sábado, 26 de janeiro de 2013

CAMINHÃO DE OURO

Oi, Bruno Andry! Bem-vindo!


                Nada como uma sombra num dia de sol tão ardido!
           Parando para descansar à sombra de um ingazeiro,  um pouco depois do bambuzal do Tião Banana, encontrei o amigo Dito  fazendo o mesmo. Começamos a prosear. Entre um assunto e outro, risadas sempre, lembrei-me de fazer uma pergunta para chegar depois a  outra:
                - É verdade, Dito, que o João “Carioca” já foi funcionário do Horto?
                - É sim, Zé! Ele era vigia. A sua casinha era logo ali, depois da capela, em direção da ruína da casa da fazenda. Não tem aquela aguinha, um córrego passando os pés de cacau? Então, era ali!
                Pronto! O João foi o gerador de muitas coisas naquele momento!
                - Ele, o João já lhe contou da corrente de ouro? Não? Então eu conto. Foi assim: num dia da sua folga, estando fazendo um buraco para construir um galinheiro perto de casa, ele encontrou uma corrente de ouro. Depois de bem lavado, foi mostrar o achado para o diretor do Horto, o doutor Gentil.
                E continuou o Dito, aposentado há coisa de dez anos pela Estação Experimental do Horto Florestal, onde, por décadas, fez os registros meteorológicos:
                - O doutor ficou impressionado e disse que aquilo devia valor um bom preço. Até se ofereceu para, em sua próxima ida à cidade de Piracicaba, levar a corrente a alguém entendido,  do ramo. O João confiou e ele levou. Voltou já com o dinheiro da venda. Dizem que ele e um cunhado se associaram na compra. Era bastante dinheiro. Com o dinheiro conseguido,  o João comprou dois burros e duas carroças para trabalhar negociando areia do rio para construção. A coisa deu certo. Logo pediu as contas no Horto e passou a se dedicar ao  seu próprio negócio. Não custou muito para ter seus caminhões, comprar seus terrenos e construir outras casas.
                - Nossa! Foi assim que tudo começou? Impressionante, né?
                - É isso mesmo, Zé! Tudo teve início com uma corrente de ouro encontrada debaixo de uma pedra, na área da antiga fazenda do Balthazar Fortes.
                Não demoramos muito na sombra do ingazeiro, mas foi um tempo suficiente para aprender mais um fato interessante do nosso povo. Agora eu espero a primeira oportunidade para comentar isso com o João. O seu trabalho continua o mesmo até hoje: vive fazendo fretes com o seu caminhão. É o seu próprio patrão, tem o seu ritmo e esbanja saúde e disposição.
                Parabéns ao João que, de uma corrente, conseguiu burros, carroças e chegou ao caminhão! Não vejo a hora de reencontrá-lo para escutar mais a respeito dessa providencial ajuda.

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