domingo, 16 de junho de 2024

À DIREITA

 

Vela se consumindo - Arquivo JRS

      A Europa que, em meados do século deixou para trás a onda nazifascista, substituindo-a pela democracia, agora, setenta anos depois, retorna aos braços desse fragelo da extrema direita política. São péssimas as notícias das terras de além-mar que chegam até nós. Os faróis se confundem, apagam, levam embarcações a sinistros; o mar não está navegável, mas os sobreviventes resistem porque a vontade de viver com dignidade é ainda maior, se apegam à luz da vela que ainda não se apagou, ao facho do farol que resiste às tempestades.  Só que é assustador ver pessoas se voltando contra a proteção social via sistemas públicos, universais e gratuitos de saúde, educação e segurança social; desejando o espezinhamento até a morte de seu semelhante empobrecido por um sistema econômico cruel adotado no mundo. Essas pessoas dizem com empáfia: “Dane-se a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Quem puder mais que chore menos”. Por decorrência lógica, apoiam genocídios praticados por governantes cruéis que almejam varrer da Terra povos inteiros, extinguir pátrias milenares, se apoderar de bens em lugares impensáveis etc.

      Pior de tudo: o nazifascismo cresceu seus tentáculos mundo afora, afetou o meu povo e o coloca contra a democracia, a favor da tirania contra os pobres. Triste ver desvanecerem as esperanças juvenis, os alentos aos mais idosos, os sonhos de reforma agrária, dos direitos dos povos indígenas, dos quilombolas e de todas as minorias sociais. Dá-se adeus aos direitos trabalhistas conquistados com tantas lutas e mártires. As leis ambientais, brotos ainda tenros, estão sob pisadas de usurpadores do bem público, de poucos que cobiçam o patrimônio brasileiro. Quem defende a nacionalização das empresas agora é taxado de reacionário. Os faróis se confundem, apagam...Embarcações afundam, parecem anunciar a nossa ruína enquanto humanidade.

     Quem sofre mais com isso tudo? A juventude! As novas gerações que vão despontando na minha terra e em países distantes! Certamente que o remédio não está no neoliberalismo. A minha cultura caiçara e tantas outras que fazem a beleza da diversidade terrestre correm riscos, podem desaparecer sob esses tentáculos medonhos. Ousemos pensar frente a este mundo que está girando à direita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário