segunda-feira, 19 de março de 2012

GULU, O NARCISO

Eis o que ainda resta da adorável praia do Saco da Ribeira


                Há tempos não vejo o Narciso, grande amigo de escola, do tempo em que cursávamos o colegial (Ensino Médio) na escola Capitão Deolindo. Para nós era o Gulu, um companheiro que topava qualquer boa parada, principalmente se “uma meia-dúzia” cogitava em deixar mais cedo a escola a fim de pescar no recém-inaugurado píer do Saco da Ribeira. Nisso havia a cumplicidade de alguns professores (Américo, Fernando, Cláudio...). Era a década de 1970.

                Naquele tempo o Gulu andava apaixonado por uma paulistana, estudante da FAAP, na capital. Por isso, de vez em quando, deixava os “nossos compromissos importantes” para se devotar à moça. Sempre voltava maravilhado porque tinha acontecido  “isso, isso e isso”. Foi numa dessas ocasiões, justamente na época de tainha, que marcamos uma picarezada ali mesmo, no Saco da Ribeira. Era eu, Eugênio, Claudinho, Fernando e Cláudio. Algumas das nossas colegas de classe também compareceram, mas não ouso dizer os nomes por causa dos maridos que nunca nos olharam com bons olhos.

                Após duas ou três arrastadas de fartura, o Carmo, padrasto do Claudinho,  ofereceu a sua cozinha para a peixada da noite. Logo apareceu cerveja, caipirinha e café para quem era abstêmio como eu.  A gente teve que se virar sem fazer muito barulho porque a dona da casa, a Nádia, assistia a novela por nome de Assim na terra como no céu, com o galã Francisco Cuoco fazendo o maior sucesso.  Lembro-me dos infames trocadilhos com os nomes da novela, do astro principal, além de ova de tainha e outras palavras que foram surgindo na roda de prosa. No final, alguém se lembrou do Gulu (ausente devido à paixão) e teve a feliz ideia de guardar uma ova caprichada. Ah! As meninas resolveram escrever uma mensagem a quatro mãos. É a que agora reproduzo:

                Pra você Gulu que perdeu uma festa:

                Teve ova enquanto o Cuoco encenava.

                Aqui na terra foi assim:

                Um braseiro debaixo do assa-peixe

                Para a fumaça chegar até o céu.

                Você estava distante,

                Mas foi lembrado.

                Uma ova na tigelinha

                E uma farinha acompanhando.

                E no final...

                No Saco...

                Só restou o  Cuoco para o próximo capítulo.

                Em tempo: quase que você ficou sem ova!

                Não deixe para devolver no céu a vasilha,

                Pois a dona está na terra: é  da dona  Nádia.

                Se não houver devolução...  ficará danada!

                 

                Bons tempos! Na segunda-feira, o Gulu teve de comer a ova frita envolta em saborosa farinha de mandioca, durante a aula de Biologia do Zé Brito. Certamente que guardou a mensagem da animada turma.

                Na semana que se findou, comemoramos mais um aniversário desse caiçara, dos Oliveira, no Saco da Ribeira.

                Feliz aniversário, Gulu! Um abraço meu e do Júlio Mendes para não esquecer jamais da nossa turma e de tudo de bom que vivemos.

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