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Sombra e nuvem - Arquivo JRS |
Uma amiga desde o tempo de infância postou que continuava a olhar as nuvens e ainda enxergava as coisas que a gente via naquele tempo, quando nos deitávamos na areia da praia: baleias, borboletas, corações, barcos etc. Coisa de criança, coisas das nossas fantasias. Crescemos. Muitos de nós nem olha mais para o céu, mas ele está para todos e sempre tem novidades nas nuvens. Dê uma olhada de vez em quando.
Outra diversão daquele tempo era aproveitar a luz da vela ou da lamparina para, com as mãos, projetar sombras na parede. Cachorro latindo tinha a minha preferência porque era mais fácil de fazer usando apenas uma das mãos, mas meu tio João era o craque no uso das duas, fazia coisas incríveis. Tente fazer sombras com suas mãos hoje, aproveite uma lanterna e se divirta como antigamente.
As sombras, assim como as nuvens, nos apresentam ideias. Melhor dizendo: as ideias se manifestam porque imagens foram avistadas, imaginadas no céu, nas paredes etc. Enfim, nas possibilidades que surgiam nas brincadeiras do nosso tempo de criança. (Nunca precisou ter um Dia das Crianças!). Crescemos. Para a maioria nem há sombras das ideias daquele tempo, mas posso garantir de que eram mais solidárias, menos egoístas, mais comunitárias, menos gananciosas. Eram ideias que prezavam pela amizade, pela vontade de ser feliz e de expandir tudo de bom que sentia. Em algum lugar desse universo infinito se encontram as ideias contra a intolerância, contra as mentiras que têm propósitos de conduzir os pobres para a alienação. Alguns poucos sabem - e fazem de tudo! - para dominar o mundo das ideias capazes de reconstruir o mundo em outras bases. (Imagine que agora até forçam ideias militares, via escolas, em cabeças infantis!) Matar a criança que existe em cada um de nós é uma meta dominadora. Triste, né?
Gente que me impressiona, segue com força no meu espírito, é gente que não deixa as ideias sumirem das sombras. Coitado daquele que se mantém na ignorância e só pode ler o mundo e os livros literalmente. Pobre daquele que não enxerga nada nas nuvens brincantes e nas sombras emocionantes das paredes.