sexta-feira, 14 de junho de 2024

EU TENTO

   

Sol despontando - Arquivo Clóvis

  Eu  começo a escrever pensando nos muitos aspectos da cultura caiçara possíveis de serem abordados, mas me descontrolo e me volto à manipulação religiosa reinante - e prejudicial! - entre o meu povo. Me pergunto da razão de tantos diferentes locais de oração existirem nos bairros pobres. Alguns são templos enormes, mas muitos são cubículos improvisados onde antes funcionava uma quitanda, um brechó, uma bicicletaria etc. Reconheço que há picaretas, pilantras se aproveitando da fé da nossa gente na maioria das denominações religiosas. Pastores, padres e outros dependem da fé deste meu povo no sagrado, mas nem todos eles estão a favor dos fiéis que os sustentam. Deve-se sim “separar o joio do trigo”, “retirar a batata podre do meio das outras”, punir esses mercenários da fé. Por outro lado, é louvável todas as lideranças religiosas que, sob influência da teologia da libertação e outras de semelhante teor, atuam por toda parte, se tornam essenciais nos movimentos de resistências populares (sem-teto, sem-terra, minorias sociais etc.); são elas que dão uma real luminosidade às multidões desamparadas que se apegam à religião a fim de se decidirem por valores a serem seguidos na orientação de suas vidas.

    Na minha concepção, a arte e a cultura, por estarem num plano superior, podem aclarar opções individuais, motivar ações solidárias e atuações políticas aos grupos e indivíduos que resistem a todo tipo de tirania, a toda forma de opressão. Faço apelo aos fiéis da nossa terra: Sejam honestos, tenham a vida como farol. Sintam vergonha de apoiar esses Filhos do Coisa Ruim que se transvestem de religiosos, de demagogos da politicagem. É uma decisão humanitária não estar como adeptos de quem, descaradamente, deseja negar a vida digna para nós, maioria da população. Consta que o inspirador do cristianismo falou: “Eu vim para que todos tenham vida; que a tenham em abundância”. Outras vertentes religiosas também têm inspirações excelentes. Que bom seria reavivar estas por todos os momentos da nossa vida! A nossa geração e as vindouras precisam viver num mundo melhor. Recriar o paraíso aqui é desafio antigo. É parte do ser humano querer uma vida melhor, sem sofrimentos.

  Pensemos seriamente na responsabilidade que temos. Nem a cultura caiçara e nenhuma outra resistirão se escolhermos o caminho errado (que é largo, cômodo, individualista, tentador e por aí vai).

 


2 comentários:

  1. Que bom, Zé, que você ainda tem esperança! Quanto a mim, já não acredito que essses fiéis aos quais você apela possam ter algum resquício de honestidade e bom senso.

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    1. É um recurso derradeiro que insiste em nosso ser, amigo. Grande abraço a você e aos seus.

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