sábado, 27 de outubro de 2012

CHEIROS E LEMBRANÇAS


A sempre esperada florada da "Chico-Marli", a nossa orquídea.

               
                Num dia desses, numa roda de prosa, alguém puxou pelo assunto de cheiro. A motivação era um aroma agradável que se desprendia de alguma cozinha nas imediações. Saiu de tudo um pouco. Eu disse, por exemplo, que gosto do cheiro de fumo de rolo, mas detesto o do cigarro produzido pelas indústrias. Na mesma hora uma colega esconjurou a minha preferência. Justifiquei que talvez fosse pela lembrança dos meus antigos que fumavam um palheiro ou pitavam sossegadamente pelos caniços nos portais, em aceiros das roças ou simplesmente quando paravam na apreciação do mar. Só nunca vi nenhum deles fumando durante algum serviço. Ah! Tem o caso da minha vó Eugênia que, depois de todos se recolherem para dormir, ela acendia um pito e dava umas baforadas para se despedir do dia, tal como uma oração. Pelo canto da boca, entre baforadas tranquilas, saia o “Deus abençoe” dela aos filhos e netos. Da camarinha (quarto) a gente sentia o cheirinho que se espalhava pela casa.
                E o que dizer do cheiro do coentro do mato e da alfavaca numa pirão de peixe? E o manjericão no escaldado de  galinha?
                Quem nunca estacou ao sentir o perfume da dama-da-noite após o escurecer?
                E os perfumes dos ciosais, ingazeiros e robustos pés de tarumãs que nos cativam por determinados caminhos?
                Ah! O cheiro de peixe seco na brasa é  imbatível! Hoje poucos podem imaginar o que é uma bentrecha de cação ou uma posta de moreia nessas condições.
       Que vida cheirosa!

Em tempo: Infelizmente a internet tem atrapalhado um pouco  a rotina.

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