segunda-feira, 26 de março de 2012

NÃO É UMA SIMPLES BANANEIRA



                A casa de farinha do vovô Armiro era bem atrás de sua casa, ao lado de uma jaqueira frondosa, onde corria uma bica d’água maravilhosa. Tinha outras árvores frutíferas e uma moita de bananeira, da variedade ouro, tratada de forma muito especial pelo vovô.

                Além das raspas de mandioca, essa touceira de  banana ouro recebia ainda bagaço de cana e mais um monte de coisas que a  estrumava. Vovô também “perdia tempo” na admiração das novas mudas e de cada cacho que se desenvolvia. Através dele aprendi uma lição antes repassada pelo Nhonhô: “cada bananeira não pode ter mais de duas ou três mudas. É como uma família: quem tem muitos filhos não consegue dar uma boa educação. Uma bananeira com muitas mudas míngua, não dá cacho que preste”.

                Para encurtar a prosa: recentemente eu recebi, através do tio Salvador, mudas da linhagem daquela touceira devotada pelo vovô. Agora, esse sentimento (as lembranças dos cuidados do finado) está plantado no meu quintal. Poderei falar mais concretamente: não é uma simples bananeira, mas descende das adoradas pelo saudoso vô Armiro.

                Tenho uma certeza: muitos cachos colherei até o final da vida.

                Não será isso uma espécie de amizade que foi reativada?

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