quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

CAPIM SANTA LUZIA

 

Capim milagroso - Arquivo JRS 

   Santa Luzia, na religiosidade católica, é a protetora da visão, dos olhos. Ela era italiana, de Siracusa. Viveu no século IV e foi martirizada no começo do século seguinte, em 404. Minha vó Martinha contava que ela distribuiu sua herança com os pobres e se recusou a casar porque preferiu se consagrar a Deus. Naquele tempo de tantas barbáries era comum a perseguição aos cristãos. “Na frente do homem que estava maltrando, forçando para que aceitasse outros deuses, ela preferiu arrancar os olhos. Por isso é que rezamos a ela para proteger os nossos olhos, a nossa vista. Dia 13 de dezembro é a festa dela. Quando eu era criança, na praia do Pulso, a festa de Santa Luzia era na casa do tio Cesário”. Eu achava uma história triste, de terror. Com o passar do tempo é que fui entendendo mais coisas nesse assunto. 

    Vovó, caiçara de Ubatuba, mostra bem clara da linda miscigenação do povo brasileiro, entendia de plantas, sabia dos poderes das ervas. Numa ocasião, quando o mano Jairo estava com alguma doença atrapalhando a visão, vovó foi quem o socorreu recorrendo ao capim Santa Luzia. É fácil usar essa gramínea que é farta não só nas terras arenosas do litoral. Basta retirar a sua fina haste e ir espremendo até aparecer uma gota líquida transparente na ponta. No fim, pinga essa gota nos olhos, tal como o colírio que se compra nas farmácias. É tiro e queda; tá aí o meu irmão para testemunhar o milagre de Santa Luzia!

      Dias desses, ao visitar o meu irmão e familiares, ganhei uma muda de goiabeira. Junto veio um capim Santa Luzia. Com certeza será bem cuidado para se alastrar em outras terras. 

  Viva a sabedoria popular!        Viva a religiosidade do nosso povo!

Um detalhe: enquanto ia vasculhando os espaços em busca do tal capim, vovó seguia repetindo este refrão:  “Santa Luzia passou por aqui com seu cavalinho comendo capim”. 

Vô Estevan e vó Martinha - Arquivo JRS 

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

DIA DE ALEGRIA

Rosa da Maria - Arquivo JRS



Gal e as cachorras - JRS


Menina na roça;

Moça estudante;

Mulher professora;

Companheira lutadora.

Eis a minha Gláucia 

Que hoje aniversaria

E bravamente segue cada dia.


A parceira agora repousa,

Repõem as forças

Para um novo amanhecer.

Nossa Maria e nosso Estevan

Seguem em suas lidas,

Reconhecem a mãe-guia.

Hoje a nossa Gal aniversaria. 


Viva a nossa alegria!

Viva a nossa família!

Viva este grande dia!

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

COINCIDÊNCIAS

 

Eu e Celina - Imagem Maria Eugênia 

Camiseta - Arquivo JRS 


     Alguns dias depois de eu ter escrito sobre a filha corada do Curruíra Velho, me deparei com uma mulher que me reconheceu de outros tempos. Na verdade, ela conheceu bem o meu pai. Então...me achou muito parecido com ele. “Você é filho do Gildo Carpinteiro?”. Em seguida se apresentou, me refrescou a  memória: “Eu sou a Carla, filha caçula do Mauro Simões, do Perequê-mirim. Ele já é falecido. Minha mãe é Francisca, filha do Chiquinho Curruíra, da praia da Enseada. Eu sou neta dele. Há quinze anos me mudei para a cidade de Cruzeiro, no Vale do Paraíba. Minha  mãe mora comigo”. Depois disso a prosa correu solta. Eu me recordei dela: era uma criança linda, morena, de cabelos louros e cacheados. Tinha outras duas irmãs e um irmão. “Vou ficar em Ubatuba apenas alguns dias, vim visitar uma comadre que mora na Cachoeira dos Macacos. Já não sinto alegria nesta cidade porque tá tudo muito diferente, as praias e rios estão sujos, as pessoas são estranhas, quase não encontro gente conhecida, os prédios estão tomando os espaços...”.

    Depois desse reencontro, passando de carro pela serra de Ubatuba, vindo de Taubaté, me recordei de um acontecimento triste ocorrido na minha adolescência: o pai da minha amiga Celina Okase foi assassinado quase na divisa do município. O Seo Keite Okase era taxista. Provavelmente o contrataram para uma “corrida” e o mataram na beira da estrada, em plena Mata Atlântica.   Era meados da década de 1970, estudávamos na 6ª série, no Ginásio Capitão Deolindo. Triste, né? Então...estando dias desses olhando o mar com a minha filha, bem ali na praia do Cruzeiro, quem apareceu? A Celina! A estimada Celina Okase!

   Há anos a Celina se encantou com o primo Tiãozinho Mesquita. Agora são comerciantes no Perequê-açu. Foi ótimo reencontrar a Celina, saber notícias de pessoas queridas, ter uma boa prosa  e poder apresentá-la à Maria Eugênia. É isto: boas coincidências renovam nossas energias!