terça-feira, 4 de junho de 2013

ZÉ DO CINEMA


       
                Ontem, na madrugada, faleceu o amigo Zé Aparecido, o “Zé do Cinema”.
                Natural de São Luiz do Paraitinga, o Zé era professor das séries iniciais, mas sempre teve um outro emprego para aumentar a renda. “Quem mandou ser professor?!”. O apelido se devia ao tempo em que trabalhou no antigo Cine Iperoig, na Praça da Matriz (Ubatuba), onde hoje se localiza o teatro. Lembro-me muito bem dele fazendo promoções, indo às escolas para anunciar o filme Carlota Joaquina, rainha do Brasil. A semana inteira a sala ficou lotada.
                Para homenagear o amigo Zé, reapresento o texto a respeito da árvore que nós plantamos na escola Idalina (Bairro Ipiranguinha). Como seria bom se os moradores deste bairro e os alunos se voltassem para a ideologia preservacionista (em todos os sentidos)!
Era assim...
Agora está assim...
     
Dando estes deliciosos frutos.


                     Cheguei agora da escola estadual do bairro (Idalina A. Graça). Aproveitei para recolher alguns frutos (cajá-manga) da frondosa árvore dali. Afinal, cair frutos era o previsível após o vento forte da madrugada. Outra pessoa fez o mesmo cálculo: encheu uma sacola e se foi.


                Pois bem, é sobre a história desse pé de cajá-manga, que há muitos anos vem dando alegria às pessoas, que eu escrevo agora. Tudo começou em setembro de 1999, quando eu e mais cinco professores decidimos promover um gesto concreto, que marcasse a entrada da primavera. Iríamos plantar algumas árvores no terreno da escola para abrandar o calor em épocas quentes, oferecer sombras e frutos, dar mais equilíbrio no ambiente etc. Afinal, quem não prefere um espaço arborizado para quebrar a frieza e/ou feiura das nossas construções? Assim fomos até o amigo Arisson, no Monte Valério, escolhemos algumas mudas e plantamos no referido local (do bairro do Ipiranguinha). Um pé de jambo ficou perto do portão, em seguida vieram as amendoeiras perto de um pé de uva japonesa que já estava bem crescido. Eu decidi, juntamente com a finada Cleuza e o José Aparecido,  que o nosso cajá-manga ficaria o mais protegido possível, perto da secretaria da escola. E ali foi plantado o ser que media 30 ou 40 centímetros. Era o dia 21 de setembro de 1999.


                Ao longo desses anos todos, sempre vejo que as pessoas, sobretudo os meninos, aproveitam bem, apreciam os frutos. Estão constantemente vasculhando por sua volta. Ela, a árvore,  cresceu muito.              Agora, calculo que a gigante, distante do velho tarumã alguns metros, esteja alcançando os seus 15 metros de altura. Também tem um diâmetro considerável. Está linda! Deixa muita gente contente! Só um telhado construído recentemente está sendo castigado pelo impacto das frutas que despencam a partir da metade do outono. Outra coisa ridícula são as marcas deixadas em seu tronco por “seres sem-noção”.


                Para encerrar: de acordo com quem produziu a muda, antigo funcionário da ONG WWF (Fundo Mundial para a Natureza), cuja sede era no Monte Valério, a semente primeira foi recolhido no terreiro da antiga  Fazenda Velha, dos Irmãos Chiéus, os fabricantes da nossa pinga Ubatubana, aquela que deixou muita saudade. Pesquisando um pouco mais, descobri que a origem desta espécie está na Oceania, bem longe daqui. Então, não poderíamos  chamar os navegantes portugueses de “ótimos polinizadores”?

                    É assim, meu amigo Zé! Ficam as lembranças dos bons momentos vividos em comum.

Um comentário:

  1. NOSSA O PROFESSOR JOSÉ É EXTREMAMENTE DIGNO DE TÃO AMÁVEIS E SÁBIAS PALAVRAS... PROFESSOR JOSÉ RONALDO, TENS O DOM DA HONRARIA. O CAPITALISMO TEM TIRADO DE MUITOS A CAPACIDADE DA SENSIBILIDADE, DOS ILUSTRÍSSIMOS PROFESSORES JOSÉS NÃO CONSEGUE!!
    RESPIRAMOS O AR DOS BONS QUE SE FORAM E ABRAÇAMOS COM FORÇA E CARINHO OS QUE FICAM!

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