quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

SEGUINDO O CAMINHO

Seguindo o caminho (Arquivo JRS)



      Estar em casa, mexendo no jardim, também é oportunidade de ouvir pessoas passando na rua, de saber das suas preocupações e alegrias. Os assuntos são os mais diferentes possíveis. De vez em quando alguém se detém para pedir alguma dica, dar alguma sugestão ou apenas contar alguma história. Eu gosto de tudo isso.

     Avisto duas amigas, gente da vizinhança. Elas se dirigem ao ponto de ônibus, sem pressa porque andam adiantadas. Proseiam andando lentamente. O assunto é Santos Reis. Pelo que pude escutar, elas assistiram pela televisão, no noticiário, as manifestações desse evento da religiosidade católica popular. Além de amigas, também são "irmãs de igreja", evangélicas. Uma delas até cantarolou um pedaço de música: "Ó senhor que estais dormindo em colchão de ouro fino...". As duas estavam emocionadas porque seus parentes eram praticantes dessa religiosidade popular, lá no interior de Minas Gerais e recebiam em suas casas os grupos de cantorias dos Santos Reis. Pelas falas, elas sentem falta desses momentos. Agora, vivendo onde tem tanta gente desconhecida, com as correrias e os medos de tantas coisas, as pessoas evitam se reunir, deixam de se visitar gratuitamente, pelo prazer do encontro. Também tem surgido muitas e diversas igrejas, quase sempre com doutrinas individualistas, que "esquecem" do mundo, dos desafios que a sociedade apresenta para a evangelização.

    As amigas passaram, devagar seguiram à espera da condução. Parei para pensar o quanto as pessoas se iludem, deixam seus costumes e tradições. Renegam um viver prazeroso, comunitário, dos seus pais e dos mais antigos.  Deixaram suas terras porque precisavam ganhar mais dinheiro. E agora? A maioria vive alienada, em função das propagandas e dos medos explorados por "gente esperta". Lobos em pele de cordeiro. 

    Me sinto triste por constatar tantas religiões criadas e/ou mantidas a serviço de uma opressão institucionalizada, fomentando discurso de ódio, em contradição com a caridade cristã. E o que dizer dos "cristãos" caiçaras, dos nossos que abraçaram essa coisa medonha? Só pode ser conspiração contra a nossa felicidade tal fenômeno!

    Quero parabenizar o amigo Rogério Estevenel e a todas as pessoas que, mesmo de forma virtual, fizeram acontecer as falas e cantorias dos Santos Reis. Linda mensagem em tempos sombrios! Não deixemos este caminho, pessoal! Grande abraço! 

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