sexta-feira, 14 de julho de 2023

FOI EMBORA

 

Akamaru na casa - Arquivo nosso


Foto: Maria Eugênia


     Akamaru foi o nome que Maria e Estevan deram ao pequeno cachorro que fomos  buscar na casa da Madalena, na Pedreira Baixa. Era uma bolinha preta encrespada com trinta dias de vida. De início ficava na varanda, fazendo a festa pra lá e pra cá, depois ganhou casinha no quintal: todo o espaço era dele. Disputava as jabuticabas com os passarinhos, se escondia no quarto de ferramentas, virava mudas de plantas porque era estabanado e curioso. Latia em tudo, fazia buracos, pulava em todo mundo que se aproximava. Adorava visitas!


     Akamaru envelheceu, estava para completar dezesseis anos. Segundo o rapaz da loja de medicamentos, essa idade equivaleria a cento e doze dos nossos. Portanto, a nossa companhia, o nosso fiel amigo era um ancião. Fazia tempo que já não enxergava, mas nunca esqueceu de ser carinhoso, de fazer festa com a gente. Tinha aquela tosse que os mais antigos chamavam de “tosse de cachorro velho”. De uns dias para cá a tosse estava lhe castigando, mas a veterinária não notou nada de anormal nos exames. Receitou uns remédios que nem tiveram tempo de fazer efeito.

    Ontem, no meio daquela crise toda, Akamaru saiu pelo quintal sempre acompanhado pela Maria Eugênia. Até na parte da frente, onde eu fazia uns trabalhos de mosaico, ele apareceu bem fraco das pernas. Naquele momento eu pensei: “Está se despedindo do quintal o nosso querido cachorro”. De fato, na hora do remédio, um pouco antes das 18 horas, findou o sofrimento dele. Aquela respiração sofrida deixou de acontecer. Nós choramos.

    Hoje o dia amanheceu faltando alguém que tinha o costume de chamar no portal da varanda, de estar dizendo que queria alguma coisa. Agora me lembrei que ele era o primeiro a dar sinal que eu estava chegando do trabalho tarde da noite. Nós continuaremos a sentir falta da presença dele, da fidelidade dele, da festa que fazia a de cada momento que íamos ao quintal. Akamaru foi embora, mas deixou as boas lembranças para a nossa família.




Foto: Maria Eugênia

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