domingo, 15 de abril de 2012

O TÍTULO DE PESCADOR FICOU EM “CACO”


                 Já faz alguns anos que resolvi, num dia nublado de outono, rever a praia da Sununga, onde está a Gruta que Chora. Outras poucas pessoas tiveram a mesma vontade (de apreciar a natureza daquele lugar especial).
                Assim que cheguei, me dirigi ao canto direito, onde está a Pedra do Tonico, um pesqueiro dos caiçaras do entorno. Foi ali que, há mais de três décadas, a Tereza Barreto quase morreu depois de uma “lambida de onda”, quando se esfolou toda nas cracas e pindás. O meu interesse nesse  lado se explica pela existência de uma moita de manacaru sempre a oferecer maravilhosos frutos nessa época. Você já comeu manacaru?
                De longe, depois de comer alguns frutos, avistei uma figura conhecida entrando no mar sempre revoltoso. Era o Marco Antonio, do Perequê-mirim, cunhado do Ditinho, de quem eu escutei tantas histórias entre uns goles e outros. De repente ele fixou a atenção num ponto além da arrebentação das ondas, mas despistando para que outras pessoas não desconfiassem de nada.
                De longe era difícil definir o que era, mas a curiosidade fala mais alto sempre. Chegando mais perto, deu para perceber a coisa: uma senhora garoupa tonteava, não conseguia submergir. Deu desespero no Marco: ele tentava, o peixe escorregava e afundava por momentos. Depois aparecia de novo na superfície; novas tentativas e nada. A gula de uma garoupada deixava o amigo mais desesperado. Ah, se tivesse alguma coisa para envolver o peixe escorregadio! Foi quando teve a ideia: uma canga viria a calhar. Gritou para alguém trazer. Logo ele já estava com a grande esperança. E deu certo! O pano leve serviu como rede para o peixe que pesou 15 quilos. Foi uma festa! Dez pessoas naquele dia se empanturraram com tamanha dádiva do mar! Mais tarde soubemos que o fato da garoupa boiar tem uma explicação: quando ela engorda demais, corre o risco de ter uma anomalia no fígado que causa a flutuação do corpo.
                Depois do banquete regado a cerveja e caipirinha, o jeito foi “se apinchá para mode puxá uma pestana”. Enfim, o título d'O Pescador ficou em “Caco”.

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