quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

DEU NO JORNAL



                No dia oito de janeiro deste ano, no caderno Cotidiano da Folha de São Paulo, saiu estampada a seguinte notícia: Caiçaras ‘ganham’ ilha no litoral paulista. Trata-se da ilha Montão de Trigo, pertencente ao município de São Sebastião, defronte à praia da Barra do Una, quase na divisa com Bertioga. Quem fez questão de guardar a página do periódico foi o estimado professor Emerson.  Ele sabe do meu interesse por boas notícias ao meu povo. Só tenho a agradecer pela sensibilidade do amigo.

                A ilha Montão de Trigo, onde nasceu a saudosa dona Margarida, moradora antiga da Praia Dura, é “uma comunidade de quatorze  famílias caiçaras, todas de pescadores,  originadas há mais de três séculos e que vive sem energia elétrica, vai se tornar dona, na prática, de uma ilha na rica costa sul de São Sebastião”. São cinquenta e duas pessoas que dependem da pesca e do turismo. As comunidades caiçaras se alegram com isso. Como eu gostaria  que a dona Margarida estivesse viva para poder escutar mais coisas da sua querida ilha!

                “O documento, que deve ser expedido até fevereiro, vai impedir que a ilha seja alvo de grilagem ou especulação imobiliária de alto padrão. O domínio permanecerá da União, mas na prática isso impede que outros interessados venham requere inscrições de ocupação sobre a área, ameaçando a ocupação das comunidades tradicionais”. Quem garante é a SPU (Secretária de Patrimônio da União).
                “Desde 2010, o governo vem acelerando a concessão do TAUS (Termo de Autorização de Uso Sustentável) a grupos tradicionais, mas é a primeira vez que isso beneficia ilhéus”.

           Essa conquista deve muito à iniciativa do Instituto Guapuruvu, com o processo que se solidificou há cerca de três anos. “A medida abre caminho para que o mesmo seja feito em ilhas como a de Búzios (142 habitantes) e Vitória (50 habitantes), no arquipélago da Ilhabela”. Nestas ilhas estão os caiçaras mais intocados, sem migrantes atraídos pela construção civil. Vários dos meus parentes viveram por lá. Boas lembranças da ilha da Vitória tinha o Eugênio Inocêncio. 

                Já passa da hora de dar atenção aos caiçaras-ilhéus!

          A dona  Margarida era fantástica nas histórias de assombração da ilha Montão de Trigo. Me lembro de uma onde os pescadores, por muito tempo, deixaram de pescar depois do serão. “Um tremor batia neles, meu filho! Ninguém, por precisão que fosse, baixava canoa depois de escurecer. Um vento escuro, mas parecendo ter ardentia no bojo, vinha pelas pedras da Cajaíba. Não tinha corajoso para desafiar o mar encrespado. Isso só passou depois do padre Ramiro fazer uma reza e benzer as imediações. Foi nesse tempo que eu me mudei, vim para cá [Praia Dura] a convite da Isabel,  a minha comadre”.

                Parabéns às pessoas que lutaram e/ou foram solidárias  nessa conquista!

                Viva o meu povo da ilha Montão de Trigo!

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