sexta-feira, 9 de março de 2012

DEPOIS DE ALCATRAZ



                O catarinense Neco, embarcadista do sardinheiro Taurus, um impressionante barco de ferro da década de 1960, por um tempo se fixou em Ubatuba. O motivo? Enamorou-se pela minha prima Mariazinha.

                Esse marinheiro, como bom homem do mar, adorava uma boa prosa, conhecia bons causos, exagerava em seus feitos. De uma feita, narrando um temporal pra fora da Ilha de Alcatraz, ele caprichou tanto que até nos causou medo. Eu, pelos menos, por um bom tempo sonhava com a terrível situação vivida pelos embarcados no bonito barco do Sul.

                De acordo com o Neco, o vento era tão forte, com ondas tão grandes, que a casaria quase se aprumava nos noventa graus. Tudo foi perdido para o oceano. Só o casco escapou por milagre. Depois disso, foi preciso uma estadia de quase dois meses num estaleiro de São Sebastião para deixar a embarcação em condições de voltar a pescar.

                Emocionante mesmo foi a descrição do mestre do barco atado a uma corda que o prendia ao mastro principal. Estava aos gritos para incentivar a resistência em toda a tripulação: “Não parem, homens! Não parem! Não vamos dar esse gosto para o inferno que está hoje com vontade de comer gente!”.

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