domingo, 15 de maio de 2011

Dois casos do Porubinha


No alto da serra, num lugar chamado Porubinha, entre a fazenda Santa Virgínia e Catuçaba, seo Mário tem um sítio muito simples, no meio da mata, lugar quieto e desabitado, onde faz muito frio à noite. Quando quer descansar, pescar e plantar ele vai para lá com a família e alguns amigos.
Ele conta que, quando ainda não havia erguido todas as paredes da sua casa, era um rancho só com a cobertura, mesmo assim já iam para lá e passavam as noites bem enrolados nos cobertores. Dois casos estranhos aconteceram nessa época.
Quando sua filha Eliana ainda era uma menina, acordaram uma noite com o rumor de seus passos saindo de casa. Seu Mário se levantou e viu a filha indo em direção à mata escura seguindo uma pequena luz. Foi atrás da menina e a trouxe de volta, sem ter visto ninguém mais. Ela explicou que uma velhinha havia lhe pedido que fosse com ela naquela direção.
Numa outra noite em que chegava com os amigos no rancho, foram saudados por um guarda florestal que passava por ali. O guarda lhes alertou para tomarem cuidado porque havia muitos caçadores atirando naquela região. Na manhã seguinte outro guarda apareceu nas terras do seu Mário falando dos caçadores. Seu Mário agradeceu e disse:
- Um colega seu já passou por aqui ontem à noite alertando do problema.
- Não senhor, ontem não havia ninguém de serviço por aqui. Como era essa pessoa?
Após a descrição feita por seu Mário o guarda abaixou a cabeça parecendo não acreditar, e, visivelmente abatido, revelou:
- Um companheiro nosso parecido com o que o senhor diz foi morto há pouco tempo a tiros nessa região.

sábado, 14 de maio de 2011

Pré-história de Ubatuba

     
         Arqueologia é o estudo científico das civilizações pré-históricas ou desaparecidas, sobretudo pela interpretação dos vestígios que deixaram, conforme definição de Japiassú  e Marcondes.
         Em quase todos os lugares é possível pesquisas arqueológicas. Afinal, temos poucas noções do que ocorreu nos milhares de ano nos pontos específicos da Terra. No caso de Ubatuba, a Geologia nos satisfaz em relação à formação da Serra do Mar, ao rompimento e afastamento progressivo entre nós e o continente africano. Porém, nos estudos arqueológicos, apesar de alguns sinais recentes (sambaqui do Tenório, povo do Mar Virado, cemitério do Vivamar etc.), que mostram povos de “ocupação recente”, estamos atrasados. Outros sinais, vez por outra, atestam provas de ocupantes mais antigos da Serra do Mar e de seu entorno. É o caso da “Pedra Lispe”, do Roberto. Outro exemplo recente é da “Cabeça I”, da amiga S. Cito só isso para justificar a afirmação que pouco se fez ainda em termos arqueológicos por aqui.
         Resolvi chamar de “Cabeça I” um dos artefatos recolhidos pela amiga S, caiçara da gema, recolhido no rio Ipiranguinha. Num primeiro momento você diz que se trata de uma pedra comum. Ao examinar melhor, lá estão as cavidades de uma cabeça de um bicho; talvez de macaco ou de um hominídeo. Está petrificada, assim como outros artefatos recolhidos da curva do rio. Por enquanto não podemos dar mais detalhes porque o município não consegue dar conta nem mesmo do que já tem um estudo avançado, mas... fica o desafio para os cidadãos:
         Há muito ainda para pesquisar neste chão caiçara de Ubatuba.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Zé da Nhãnhã

         Conheci bem o Zé da Nhãnhã. Não tinha como ficar sério quando se estava por perto desse caiçara que por muitos anos morou em Santos, mas a sua velhice o fez retornar ao seu lugar, ao seu morro querido no Perequê-mirim, onde, apesar de ter a idade de se aposentar, esse caiçara jamais deixou de trabalhar. Por isso, a cada manhã caminhava mais de dois quilômetros para ajudar numa cozinha de restaurante na praia da Enseada. Eu o encontrava a cada dia. O seu cumprimento era assim: “Fronkisting, tit gromitiriam, titi on cambrê. Ion tian!”. Nunca ousei saber o significado de tais palavras. Só restava rir e dizer: “Bom dia, Zé da Nhãnhã!”. Em seguida ele sempre tinha alguma história antes de continuar a sua caminhada para o trabalho.
         Num certo dia, percebendo que ele não sabia ler, quis saber o motivo, pois sempre soube que a escola local era muito antiga. Ele começou a falar sério sobre o assunto, se lastimando por não ter aprendido ler e escrever. Disse que antigamente não era fácil estudar, principalmente quando era o “esteio principal da casa”. Quando estava me emocionando, ele deu outro rumo à conversa. E assim terminou: “Eu fui à escola. Conheci a professora; era bonita pra perder! Comecei a cartilha, mas parei na lição do cachorro, quando fui expulso”.  Ao demonstrar interesse, ele continuou o que estava contando: “A lição do ca-co-cu complicou a minha vida. Bem nessa a professora foi me chamar à lousa para dizer a lição. Conforme ela indicava com a régua, eu ia dizendo: ‘esse é o ca’, ‘esse é o co’ e ‘esse é o cu’. Aí a turma toda riu sem parar mais. E eu ainda caí na besteira de repetir ‘esse é o cu’ mais vezes. O  resultado final: reguadas nas costas e expulsão. De vergonha, nunca mais passei nem em frente da escola. Depois fui pra Santos, onde o tempo era para o serviço. Desconfio que não deveria dizer acintosamente para a professora ‘esse é o cu’, mas disse, né?”.

domingo, 8 de maio de 2011

Mané Hilário (Parte 17)


(Aviso: esta é a última parte desta etapa)

Júlio: Conta algum causo de assombração pra nós

M.H.: Eu não posso dizê nada porque eu nunca vi assombração, mas o pessoá até hoje ainda tem medo. Uma criança que nem aquela ali [mostra o bisneto]: “Olha, não vai em tar lugá porque tem isso assim, assim”. Ele guarda aquilo consigo, né? Mais tarde... Agora tem uma coisa: quem disser que não tem o demônio, o coisa ruim... Tem! Porque nós tinha um cachorro em casa por nome de “Saúva”, um cachorro bonito. Quase toda noite o cachorro apanhava no lado de fora, mas nós escutava o rumor da guasca que batia no cachorro, e, o cachorro, coitadinho, botava a cauda no vão da perna e vinha na porta. Nós botava ele pra dentro. Um dia, uma noite, aliás, a minha tia Elídia, que morreu com cento e poucos anos, o cachorro tava apanhando, e ela: “Tá batendo no cachorro, seu porco, sem- vergonha, seu pé de pato”. E xingava o que era, né? “Espera aí que eu já vou com um tição de fogo aí”. E foi lá na cozinha, pegou um tição de fogo. Ela sabia reza, muitas rezas, né? Chegou no terrero, pegou a rezá arto, em voz arta. O que era saiu pelo caminho do poço. Quando chegou perto do poço deu dois sobiu: fiuiuuuuuuu.......fiuiuuuuuuu...... Ela: “Tá sobiando ainda, seu malandro, seu sem-vergonha, seu ordinário! Crêm’Deus Pai Todo Poderoso, Santíssimo Deus!”. E deu uma risada lá. Ela pegou um tição de fogo, largou com força. O tição foi assim, foi assim, caiu lá no meio do mato. Eu disse assim: “Vai pegá fogo! O capim melado tá seco”. Mas não pegou fogo. Aí o que era desapareceu; nunca mais vortou. O que era eu não sei. Então ela dizia: “Era o demônio meu filho; o coisa ruim que anda rodeando a casa da gente, atentando a vida da gente”. Então eu digo: tem. O  demônio tem! Porque eu acho que, uma pessoa pegá o revórver, uma espingarda, e, matá seu semelhante assim, de sangue frio, é o coisa ruim que tá invocado nele, né? Será que ele não alembra que a dor da morte só esperamos de Deus? Vamos matá uma pessoa antes do dia dele? É o demônio! É o demônio que faz isso! Que nem aquele João Floriano, lá no Taquará, que matou o finado Pinho, o avô da minha nora aqui. Ter a paciênça de mais de um mês, de ele cortá o mato, fazê vorta e vim pará na beira da cachoeira, onde passava todo mundo. Uma distância como daqui lá naquela cadeira, assim ele cortou um pauzinho, afincou (até o pau brotou!), pra ele tá esperando o Pinho fosse um dia sozinho e atirá. E até que pegou o dia e matou o homi. O que é isso? Isso é o demônio, o coisa ruim. Não pode ser outra coisa! Porque assim como a fé, a esperança pra nós em Deus, tem que ter o bom e ter o ruim. Teve pra Ele: foi perseguido pelo demônio. Quanto mais nós na Terra, né? Que nós, por muito bom que seja, mas argum erro nós temo. Só Deus que pode sabê! E acontece essa coisa toda.

(Muito bem! Ainda tem mais na gravação, mas deixarei para outros momentos. Agradeço pela fidelidade e paciência. Um abraço. Zé Ronaldo)

sábado, 7 de maio de 2011

Mané Hilário (Parte 16)


A Revolução de 1932
         Na revolução de 32 os carioca vieram aqui na Piuba, mas correram também. Correram de medo das vacas. Os gado do Zé Fabiano (que o Zé Fabiano ia levando pro sertão pra botá no pasto)...Eles avistaram o Zé cá de longe, foram dizendo assim na Itamambuca, na casa de um senhor lá, que uma esquadra de São Paulo ia de encontro com eles. Vortaram embora. Perderam perneiras... Eu achei um par de perneiras, achei dois pente de bala e fui levá na poliça. Levei lá... Deixaram tudo e correram tudo.
Júlio: Tinha um lugar na estrada velha de Itamambuca, no Morro da Cruz, onde fizeram trincheira, não tem? Tem um valão lá.
M.H.: Ali não fizeram. Ah! Aquilo lá é antigo! Ali era a picada nossa, que nós entrava pra ir pra caçá. Aquilo ali é do tempo do engenho, lá na Itamambuca. Eles não fizeram nada não. Eles deram graças a Deus ir embora logo, senão era capaz dos paulistas... Eu fui chamado. Foram lá me intimá eu lá. Eu tive trabalhando lá com eles à noite, né? De vigilante. Eu e mais uns três, mas depois... logo parou a revolução; eles ganharam lá a causa. Cabou tudo. Eu fui junto com eles. Então o moço, o sordado perguntou pra mim: “Seo Mané: e se eles virem aqui e nós quisé fugi, pra onde sai?”. “Vocês vão pra onde eu for” - Eu falei pra eles – “Que daqui nos rodeia por Itamambuca, saímos  na preia do Arto”. “O senhor sabe, seo...?”. “Eu sei todo o caminho. Sei tudo!”.
         O meu cunhado, o Agenor Fernandes, morava no bananá do Guedes. Nós ia indo, o poliça disse assim pra nós: “Olha, não vamo tudo numa direção só. Vamo afastado um do outro”. Eu  compreendi logo: ele manda afastá um do outro porque se dé argum tiro, argum escapa. E de fila assim a bala atravessa todo mundo, né? Quando chegou lá no bananá, daqui a pouco, no meio do mato: brá, brá, brá, brá... Um cachorro do mato comendo banana madura. Eles: trac, trac, trac... “Deita no chão, deita no chão”. Nós deitemo no chão assim [gesto das mãos cobrindo a cabeça]. Ele ficou de prontidão. Tivemos ali um bocado de tempo. Ele: “Parou, parou”. Eu disse assim: “Não é nada não”. “O que é?”. Eu disse assim: “É cachorro do mato! Não conhece cachorro do mato? É um cachorro grande que tem no mato, que é criado no mato; que come banana”. Aí nós puxemo uma folha de banana assim [gesto] pra fazê rumor. Ele: brau, brau, brau, brau, brau...Correu pro mato afora. Ele: “Ah, danado! Se eu te vejo já dava um tiro”. Fez nós deitá co’a barriga no chão por causa do cachorro do mato.
         No Perequê-açu tava o Raimundo e o Bertino na preia, no porto, e... O Raimundo tinha um revórver. E os poliça tava lá em casa, na minha casa. Nós tava no sertão. Eles mandaram nós ir pro sertão e ficaram na minha casa, lá. Aí... o Bertino com o Raimundo, na preia, e... tava um cepo na preia, no lagamá da preia que o mar batia. O cepo pendia pra lá e pra cá. O Bertino não fez mais nada e... pááááá! Deu um tiro. Quando deu o tiro, já tava a poliça daqui toda em roda. “Quem é que atirou aí?”. E agora? Aí o Bertino: “Atirei um vurto lá; não sei o que era dentro d’água. Pra mim era um sordado”. Aí foram vê: era um cepo. O Bertino ficou tão nervoso... travessou os dois rios de noite, subiu aquele morro do Teodoro Daniel. Foi lá em cima. Amanheceu o dia dormindo, cochilando assim no acero da roça. O Teodoro Daniel foi arrancá mandioca pra fazê farinha, tava ele cochilando. Era o genro que tava lá cochilando.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Mané Hilário (Parte 15)


A revolta da ilha Anchieta 
         Ah, rapaz! O susto que nós levemo e a carreira que nós levemo! Nós tava trabalhando numa casa lá no Perequê-açu. Tava em cima da casa botando telha.
Hilário, o filho:
         Neste dia o senhor falou: “Você leva o armoço pra mim porque o serviço lá vai sê mais prolongado; vai demorar mais porque nós vamos fazê a coberta da casa. Então, alguém vai levar  o armoço pra mim”. E, justamente, eu que ia levando, encontrei uma pessoa. O senhor não trabalhou pro Zé Dito? Zé Dito da dona Suzana? Era da Pensão Imperial, aqui perto do Esteves da Silva. Eu ia levando almoço pra ele quando uma pessoa falô pra mim: “Olha, não vai não. Deixa o almoço do seu pai e volta com o almoço que houve uma rebelião lá. Os presos fizeram um levante lá na ilha e tá tudo espalhado por aí. E ele vai também ficar sabendo e já vai vim embora”. Aí eu não sei quem contou pra ele lá. Quando ele chegou em casa com o chapéu na mão, correndo (que ele nunca usou condução)... A condução dele, graças a Deus, sempre foi as pernas. E hoje, agora pra frente, sim, que ele de vez em quando pega um carro, uma carona, qualquer coisa, mas antigamente não. Aquela história que você tava contando sobre o Alfredo Vieira, o meu pai é uma prova, testemunha. E ele também participou. Quando saiu pra pesca da tainha, ele não tinha bicicleta, não tinha nada. Era na sola do pé. Ia pra Toninha, ia pra Enseada, ia no Perequê-açu. No pé mesmo! Então, ele, nesse problema dos presos, ele veio quando soube. Colocou o chapéu na mão, e, veio que veio tirando, embora pra casa. Chegou aqui todo apavorado, contando tudo e pá! E todo mundo naquele silêncio. Inclusive, até umas horas da noite, que a gente morava do lado da chácara, era vizinho do seo Camilo Manoel, e... E chegou a noite, quando começou aquela... o pessoal... os presos invadindo pro  lado da cidade e os soldados procurando pegar, né? Prender os presos. Até por trás da casa passava soldados, ou preso correndo, naquele tropé, batendo o pé e... pá, pá, pá. Nessa época que...
M.H.: Nós, nessa hora, estava no Perequê-açu, em cima de uma casa, quando a dona Suzana chegou chamando o marido: “Ai, vamo embora! Vamo embora gente, por favor! Pelo amor de Deus! O  preso da ilha mataram uma trancada de gente na ilha. E vem uma escorta de preso armado aí dando tiro, morrendo gente por todo lado!”. Escorreguemo pela escada abaixo, e, olha [fazendo zip com as mãos] nós tudo! E quando chegou ali naquele morrinho da descida da prainha, no caminho do Perequê-açu pra cá, encontremo um sordado... poliça. Mas tava que não se aguentava mais. Se nós não faz bonito, nós ia... era morto na mão dele. “Nós viemo do serviço, no Perequê-açu”. “Vocês não são preso?”. “Não! Que preso?! Já viu preso trabalhar?”. “Não. Fala direito aqui pra nós”. Nessa hora chegou o poliça –o outro poliça. Prendeu esse. Foi embora pra cadeia – preso. No outro dia tocaro ele embora pra São Paulo. Se não é o homem, é capaz de nós ser fuzilado lá, de ele matar nós. Porque nós não podia fazê força porque ele tava armado, né? E queria, tentando, encostando o fuzil em nós. E queria saber. Nós falava pra ele e contava: “Nós não tamo sabendo de nada. Nós vem embora porque precisamo ir embora. Já acabemo o serviço”.
         Aqui não aconteceu nada com ninguém. Só aconteceu só lá na ilha; lá. Lá na ilha os poliça mataram um bocado deles lá. Eles mataram poliça. Pintaram o caneco lá, mas pra cá não deu nada não.

domingo, 1 de maio de 2011

Mané Hilário (Parte 14)

A luz elétrica

         Ah! Da luz elétrica só na frente da cidade. Só ali na frente. Só tinha nove postes com luz. No Itaguá não tinha nada; no Perequê-açu não tinha nada. Só  no centro da cidade. Depois que morreu o Oto lá na luz, ele e um primo meu, de doze anos o rapaze, e, o animá, o cavalo do Oto. Aí levou um bocado de tempo sem luz, sem nada. Depois tornou a vortá traveis, de novo, mas veio pouca coisa, né? Depois foi aumentando e chegou nesse ponto que tá agora. Quem trouxe a luz para Ubatuba foi um alemão. Agora... dele eu não tô mais alembrado. Só alembro do Oto e um outro que... depois o outro morreu também aqui. Outro veio pra cá também, ficou aí, foi embora também e depois não vortô mais. Tinha duas filhas; morou ali na... ao lado da casa do Jango Teixeira mesmo. Depois não vortô mais para cá.

O buraco da Dita

         O buraco da Dita, né? É porque ela [Dita] morava do lado. Ela tinha...era ela, o filho (Antonio Bento) e uma neta, filha do Antonio Bento: a Benedita, que às vezes eu falo aqui em casa dela, era bonitinha pra danado! Foi embora. Casou com um português e não vortô mais pra Ubatuba. E a Dita faleceu aqui mesmo. Então, todo mundo olhava e... “Ah! O buraco da Dita, o buraco da Dita! Esse buraco da Dita vai saí na prainha”. Então eu dizia: “que diacho de buraco mais grande que vai vará de um lado pro outro!?” Mas não é não... é conversa do pessoá, né? Ainda tem lá o... Agora, na semana passada, eu passei de carro lá, olhei e disse assim: “Olha o buraco. O buraco da velha Dita tá ali. Ela se foi e o buraco ficou”.

Sobre o padre alemão (João) e a fábrica de beneficiar caxeta
(Nota-se neste momento que ele confundiu dois padres: o padre João e o frei Pio. Ambos foram empreendedores, mas viveram em épocas diferentes no século XX)
         Não alembro. Isso não sei. Sei que o padre João tinha um estaleiro no Ubatumirim. E de lá ele tinha um barquinho que trazia material pra cá, pra cidade. Às vezes até pessoa mesmo, de lá do Ubatumirim, vinha com ele no barco. Trazia farinha, trazia tábua, madeira... prá ca pra cidade... o padre João. Mas que tivesse fábrica de tamanco ali não.