segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

NOUTRAS TERRAS

A especulação imobiliária produziu as primeiras cercas nos jundus  de  nossas  praias.


                O texto anterior, retirado do material do Gilberto Chieus, cita uma situação que acho bom detalhar mais. Trata-se da migração dos caiçaras para a região santista, no início do século XX, quando o nosso município de Ubatuba passava por uma terrível crise econômica após a frustração da ferrovia, no alvorecer do sistema republicano.
                Voltando algumas décadas dessa época, ouvimos os antigos dizerem que as antigas fazendas foram abandonadas por seus donos. Algumas ruínas ainda estão aí para comprovar; noutras deram um jeito de demolir a fim de facilitar a exploração imobiliária. Em raríssimas delas os donos preferiram ficar e se empobreceram como os caiçaras. Tornaram-se caiçaras!
                Logo depois, vendo que o sonho de uma ferrovia parou no meio do caminho, o jeito, para a maioria era se resignar, aceitar o destino, se voltar para a sobrevivência, cujas atividades principais eram: cultivar a mandioca para a farinha, manter as touceiras de bananeiras, caçar e pescar.
                Uma geração seguinte, devido a proximidade com a Baixada Santista, onde o porto tinha um movimento intenso, e, aos bananais produzindo para exportação, foram em busca de uma saída da situação de subsistência. Tornaram-se migrantes, tal como os mineiros e os de outras regiões,  a partir da década de 1970, que descobriram o “El Dourado” do litoral norte paulista. É por isso que todas as famílias antigas, genuinamente caiçaras, têm alguns parentes santistas.
                Mais tarde, a partir de 1950, dois outros fatores causaram migração entre os ubatubanos:  o começo da especulação imobiliária, quando as posses passaram a ser disputadas, e a possibilidade de trabalho na Fazenda dos Ingleses, em Caraguatatuba. Isto já é assunto para depois.

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