sexta-feira, 22 de julho de 2011

Boi-tatá



Tio Neco Felix conta que, quando criança, no tempo que morava na Praia do Pulso, ia com a mãe, a minha vó Martinha, para a beira do mar ao anoitecer. Ela era uma mulher ousada, sempre falava o que pensava, sempre fazia o que queria. Tinha muita coragem.
Naquelas noites ela costumava carregar um tição de fogo – um pedaço de pau em brasa tirado do fogão de lenha – com o qual ficava acenando para o ilhote da Maranduba. Lá começava a surgir uma misteriosa luz, em forma de bola que começava a se movimentar, vindo ao encontro do tição, na praia, como que atraído por ele. Tio Neco, além de outras crianças, se apavorava, queria se esconder na saia da mãe, correr. O que poderia ser aquilo? Uma bola de fogo que se movimentava acima da água e parecia querer atacar quem a estava provocando? Ninguém sabia, não havia explicação, mas o mistério atraía várias pessoas para observar, apesar do medo.
Quando a bola de fogo chegava pertinho da praia a vó Martinha fazia um gesto rápido colocando o tição na água. Imediatamente aquela aparição, que chamavam de Boi-tatá, parava o seu curso e ia retornando para o ilhote de onde tinha surgido e lá desaparecia.

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