nem para posteridade.

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