quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O INFERNO PODE SER AQUI


     

       É tempo de férias. Teoricamente, de acordo com a sociologia do turismo, esta é uma época propícia para recompor as energias a partir de um anti-cotidiano, ou seja, deixar tudo aquilo que nos cansa no cotidiano para desfrutar de outras experiências, em outros lugares. Quero crer que a maioria dos visitantes de Ubatuba segue tal princípio e volta de baterias recarregadas aos seus lugares, graças à natureza que nos rodeia. Porém...

       Existem tipos e tipos de “sem-noção”. Num deles se compõe um parente do meu vizinho que, apesar de suas raízes caipiras, solta um barulho no seu velho automóvel Passat achando que é música. Nem parece ser da terra de Elpídio dos Santos, um dos grandes compositores paulistas da metade do século XX. A propósito, acredito que o aparelho sonoro devidamente comprado e instalado, quitado em várias prestações, vale quatro vezes mais que o velho modelo da Volkswagen, da década de 1970.
      O barulho é infernal; as letras são medíocres, preconceituosas etc., digna de gente que parece pensar como o verme machadiano a se expressar em Dom Casmurro:

“Catei os próprios vermes dos livros para que me dissessem o que havia nos textos       roídos por eles.
- Meu senhor – respondeu-me um longo verme gordo – nós não sabemos  absolutamente nada dos textos que roemos, nem escolhemos o que roemos, nem amamos ou detestamos o que roemos; nós roemos”.

         Coitada dessa gente que assim é conduzida!
        Ah! Não é um mero detalhe! Entre os visitantes (turistas) desta cidade (Ubatuba) existem muitas “pérolas” assim: eles simplesmente roem!
        Será que não devemos nos esforçar mais pela civilidade, pelo exercício da cidadania neste ano que agora começou?

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