domingo, 22 de novembro de 2020

CANA VERDE

Guaiá no dedo (Arquivo JRS)

                            

              Hoje, para homenagear toda essa gente fandangueira do território caiçara, apresento uma cana verde (cantiga acompanhada de dança de roda), recolhida pelo Olympio, no Ubatumirim, em meados da década de 1970.   Quem cantou foi Mané Mancedo:


Fui cantando p'um caminho/comendo uma guaiabinha. (bis)


Ai bileza, comendo uma guaiabinha, / 

Ôta guaiaba danada, / 

pensava que a coisa vinha./

Cá de roda, / ai de roda, / 

não se encosta na parede.


Por caso de samba de roda/ não se encoste na parede. (bis)


Estribilho: Ai bileza, não se encoste na parede, / 

                  que o salão é muito grande/ 

                  pra dançá a cana verde.


Minha galinha pilota, /minha pata carijó. (bis)


Ai bileza, minha pata carijó, /

minha galinha pois treis ovo,/

minha pata pois um só.


Ai diga lá ao Casimiro,/ 

pois ao Antonho Arinéu. (bis)


Ai bileza, pois ao Antonho Arinéu/

que me mande uma navalha, /

uma toalha e um chapéu.


Preciai-vos, minha gente/ uma forte discussão. (bis)


Balanceada, uma forte discussão/

Já tive com Zé Pritinho,/

dos cantadô do sertão,/ 

logo num dirá com que razão.


Um dia, o Nego mais c'o João fizero combinação (bis)


Ai bileza, fizero combinação/ 

o Nego acerca na popa,/ 

João atira espinhão.


Sô filho do lengo-lengo,/ neto do lengo-lengá (bis)


Neto de lengo-lengá/ 

Sô filho de cobra verde,/ 

neto de cobra corá./

Pego o vento na fulhage/ 

Ai no jorná dexo siná, ih!


Pexe de lagoa é sapo,/  pato de mangue é socó (bis)


e a tainha é bom pexe/ 

qu'eu jamais peguei no anzó.


O sapo c'a caninana trataro de se casá,

mais o sapo c'a caninana/ 

trataro de se embarcá/

Balanceando, trataro de se embarcá/

E o sapo pula no barco,/ 

a cobra pula no ajá/

Balanceando,/ 

no meio tava o macaco/

E o sapo c'a caninana/ 

trataro de se casá.


Toda moça que se casa/ grande castigo merece (bis)


Balanceando,/ 

grande castigo merece/

Pois despreza pai e mãe/ 

e acompanha quem não conhece.


Ti dingo, ti dingo, dingo/ Ti dingô, ti dingo lá (bis)


Balanceando,/ 

ti dingo, ti dingo lá/

Mais como não sabe sabê/ 

mais como não sabe sartá./

Encontrei c'o caxinguelo,/ 

tá comendo uma gambá.


Tô cantando uns versinho, quando mais não faz má (bis)


Balanceando,/ 

mais um poco não faiz má.


Repente: E sentado em cima do estrado,/ dexa o rádio gravá,

               Balanceando,/ 

               dexa o rádio gravá;/

              A cantureia pega verso,/ 

              canto lá e canto cá,/

              Vai pió c'o pé e a mão,/ 

              mais o cantá já tô lá.


Eu comi a paca cara,/ e por cara pagará (bis)

Balanceando


Repente:  mais eu sô filho de Mancedo,/ 

                 pois sô neto do Cabrá./ 

                Eu m'entrei na tirolesa,/ 

                fico aqui, jogo pra lá.


Um comentário: