terça-feira, 16 de setembro de 2025

A VIDA DE UMA CANOA

Maria Eugênia e vô Leovigildo

 
Maria e Célia - Arquivo JRS 

  Pouco mais de vinte anos separam as duas imagens acima. Na primeira, Maria Eugênia, criança ainda, sentada sobre a última canoa de capurubu talhada com esmero pelo vô Gildo, no jundu do Itaguá, no terreno na beira da estrada, no lado oposto ao rancho dos pescadores, próximo da rua Holanda Maia. Tenho quase certeza que aquela árvore foi o último capurubu do Itaguá. Na segunda, Maria e Celinha posam junto à canoa CERNE, na ocasião da corrida de canoas do festival Caiçarada 2025, na praia do Cruzeiro, a Yperoig do povo Tupinambá.

    CERNE é aquela canoa talhada no grande capurubu por meu saudoso pai. Segundo André Damásio, hoje ela pertence ao Nélio, caiçara da Barra Seca, um dos remadores de destaque dessa geração que busca preservar a cultura caiçara.  Não  é emocionante ainda poder apreciar um traço cultural deixado por nosso pai? Não nos comove ver jovens remadores em suas potentes remadas abrindo a água e ganhando posições em tão singular canoa?

    No momento da segunda foto, contei ao André, Maria e Celinha que, na primeira travessia daquela canoa, eu remei com meu pai e o "Major". Foi uma procissão marítima, idealizada pelo Ney Martins, cujo percurso era capela do Itaguá -  porto do Cruzeiro. Era uma tarde de mar revolto, frio e com ventania regular. 

       Vida longa à canoa CERNE e à tradicional corrida de canoas do povo caiçara!

 

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