terça-feira, 9 de julho de 2013

O EZEQUIEL MUITO NOS ORGULHA

     Ezequiel dos Santos, natural e morador do Sertão da Quina, sabiamente motivado pelo editor Emílio Campi, tornou-se uma referência na descrição de nossas belezas naturais e culturais. Hoje, encontrei uma matéria que vale a pena apresentar ao público. Valeu, Ezequiel!

Canto da Maranduba: belezas e encantos de um passado glorioso
Canto da Maranduba
Canto da Maranduba
       Sabe aquela peça que fica jogado no canto da casa que qualquer dia deste você pega e começa a descobrir que é interessante que realmente você não sabia nada sobre esta peça? Pois o canto da Maranduba é assim: como uma peça jogada no canto da casa, que só quando desperta a curiosidade é que descobrimos seu valor. O local é ideal para quem gosta de aventuras e de sossego ao mesmo tempo, principalmente para quem está com crianças ou é inexperiente no quesito mergulho, pesca de vara ou até mesmo caminhar sobre as pedras. 



      O canto da Maranduba pode ser alcançado por dois lados. Um pode ser caminhando na praia até o rio Maranduba (tem de atravessar a barra do rio). O outro é pela rodovia SP-55, depois entrando pela estrada que dá acesso ao Quilombo da Caçandoca entrando a segunda à esquerda. As duas opções são interessantes, de um lado a tranquilidade da caminhada, o sossego das ondas, de outro lado o movimento, o barulho dos barcos das garagens náuticas, movimento de pessoas pescando nas pedras das laterais do rio, tratores das garagens náuticas, pescadores e profissionais que prestam serviço ao setor náutico. Parece que o visitante tem a opção de atravessar duas paredes: uma urbana, que é barulhenta e outra rural que é a da contemplação e sossego.
Canto da Maranduba
Mesmo com as mudanças realizadas pelo homem, a beleza do local permanece como há 50 anos.
     Do lado silencioso impera o som das ondas batendo nas pedras. Quando a maré está baixa e vazia é possível apreciar duas pequenas praias, que parecem ser particulares. O clima de aventura é natural, já que a mata nativa, porém não primária alcança a areia. O ar de desbravador fica ainda mais claro nas crianças. É fácil descobrir o porquê, tendo à frente o mar, as ilhas e toda a baía. Do lado esquerdo o rio que desemboca no mar, a continuação da praia que vai até a Lagoinha e as pessoas se deliciando do outro lado. Ao fundo a continuação do rio, as marinas, os barcos de pesca cheia de histórias. Do lado direito a mata, as areias que se misturam às pedras, a ponta do continente que quase alcança a ilha, tudo isso num só lugar onde os olhos alcançar em todo o redor. Neste último lado é possível encontrar troncos de árvores e restos de matas que ficaram à deriva e resolveram parar por ali. 



     Os mais atentos podem fazer das pedras um pequeno aquário; é que muitos seres vivos moram por ali, tantos os de água quanto os que sobrevoam a baía. Muitos destes seres são inofensivos, mas todo o cuidado é pouco. Por vezes é possível avistar pegadas na areia de algum animal terrestre que resolveu descer da mata e se arriscar em algumas braçadas na praia.
       O local, segundo os antigos, já foi palco de muitos encontros, quer seja pela pelo amor ou pela dor. Eram por ali que as pessoas iam à Caçandoca e as demais praias, ao cemitério, e as casas dos moradores daquelas bandas. Na maré cheia as canoas de voga transpunham a barra para o delírio dos moradores; já traziam as vezes muitas novidades e notícias de fora. Lá era o local da escola da vida, eram trocados várias informações sobre tudo. Ponto de referência para ir a todos os lugares. Muitas vezes tinham de esperar a maré baixar para atravessar a boca da barra. As pescas começavam por aquela região. No caminho atual (estrada) ainda é possível ver na lateral a trilha que dá acesso ao canto desta praia. O local possuía tanto alimento que não precisava ir longe para buscar o almoço.

Visualizar Canto da Maranduba em um mapa maior
       Poluição era coisa que ninguém sabia o que era. As mulheres “catavam” sapinhaoá, corondó, pregoava, saquaritá, guaiá, siri, santola, rosquinha, preguaí (que as crianças guardavam para brincar de escravos de Jó), marisco e pindá. Não era raro pegar lagostinhas no rio que descia ao lado do cemitério. Claro que era o suficiente para a alimentação da família e tudo de acordo com o calendário natural. Os homens pescavam o suficiente para salgar o peixe, já que era a única foram de guardar o pescado fora de época. A fartura era uma benção, segundo contam. Quando não caçavam, pescavam. Quando não podiam fazer nenhum dos dois, plantavam, quando não isto, coletavam. Quando não podia nenhuma das opções, comiam as reservas guardadas. 



       O rio era tão largo e fundo que era necessário uma balsa para atravessá-la. Depois a transfiguração pelo desenvolvimento a qualquer preço mudou esta realidade. Mas ainda é possível ver o charme deste canto, lá é possível mergulhar com snorkel e observar as belezas submersas, principalmente às crianças e os iniciantes, tudo observado por alguém responsável e experiente. 

      Local ideal para várias fotos dentro e fora d'água, trata-se, pois de um dos pontos mais ricos do passado e que goza de deliciosas férias no presente e no futuro quem sabe servirá de exemplo de beleza, sossego, tanto aos animais quando aos homens da terra que irão querer matar a saudade do que é a natureza viva e intacta, parte do seu sangue e da sua cultura. (Fonte: Jornal Maranduba).

EZEQUIEL DOS SANTOS

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